Ela já morou em Cosmópolis por três anos e também estudou no Gepan
Em um momento em que muitas das relações são mediadas por interações online, será que o ser humano ainda consegue encontrar o amor longe das telas? O reality ‘Casamento às Cegas’, idealizado pela Netflix, coloca participantes em busca do amor pelo modo tradicional: através de uma boa conversa, deixando as aparências de lado, algo que é extremamente valorizado nos dias de hoje. Marilia Pinheiro (38) é paulista e passou grande parte de sua vida em Cosmópolis com sua família e amigos. Neste ano, a paulista participou da última edição do reality, que mantém telespectadores ao redor do mundo, visto que, além da edição Brasil, o serviço de streaming também conta com temporadas nos Estados Unidos, Japão e Espanha.
O programa que promove o envolvimento amoroso entre homens e mulheres sem troca de olhares conta com quatro temporadas e um elenco diverso. “Comecei a acompanhar um produtor do programa, sempre ficava ligada no que ele postava no Instagram, e além disso, eu ficava de olho no pessoal que estava marcado nas publicações também”, explica Marília sobre o processo seletivo para compor o elenco da quarta temporada. Além da busca por participantes nas redes sociais, o processo durou aproximadamente dois meses, sendo necessários até cuidados com a saúde dos participantes, visto que exames de sangue foram solicitados durante o processo.
Buscar o amor sem a troca de olhares não é uma tarefa fácil, entretanto, com essa experiência, outros mecanismos são ativados, fazendo com o que o processo se torne ainda mais especial – a imaginação e a idealização acompanham os participantes durante todo o ‘jogo’ do amor. “Entrei com a cabeça aberta, aliás, só vivemos uma única vez, e é nessa que conseguimos uma boa história para contar”, conta Marília.
Em condições normais, apostar as fichas em um relacionamento já é considerado algo arriscado, mas talvez inevitável visto que apenas 4 em cada 10 pessoas já usaram algum tipo de aplicativo de relacionamento de acordo com uma pesquisa do PoderData. Mas em condições isoladas como em um isolamento social com câmeras capturando todas as suas expressões, se torna uma aposta ainda mais arriscada, da maneira que os recursos que poderiam ser utilizados do lado de fora não estão disponíveis para serem consultados. “Lá dentro, conseguimos viver com o coração, é muito mais intenso, não temos o Instagram ou uma amiga, por exemplo, para ajudar em uma busca online. Acredito que emocionada eu sou, mas lá dentro… talvez seja um pré-requisito para viver a experiência de forma profunda”, acrescenta Marília.
Estar presente com os amigos e a família é algo comum e corriqueiro no dia a dia, assim como a liberdade que
conquistamos com o passar dos anos. Entretanto, ao estar em um reality show, por exemplo, a liberdade é datada, as regras são essenciais para o programa sair como planejado, aliás, onde estaria o clímax do programa se os ‘personagens’ quebrassem com o isolamento?
Para Marília, o pós-reality trouxe lições valiosas, dentre elas ter a noção da liberdade que conquistou foi uma delas. “O confinamento foi difícil, imaginei que seria mais, mas deu tudo certo. Porém, a sensação de poder ir visitar minha família a qualquer momento não tem preço. Voltar para Cosmópolis, dar um abraço na minha avó, por exemplo, é algo que posso fazer a qualquer momento, mas lá eu não podia ter essa liberdade”, conta.
E o casamento?
Durante a temporada, inúmeros casais se envolveram romanticamente separados em cabines, até que o pedido fosse feito e eles conseguissem se encontrar. Marília escreveu sua história com Patrick – além de terem gostos em comum, moravam perto, um ponto importante para a paulista, visto que o trânsito da terra da garoa é característico e desafiador. “Tenho carinho pela história, mas não nos casamos, tivemos nossas diferenças e não rolou. Cada um segue sua vida, não costumo ser amiga de ex, afinal, se eu quiser reviver esta história posso dar play na Netflix”, finaliza.
Vinícius Affonso