De acordo com estudo realizado pelo Cetene, Centro Nacional de Pesquisas Estratégicas do Nordeste, com colaboração da Universidade Federal de Pernambuco e da Faculdade de Odontologia da Universidade Estadual de Pernambuco, o aparelho utilizado hoje na remoção e tratamento de cáries pode ser substituído pelas nanopartículas de prata, que são partículas 50 mil vezes menores do que a espessura de um fio de cabelo. Essas partículas têm ação bactericida e prometem acabar com o tão temido motorzinho.
Em nota, o Centro informa que o produto foi capaz de interromper 85% dos processos de cárie uma semana depois da aplicação. Contudo, dentre as 5,5 mil crianças avaliadas no Estado, não foram consideradas aquelas que apresentavam um quadro de cárie muito crítico, com os dentes já comprometidos.
Após um ano de acompanhamento, dois terços do grupo já apresentaram cáries inativas, com o quadro de infecções interrompido e a recuperação dos dentes já identificada.
O Jornal GAZETA de COSMÓPOLIS conversou com o dentista Dr. João Batista Costa Dias (Dr. João Netto), que nos deu algumas informações sobre o método atual e o prometido pelos estudos.
GAZETA: Como é feito o tratamento de remoção de cárie?
Dr. João Netto: O procedimento mais eficiente na remoção da cárie envolve o uso de brocas adaptadas à caneta de alta rotação, muito conhecida como “motorzinho do dentista”.
Alguns métodos menos traumáticos, como, por exemplo, os tratamentos a laser, necessitam de altos investimentos e longos treinamentos para a obtenção de bons resultados.
Existe também o método de remoção químico-mecânica da cárie, que utiliza substâncias químicas que promovem a inativação da doença, mas sua eficiência não está cientificamente comprovada.
GAZETA: Muitos ainda têm medo do temido “motorzinho” e evitam remover a cárie por causa disso?
Dr. João Netto: Infelizmente, devido a um trauma ocorrido em visitas anteriores ao dentista, muitos pacientes têm medo do “motorzinho” e acabam adiando ainda mais o tratamento, o que faz com que a situação se agrave. Como consequência disso, ocorre a indicação do tratamento de canal e, nos casos mais graves, a perda do dente.
Por conta disso, a prevenção é sempre o melhor remédio e recomendamos visitas frequentes ao dentista para que a remoção da cárie seja o menos traumática possível. Os pais devem trazer seus filhos o quanto antes para evitar a formação e evolução da cárie.
GAZETA: Quantas sessões são necessárias para a remoção de cada tipo de cárie?
Dr. João Netto: Vai depender do quanto a cárie comprometeu a estrutura do dente. Nos casos iniciais e de pequena evolução, apenas uma sessão é suficiente.
Nos casos onde a cárie é muito extensa, podem ser necessárias várias sessões que envolvem outros procedimentos, como, por exemplo, tratamento de canal e colocação de coroas para restaurar o dente.
GAZETA: Quais são os custos?
Dr. João Netto: Os custos são variáveis, cada profissional coloca seus valores de acordo com os materiais utilizados e toda estrutura necessária para a realização do procedimento.
GAZETA: Você conhece o tratamento com nanopartículas? Acha viável?
Dr. João Netto: A nanopartícula de prata iônica é conhecida por sua ação bactericida. Têm-se desenvolvido trabalhos experimentais, que comprovaram que as cáries ficaram inativas após a aplicação do produto. Porém, ainda não é nada conclusivo, por isso, torna-se inviável.
Então, por enquanto, uma boa higiene através da escovação e do uso do fio dental e visitas regulares ao dentista para uma orientação adequada de quais são as melhores medidas para prevenir e tratar a cárie.