Moradores do ‘Bonsucesso 2’ acordam assustados com estrondo no condomínio

Há grandes buracos, pontos de alagamento, infiltrações nos apartamentos, bolor e muitos trincos nas paredes, calçadas e pilares

Na manhã de segunda-feira, 04, moradores do Condomínio 2 do Residencial Bonsucesso, região dos ‘predinhos’, acordaram assustados, segundo eles, com um estrondo na parte térrea do condomínio. Ao descerem para checar a situação, puderam notar que parte da calçada cedeu, ocasionando desnível e trazendo à tona a antiga preocupação de uma possível mina d’água sob as construções.

Moradores
Roseneide Neusa de Lima Silva, de 32 anos, é a síndica do prédio e afirma que, há anos, sofrem com os mesmos problemas, contudo, não há respaldo de nenhuma parte. “Prefeitura, construtora, até o banco financiador, mas, ninguém consegue nos ajudar!”, afirma.
Em uma visita breve no local, foi possível identificar que, em muitos pontos, realmente, há grandes buracos, pontos de alagamento, infiltrações nos apartamentos, bolor e muitos trincos nas paredes, calçadas e pilares.
Rubem Santana Magalhães, de 21 anos, é morador do condomínio e afirma que os buracos que cercam as bases dos prédios possuem pelo menos 1 metro de profundidade. “Quando coloco o cabo de uma vassoura, por exemplo, nestes buracos, ele se perde de vista. O problema é que esses ‘buracos’ estão, aos poucos, se tornando crateras, todos nas bases dos prédios, todos envolta do alicerce. Há quatro anos, desde que nos mudamos para cá, pedimos ajuda, mas, ao que parece, fomos jogados aqui e ninguém mais se responsabiliza por nada. Estão esperando uma tragédia”, comenta.
Outra moradora que se mostra indignada é Elizabete Barbosa Franco, de 66 anos de idade, que revelou estar extremamente preocupada com a situação. “Às vezes, penso em me mudar daqui devido ao medo. É triste nossa realidade em saber que os apartamentos estão trincados das paredes ao chão, que há muitos buracos. Existe uma água que corre no beiral e que não é devido a chuva, corre dia e noite, sem parar! Além disso, alguns apartamentos ficam completamente alagados quando chove. A calçada ter cedido na manhã de hoje foi o estopim para nossa preocupação. Fizemos muitas reclamações, chamamos todos os órgãos que deveriam ser os ‘competentes’, mas, ninguém assume qualquer tipo de responsabilidade.
Não é assim que funciona, ‘jogam’ a gente para morar e nos deixam a deriva. Ainda estamos pagando por tudo isso!”, enfatiza. Vale lembrar que os problemas são antigos, bem como as reclamações dos moradores sobre as mesmas preocupações de rachaduras, alagamentos, surgimento de água na incerteza de sua procedência e, desta vez, ainda mais buracos com certo grau de profundidade.

A Construtora
Entramos em contato com a construtora Brookfield, atualmente Tegra Incorporadora, e a empresa se manifestou da seguinte forma: “Com relação à reclamação de moradores sobre problemas de rachaduras, infiltrações, trincos e buracos na base dos prédios do Residencial Bonsucesso 2, a Tegra Incorporadora informa que tanto a empresa como a Caixa Econômica Federal não foram acionadas para manutenções dessa natureza. A Tegra reforça que, desde a entrega deste empreendimento, disponibiliza in loco, uma vez por semana, um técnico para solicitações e vistorias. Todos os condomínios possuem o contato telefônico para solicitações: (19) 3500-1578”.

A Financiadora
Entramos em contato com a Caixa Econômica Federal, porém, esta é responsável apenas pelo financiamento dos prédios e se limitou em dizer: “A CAIXA informa que o Residencial Bonsucesso, localizado em Cosmópolis, foi entregue em novembro de 2014 e, desde então, a construtora Brookfield manteve escritório contíguo ao residencial para os chamados de assistência técnica e o banco, por meio do Programa de Olho na Qualidade, disponibilizou um canal de comunicação para atendimento aos beneficiários. Os chamados abertos pelo Programa de Olho na Qualidade são encaminhados para a construtora responsável e esta é instada a se manifestar e a solucionar as ocorrências quando constatado vício construtivo, porém, em grande parte dos chamados foram constatados mau uso, ausência de manutenção e falta de limpeza. Quanto ao desgaste natural da edificação, compete ao condomínio implementar a manutenção adequada. A CAIXA esclarece que, diante das recentes reclamações, realizará, em conjunto com a Construtora e Síndicos, vistoria nos condomínios”.

A Prefeitura de Cosmópolis
Em contato com a Prefeitura Municipal de Cosmópolis, a mesma alega que “A responsabilidade pelo ‘Residencial Bonsucesso 2’ é da construtora que executou a obra e da Caixa Econômica Federal, que foi a agente financeira do empreendimento. Portanto, a Prefeitura Municipal de Cosmópolis irá notificar a Caixa Econômica Federal para que acione a construtora responsável em caráter de urgência e esta tome as providências cabíveis em relação aos reparos no local”.

A Defesa Civil
A Defesa Civil do município também foi acionada e, segundo o coordenador do setor, Reginaldo André Risonho, o problema é evidente. “Já realizamos uma visita no local e todos os problemas constatados estão em relatório. Neste momento, os laudos da Defesa Civil estão com um engenheiro competente para avaliar a situação e nos passar a melhor forma de resolver o caso”.

 

A síndica, Roseneide, de 32 anos

“Procuramos todos os órgãos competentes e ninguém assume qualquer tipo de responsabilidade. Estamos temendo o pior acontecer. Estamos preocupados e pedindo ajuda para que esses problemas sejam resolvidos e os moradores parem de viver com medo”.

 

Elizabete Barbosa, de 66 anos

“Não é assim que funciona, colocam a gente aqui de qualquer jeito, ninguém se responsabiliza e a gente que se vire. Ainda estamos pagando esses apartamentos, eles não são de graça e, além disso, mesmo que fossem, estamos falando de vidas em risco”.

 

Rubem Santana, de 21 anos

“Penso todos os dias nas famílias que moram aqui e cada vez que vejo um buraco ‘novo’ ou um problema parecido quando chego em casa, sinto tristeza em ver que o problema se estende há quatro anos e ninguém resolve nada. Rachaduras, trincas e buracos fazem parte da rotina, infelizmente”.