Conciliar a vida profissional com os afazeres domésticos e maternos nem sempre foi uma tarefa fácil. Quando a profissão requer muitas horas do dia, a conciliação torna-se cada vez mais complicada. Para dar mais atenção aos filhos, principalmente, na fase da primeira infância, muitas mães deixam suas profissões de lado para se dedicarem exclusivamente às crianças. Mas, nem sempre é assim.
Pensando na questão financeira, no amor aos filhos e na necessidade da realização das atividades domésticas, muitas guerreiras mudaram as suas atividades fora de casa para conseguirem dar conta dos compromissos sem dar adeus ao salário que, para elas, sempre é bem-vindo.
Este é o caso da taxista Sueli Aparecida Lemys (52), que trabalha no ramo há 20 anos. A taxista cosmopolense, que já foi enfermeira e cozinheira, conta que só após a troca das seringas e panelas pelo volante que sentiu-se realizada profissionalmente. “Após a minha posse da placa vermelha (obrigatória nos táxis), eu descobri que a minha vida é ser taxista. Eu amo o que faço e sempre pude fazer os meus próprios horários e conciliar minhas atividades pessoais com minhas corridas pelas ruas da região. Como taxista, consigo ser dona de casa, mãe e esposa sem nenhum problema”, revela Sueli.
Há muitos anos na profissão, Sueli conta que nunca sofreu preconceito ou algo relacionado ao machismo, durante as suas viagens profissionais. Aliás, o que acontece é justamente o contrário. “Eu sempre recebi respeito dos meus clientes e de várias pessoas nas ruas. Nunca tive problemas no trânsito e amo trabalhar por conta. Servir a população faz com que eu me sinta orgulhosa da minha profissão”, ressalta a taxista.
Sueli, que é portadora da Carteira Nacional de Habilitação (CNH) com categoria “E”, chegou a trabalhar com caminhões – de modelo carreta – mas, hoje, vive com os recursos financeiros provenientes do seu táxi. Assim como Sueli, a mototaxista Sílvia Brisola (35) também é feliz com a profissão que escolheu. Portadora da CNH com categoria “A” e “D”, Sílvia passou a trabalhar como mototaxista há sete anos.
A escolha da sua profissão aconteceu devido ao fato de não gostar de ambientes fechados. Além disso, a vantagem de fazer seus próprios horários, sua própria renda, é o que a faz mais realizada. “Sinto-me bem em poder parar o meu trabalho para levar meu filho à escola, por exemplo. Trabalhar em cima de uma motocicleta é o que eu realmente gosto!”, exclama Sílvia.
Para Sílvia, as principais vantagens de sua profissão são as amizades que conquista dia após dia, a possibilidade de conciliar seus compromissos pessoais com o trabalho e garantir que seu filho tenha sempre a atenção da mãe, sempre que precisar e ainda pode trabalhar com o celular. “Muitas vezes, meus clientes ligam diretamente no meu celular, ‘exigindo’ que eu os leve para seus destinos e não os outros companheiros de trabalho”, acrescenta a mototaxista.
Mesmo trabalhando num ambiente com muitos homens, Sílvia conta que sempre foi muito respeitada e admirada por todos. Ela é considerada, pelos moradores da cidade, como uma guerreira.