No Brasil, cerca de 30% dos idosos caem pelo menos uma vez ao ano. O risco deste tipo de acidente pode dobrar nas pessoas acima de 85 anos, explica o ortopedista, traumatologista e mestre em ciência do movimento humano Raul Marcel Casagrande.
O agravante é que, segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), quase 20 milhões de brasileiros são idosos. Esse número representa 11% da população, sendo que a projeção é de que o número alcance cerca de 34 milhões até 2025.
Tendo em vista esses números, Casagrande salienta que a principal e mais grave consequência das quedas são as fraturas, que geram declínio funcional, risco de novas quedas, depressão e aumento da mortalidade.
O especialista indica que o maior número de quedas, cerca de 70% dos casos, acontece dentro de casa. A queda pode significar que houve uma alteração das funções fisiológicas (visão, audição, locomoção), ou ainda representar sintomas de alguma patologia específica.
Os acidentes por quedas podem provocar fraturas, traumatismos cranianos e morte. Afetam a qualidade de vida do idoso, provocando sentimentos como medo, fragilidade e falta de confiança.
Contudo, elas podem funcionar como o estopim para o declínio do estado geral do idoso, reduzindo sua mobilidade e afetando suas atividades sociais e fisiológicas.
Casagrande afirma que os locais mais comumente afetados por fraturas são os punhos, quadril, úmero proximal e coluna. Além disso, a osteoporose também pode levar a uma fratura sem, necessariamente, haver uma queda. Uma simples torção ou um esforço pode causar uma fratura. “As fraturas proximais do fêmur são as mais temíveis e, de acordo com a Associação Americana de Ortopedia, nos próximos 30 anos, não teremos especialistas suficientes para tratar todas essas fraturas”.
Aproximadamente, 30% dos pacientes com fraturas de fêmur falecem no primeiro ano, mesmo quando tratados adequadamente. Fica evidente a necessidade de tratá-los o mais rápido possível para evitar as complicações clínicas.
Evitando as quedas
O especialista dá dicas de adaptações importantes para prevenção de risco de quedas no domicílio:
Sugestões simples para quarto:
Interruptor de luz ou um abajur ao lado da cama para não levantar no escuro;
Se tiver tapetes no quarto, prenda-os ao chão;
Evite camas muito baixas e colchões muito macios. Você poderá ter dificuldade para levantar ou deitar;
Prefira cadeiras e poltronas com apoios de braço laterais e com altura adequada para sentar e levantar.
Podemos fazer alguma adaptação no banheiro?
Aumente a altura do vaso sanitário, com um elevador de assento, e instale barras de apoio laterais e paralelas para facilitar ao sentar e levantar;
Substitua o box de vidros por cortinas, utilize tapetes emborrachados e antiderrapantes e instale barras de apoio dentro do Box para facilitar a movimentação;
Utilize uma cadeira resistente e firme dentro do Box se tiver dificuldade de se abaixar durante o banho;
O uso de lâmpadas fluorescentes e de cortinas, pia e assento do vaso de cores diferentes do piso podem tornar o ambiente mais bem iluminado.
Na cozinha e área de serviço:
Não utilize armários muito altos que necessitem de bancos ou escadas para alcançar os objetos e permitem instabilidade.
E nas salas e corredores?
Não deixe pequenos objetos espalhados pelo chão, como brinquedos de crianças, fios ou extensões elétricas que cruzam o caminho;
Luzes com sensor de movimento em locais de pouca luminosidade e barras de apoio podem ser úteis;
Retire pequenos móveis que podem ser barreiras ao livre acesso entre os locais da casa;
Evite sofás muito baixos e macios para reduzir a dificuldade para se levantar;
Se tiver escadas, essas devem ser livres de objetos, possuírem corrimão dos dois lados, fitas antiderrapantes nos degraus e interruptores de luz, na parte inferior e superior da mesma.
Exercícios físicos são fundamentais para manter uma boa função muscular e evitar desequilíbrios e quedas. Prática regular de atividade física, preferencialmente supervisionada por profissional capacitado, pode trazer benefício para a nossa saúde.
Para os menos ativos, pode-se combater o sedentarismo iniciando com caminhada de pelo menos 150 minutos distribuídos ao longo da semana. (Sempre procure seu médico antes do início de qualquer programa de atividades físicas.)
Na prevenção de quedas, estudos demonstram que exercícios para ganho de força muscular, equilíbrio e alongamento são benefícios, podendo diminuir significativamente os índices de fraturas e complicações nos idosos.