Maria Barbieri aos 80 anos: a cosmopolense que nasceu no mesmo ano da emancipação da Cidade Universo

Sempre com um sorriso no rosto, é otimista dizendo que tudo pode melhorar um dia e que as batalhas são temporárias e podem nos ensinar muito

9 de agosto de 1944. Há exatos 80 anos, no bairro da Nova Campinas, nascia a filha de Olívia e Gino Barbieri: Maria Auta Barbieri.

Sua própria história se confunde com a emancipação da Cidade Universo da grande Campinas. Nasceu nas vésperas do começo do desenvolvimento de Cosmópolis, e acompanhou importantes marcos e conquistas da cidade. Suas vidas evoluíram juntas e hoje caminham para sua oitava década.

Com 12 anos, Maria se mudou com a família da rural Nova Campinas para a jovem Cosmópolis. Na Rua Francisco Cezário de Azevedo, morou com seus pais e dez irmãos, onde seu pai também passou a ter um bar. Na mesma rua, havia pés de laranja e algodão, e a cidade “era tudo terra, pasto, nada de asfalto”. Na Avenida Ester, ia para “telefonar” e tinha a resposta apenas no dia seguinte. A televisão de tubo foi substituir o rádio depois de muito tempo na casa conhecida pelas balas de coco da Dona Olívia…

Quando jovem, marcou época no Carnaval da Usina e nas noites dançantes do tradicional baile do Mútuo Socorro, onde ia com sua prima Matilde. Seu cantor preferido era Tonico & Tinoco, com quem até tirou uma foto numa visita na cidade. Seu permanente era marca registrada de seu estilo. Eternizado em seu baú de memórias, era retrato da moda na década de sessenta.

Já adulta, cortou cana-de-açúcar na Rhodia, Usina Tabajara, Usina Ester e Salto Grande, além de apanhar algodão em Artur Nogueira. Dizia que o maior saco de algodão no final do dia era o seu. A água para beber ficava quente no sol do meio dia. A vida na roça era muito dura, e hoje se impressiona com tantas tecnologias e como o campo se transformou. Quando tudo parecia muito difícil, mas ao mesmo tempo muito simples…

Depois de casada, Maria se muda da Rua dos Expedicionários para o mais novo empreendimento residencial da cidade: a Cohab, Conjunto Habitacional Vila Nova, onde mora há 53 anos. Hoje é uma das únicas de sua rua a viver ali desde o início da “Popular”. Não havia muros entre os vizinhos, e emprestar açúcar era muito fácil: só passar pela cerca de madeira ou chamar rapidamente da janela as tantas comadres que teve e tem ali.

Maria tem 3 filhos: Vanderlei (55), Fabiana (49) e Izabel (45). “Auta” de sobrenome e baixinha de estatura, soube educar pelo exemplo e hoje é a matriarca da família Alves-Barbieri, querida e admirada por diferentes gerações. Dedicada, sempre pensou no que era melhor e transferiu todo seu amor de mãe para seus dois netos: Pedro Henrique (24) e Maria Victória (11).

Uma de suas maiores paixões é o bingo, jogo esse que a acompanha todos os fins de semana junto com sua irmã Nuri. Sua presença é garantida nas tradicionais quermesses da cidade e é pé quente nas prendas. Depois dos seus filhos e netos, é sua alegria e motivação para a sexta-feira chegar mais rápido.

Devota de Nossa Senhora Aparecida (e vizinha da Paróquia), agradece pelo novo dia e pede proteção pelos seus. Sempre com um sorriso no rosto, é otimista dizendo que tudo pode melhorar um dia e que as batalhas são temporárias e podem nos ensinar muito. Uma das suas inspirações de longevidade é sua avó paterna, Alzira Barbieri, que inclusive teve uma festa organizada pela Prefeitura no Jardim do Coreto quando completou 104 anos.

Não é difícil de encontrar algum cosmopolense ou negócio que a teve como diarista. Também foi zeladora por 13 anos no Condomínio São Paulo, querida pelos moradores, que guardam um carinho especial até hoje e várias vezes pediram por sua volta.

Na sua casa, faz questão de deixar tudo em ordem e até pouco tempo atrás trabalhava fora com a mesma energia e disposição de sempre, limpando casa ou passando roupa. Se movimentar nunca foi um problema: sua independência, coragem e resiliência servem de inspiração para correr atrás dos nossos sonhos. Sonhar não tem idade e Maria ainda tem muitos planos pela frente.

Depois de 80 anos, “Envelhecer na Cidade” certamente não cabe numa página: Vó, que esse novo ciclo te traga momentos felizes e muita saúde, e que você continue sendo inspiração e fortaleza para todos nós.

Essa homenagem é para que todos conheçam um pouca sobre quem é você, e não chegaria perto da nossa gratidão por ter essa calmaria, sabedoria e força presente em nossas vidas todos os dias.

Que sorte a nossa e de Cosmópolis de contar com essa mãe, avó, irmã, amiga e cidadã de mão cheia.

Te amo!

Pedro Henrique e Família