Melhor que Dia das Mães é ter duas para amar: conheça a família de Aline e Ana Carolina

Enzo e Júlya contam orgulhosos a sensação de ter duas mamães nesta data tão especial

Para os filhos de casais lésbicos, Maio tem dois dias das Mães ou, melhor dizendo, um dia das mães em dose dupla. Ana Carolina Rodrigues Paes, de 19 anos, e Aline Silva Prado, de 30, têm um relacionamento estável há mais de 5 anos e a comemoração deste dia especial na família que elas construíram é, de acordo com elas, multiplicada por 2, com uma sensação única de amor e amizade no lar.

Natural
Aline, que é a mãe biológica das crianças, conta que Enzo e Julia sempre entenderam que possuem duas mães. “Desde o comecinho… Lá no início, nós achamos um pouco difícil conversar com eles sobre o assunto, contudo, acabou acontecendo tudo de forma natural. A Ana sempre foi minha amiga, então, da mesma forma que eu demonstrava carinho com eles, demonstrava com ela, ela comigo e ela com eles; então, sempre foi muito normal. Nós nunca precisamos chegar de forma metódica para falar como acontece, porque, naturalmente, eles sempre foram entendendo”.

A revelação
Ana também relata a história. “Até que um dia, na brincadeira, comentei que era namorada da mamãe! E pra nossa surpresa, eles agiram muito normalmente, entenderam perfeitamente, foi muito natural. Cert

o dia, o Enzo chegou a me corrigir quando eu me referia a mãe dele como amiga em determinado lugar e falou ‘Hey, você não é amiga da mamãe, Ana, você é namorada!’ e isso quando era muito novinho, com 3 aninhos de idade apenas”.

A referência de mãe
Enzo e Júlya fazem questão de dizer que têm duas mamães. De acordo com Ana Carolina, ambos, naturalmente, passaram a chamá-la assim… como mãe! “Nunca pedimos isso, nunca forçamos eles a nada, deixamos acontecer de forma natural e, hoje, nossa família se relaciona muito bem, somos mães dessas crianças e elas são apaixonadas por nós, nos respeitam igualmente”. Aline ainda brincou que, “inclusive

, me ameaçam, para não brigar com a Ana porque senão vão embora com ela!”, conta a mãe biológica em meio a gargalhadas e ainda confirma que “partiu deles, nunca falamos que ela estaria aqui no lugar de mãe, mas, eles sentiram isso com o cuidado, a atenção, o amor que ela sente por eles”.

Data especial
“O Enzo teve uma ap

resentação na escola, em especial ao dia das mães, e aconteceu na segunda-feira. Nós duas estivemos presentes. Mas, a Ana, por motivos profissionais, chegou um pouco atrasada. Era nítido o desespero dele em ver que a Ana não estava ali, não queria apresentar, procurava por ela… até que ele a viu passando pelo corredor e tudo mudou; ele sentiu que as duas mães estavam ali e poderia apresentar tranquilamente sua homenagem. Na dinâmica com as mães, ele não hesitou em abraçar as duas mamães presentes e está sempre feliz”.

Sociedade

“Alguns amiguinhos já tiveram a curiosidade de perguntar a eles ‘o que nós somos’. Já vimos uma explicação deles dizendo que somos companheiras e casadas e as duas mamães deles, mas de uma forma tão tranquila, tão tranquila, que ficamos encantadas, e a naturalidade deles deixou as outras crianças muito tranquilas também, fazendo a situação ser completamente normal. É um alívio”.

Emoção
“O que achamos mais bon

ito é a referência de nós duas entre eles. Às vezes, um fala: ’é da minha mãe’ e o outro rebate ‘estou falando da outra mãe’. Ficamos apaixonadas quando vemos o orgulho que eles têm em dizer que possuem duas mães! Nos emociona muito”.

Crianças dedicadas
“Sempre tivemos muito o respeito da escola das crianças. Sempre fomos muito parabenizadas pelo bom desempenho das crianças, material limpo, crianças educadas e bem comportadas. Em reuniões, tudo muito explicado e muito respeitoso com as duas mães do Enzo e da Júlia. No início de tudo, fui explicar a situação para os professores, e que eles tinham duas mães; então, deveriam se atentar que eu mandaria dinheiro de lembrancinha, nesta época, em dose dupla e pedi para que se atentassem caso algo ou comportamento dos amigos incomodasse eles, pois, queria ser comunicada. Mas, nunc

a aconteceu. Graças a Deus, somos muito bem amparadas no âmbito da educação em Cosmópolis”.

Respeito

“Acho que o preconceito é isso, é julgar sem conhecer, formar o conceito sem nenhuma base. Acreditamos que o relacionamento homossexual é muito relacionado à promiscuidade na cabeça das pessoas do tipo: ‘um ca

sal de filhos não pode ter uma boa educação por mães ou pais do mesmo sexo’. Gostaríamos que as pessoas soubessem, não precisa ser nem metade, do respeito, do conceito de lar e família que temos aqui em casa. Nossas crianças têm mães que zelam muito pela educação, formação, respeito e caráter delas para que sejam adultos e pessoas de bem futuramente”.

A Mãe de coração
“Eles são apegados ao ponto de trocarem festa para ficarem comigo em casa, eles me respiram e nosso lar, com certeza, tem um sentido multiplicado de dia das mães, principalmente, nesta data tão especial. Como vi em uma propaganda recentemente o slogan ‘Me disseram que eu nunca poderia ter filhos, só não me disseram que eu poderia com certeza ser mãe!’. Sempre tive o desejo de ser mãe, tive problemas familiares quando mais nova, então, sempre tive esse desejo, de poder cuidar de alguém e oferecer, em sentimento, tudo que um dia me faltou”, finaliza Ana Carolina.

A troca de presentes
“A troca de presentes é assim: eles me falam o que querem dar de presente para a Ana e eu ajudo. Eles contam para a Ana o que querem me dar de presente e ela ajuda também… Tudo muito divertido e especial! Eles negociam entre eles o que querem dar para cada uma das mães”.