Há meses, nenhuma linha de transporte público passa pelo local, mesmo havendo um contrato
Cinco quilômetros em estrada de terra e sob muita poeira é o que os moradores do bairro rural Uirapuru, de Cosmópolis, precisam andar para chegarem próximos da Rodovia Professor Zeferino Vaz – SP332. A situação é motivo de reivindicação antiga dos moradores, que não possuem mais transporte público no local e sequer obtiveram explicações da Prefeitura Municipal de Cosmópolis ou da empresa Campestre, que possui a concessão do transporte púbico do município sobre o motivo real que levou a esse problema.
Duas moradoras da região falaram com nossa equipe de reportagem sobre o problema que vem se arrastando há meses, mas que, segundo elas, nunca é solucionado. Marina Lopes de Almeida Mafra, além de moradora, é comerciante no local e afirma que, antes das linhas de ônibus pararem definitivamente de circular no bairro, já havia redução de horário. “Antigamente, havia três horários. Manhã; horário próximo do almoço; e fim de tarde. Algum tempo depois, um desses horário foi reduzido e os ônibus, que por sinal, sempre são os mais sucateados, nunca iam até o fim da linha. Passaram a circular a escola e voltar, mesmo havendo muitos moradores quilômetros abaixo deste ponto”, afirmou ela.
Outra moradora, Thaís Helena Fuchs da Silva, desabafa dizendo que, até mesmo um grupo no WhatsApp entre os moradores foi criado para que pudessem se comunicar e, moradores com carro que casualmente viriam ao Centro da cidade oferecessem carona aos outros. “Cansamos de protocolar pedidos, pedir ajuda para vereadores. Acionamos canais de televisão que, inclusive, estiveram aqui. De todas as formas tentamos, mas, neste momento, só temos uns aos outros, oferecendo carona, quem pode”.
Ainda segundo as moradoras, muitos caminhões e carros acabam atolados e até tombando em dias de chuva no bairro, visto que o local precisa de uma raspagem, tamanha altura da terra que, quando encharcada, se torna uma ‘cilada’ para motoristas e pedestres.
Thaís também questionou sobre os serviços prestados pela concessionária. “Quando vinham, o valor da passagem era de R$ 5,00, preço de intermunicipal, o que já é injusto com um bairro que possui uma população muito carente. Gostaríamos de entender esta concessão. Já nos afirmaram até que não buscam o pessoal daqui porque são poucos que utilizam e significávamos ‘prejuízo’ para a empresa. Isso é um tapa na cara da população, que paga IPTU e impostos como qualquer outro bairro da cidade e possui tantas necessidades a serem sanadas!”, desabafou mais uma vez.
O assunto da falta de transporte público há meses no bairro Uirapuru já se tornou pauta na Câmara de Vereadores e um dos parlamentares fez até um vídeo evidenciando a situação do local e pedindo ajuda do poder Executivo. Até mesmo foi proposto um veículo da Prefeitura pelo menos duas vezes por dia para buscar a população que necessita vir para a região urbana.
Prefeitura Municipal de Cosmópolis
Entramos em contato com a assessoria de imprensa da Prefeitura Municipal de Cosmópolis, com os seguintes questionamentos:
“De acordo com moradores do bairro, a empresa alegou para uma emissora de Televisão, em direito de resposta, ter poucos passageiros no bairro, o que gera prejuízo para a empresa. Desta forma, o impasse ficaria no contrato da concessão. Poderiam nos esclarecer, por gentileza, se neste contrato não há nenhuma cláusula que garanta o direito do morador de ser assistido pela concessionária contratada e que é paga independente da quantidade de moradores que venham usar do transporte. Ela é paga por bairro?”
Contudo, a Prefeitura de Cosmópolis não se manifestou sobre o caso e não respondeu a nenhum de nossos questionamentos.
Concessionária Campestre
Também entramos em contato com a empresa Campestre com os seguintes questionamentos:
1- Porque não há mais linhas de transporte público no bairro?
2- Há intenção de retorno dessas linhas?
3- Como os moradores do local ficarão assistidos?
4- Existem dificuldades da empresa no acesso ao bairro?
5- Qualquer informação adicional será bem-vinda.
Porém, a concessionária também não se manifestou sobre o assunto e não respondeu aos nossos questionamentos.