Em dez anos, taxa de detecção da doença caiu 42%, que é mais frequente nas regiões norte, nordeste e centro-oeste. Hanseníase tem cura e o tratamento é ofertado gratuitamente no SUS
O Ministro da Saúde, Ricardo Barros, lançou nesta quarta-feira (31) em Belém/PA, a Campanha Nacional de Luta Contra a Hanseníase 2018. As peças da campanha, que serão veiculadas nacionalmente, trazem o slogan Hanseníase: Identificou. Tratou. Curou. O objetivo é alertar a população sobre sinais e sintomas da doença, estimular a procura pelos serviços de saúde e mobilizar profissionais de saúde na busca ativa de casos, favorecendo assim o diagnóstico precoce, o tratamento oportuno e a prevenção das incapacidades.
”Gestores, população e profissionais da saúde precisam se unir para apoiar quem precisa do tratamento. Quanto mais rápido o diagnóstico, mais eficaz é o tratamento, por isso os portadores da doença devem buscar os serviços de saúde assim que notarem sinais ou sintomas da doença”, reforçou o ministro Ricardo Barros durante o lançamento da campanha.
O governador do Pará, Simão Jatene, enfatizou que é preciso juntar esforços para enfrentar a doença. “As três esferas do governo em conjunto com a sociedade devem se unir para enfrentar a doença. A população deve se conscientizar que o tratamento adequado é o melhor caminho para a cura. Com um esforço coletivo vamos avançar na diminuição de casos de hanseníase”, afirmou.
O público prioritário são homens na faixa etária entre 20 e 49 anos, parcela da população com maior número de casos diagnosticados. Também deve ser dada atenção especial ao público idoso, por se tratar de um grupo com alta taxa de detecção de casos novos com grau 2 de incapacidade físicas (incapacidades visíveis) causadas pela hanseníase. Para alcançar essa população, a sensibilização entre profissionais de saúde será fundamental, bem como a busca ativa de casos novos em espaços de convivência (ambiente domiciliar e social).
A campanha publicitária também enfatiza a importância de examinar as pessoas que convivem ou conviveram de forma continua e prolongada com os casos diagnosticados. Também alerta à população para buscarem os serviços de saúde ao menor sinal da doença, pois a transmissão se dá de uma pessoa doente sem tratamento para outra, por meio das vias aéreas. Em 2017, foram examinados 77,4% dos contatos registrados.
O enfrentamento da hanseníase baseia-se na busca ativa de casos novos para o diagnóstico precoce, tratamento oportuno, prevenção das incapacidades e investigação dos contatos, como forma de eliminar fontes de infecção e interromper a cadeia de transmissão da doença. O diagnóstico e o tratamento são ofertados pelo SUS, disponível em unidades públicas de saúde.
BOLETIM – Em dez anos, o Brasil apresentou uma redução de 37,1 % no número de casos novos, passando de 40,1 mil diagnosticados no ano de 2007, para 25,2 mil em 2016. Tal redução corresponde à queda de 42,3% da taxa de detecção geral do país (de 21,19/100 mil hab. em 2007 para 12,23/100 mil hab. em 2016). Do total de casos novos registrados, 1,6 mil (6,72%) foram diagnosticados em menores de 15 anos, sinalizando focos de infecção ativos e transmissão recente, e 7,2 mil iniciaram tratamento com alguma incapacidade.
Em 2016, 2.885 municípios diagnosticaram casos novos de hanseníase no Brasil. Desses, 591 municípios diagnosticaram casos em menores de 15 anos, sinalizando focos de infecção ativos e transmissão recente. O país registrou 25.218 casos novos da doença, com taxa de detecção de 12,23 por 100.00 habitantes, considerado de alta endemicidade. Do total de casos novos registrados, 1.696 (6,72%) foram diagnosticados em menores de 15 anos e 7.257 (28,8%) iniciaram tratamento com alguma incapacidade física.
Quanto à distribuição por sexo e faixa etária, em 2016, do total de casos novos registrados no Brasil, 13.686 (54,2%) foram na população masculina. Desses, 6.233 (45,5%) casos foram diagnosticados na faixa etária de 20 a 49 anos de idade e, 3.422 (25%), na faixa etária de 60 anos ou mais. Em 2017, dados preliminares apontam 24.209 casos novos diagnosticados no país.
Conforme dados preliminares de 2017, o estado do Pará, escolhido para receber o lançamento nacional da campanha, é o terceiro em número de casos novos da doença País, com 2.359 casos diagnosticadas, perdendo apenas para Mato Grosso (3.167) e Maranhão (2.715). Além disso, o estado do Pará é o primeiro em número de casos novos na Região Norte, e segundo em casos menores de 15 anos no país (213), quinto em taxa de detecção geral (28,2/100 mil hab) e em taxa de detecção em menores de 15 anos (8,96/100 mil hab).
PROJETO ABORDAGENS INOVADORAS – A redução da carga da hanseníase é uma das prioridades do governo federal, portanto, esforços conjuntos entre União, estados, municípios e parceiros se fazem necessários para ampliação de ações estratégicas.
Uma das ações implantadas pelo Ministério da Saúde, em parceria com a OPAS/OMS, Instituto Lauro de Souza Lima (ILSL), Movimento de Reintegração das pessoas Atingidas pela Hanseníase (MORHAN) e apoio da Fundação NIPPON do Japão, é o Projeto Abordagens Inovadoras para intensificar esforços para um Brasil livre da Hanseníase, com duração de três anos (2017-2019). Esta ação ocorre em 20 municípios dos estados do Maranhão, Mato Grosso, Pará, Pernambuco, Piauí e Tocantins, os quais apresentam elevado número de casos novos em crianças, um dos critérios de seleção.
O projeto prevê capacitação dos profissionais de saúde na Atenção Primária; ampliação do trabalho para detecção de casos novos; fortalecimento dos centros de referência; redução da proporção de casos novos com grau 2 de incapacidade física, por meio do diagnóstico precoce e ações de prevenção de incapacidades; e enfrentamento do estigma e discriminação contra as pessoas acometidas pela doença.
O Ministério da Saúde também realiza, em parceria com estados e municípios, busca ativa de casos novos de hanseníase em alunos matriculados no ensino fundamental de escolas públicas, na faixa etária de 5 a 14 anos, para o diagnóstico precoce e tratamento nas unidades básicas de saúde. O tratamento é fornecido gratuitamente nas unidades básicas de saúde do SUS.
SOBRE A DOENÇA – A Hanseníase é uma doença crônica, transmissível e de notificação compulsória. Possui como agente etiológico o Mycobacterium leprae, capaz de infectar grande número de indivíduos (alta infectividade), apesar da baixa patogenicidade (poucos adoecem). Tem predileção pela pele e nervos periféricos, podendo cursar com surtos reacionais intercorrentes, o que lhe confere alto poder de causar incapacidades e deformidades físicas, responsáveis pelo estigma e discriminação às pessoas.