Recorde sem julgar
Pode, até, se emocionar
Se não falar e chorar
Não deve se importar
Se, agora, é todo emoção
Lágrima é palavra
Quando a garganta trava
Dizem que a alma lava
E, ao cair, bem fundo cava
Buraco na imensidão
Onde se perde no tempo
A leva o amigo vento
Que não quer o sofrimento
Desse humano rebento
Que teme a solidão
Mas ela é a própria alma
Intempestiva ou calma
Tem na sua mão a palma
Registrando a dor, o trauma
Frio destino sem perdão
É um solo o nosso grito
Ao nascermos o choro é o conflito
Seremos o feio ou o bonito
O dito normal ou esquisito
Começa a confusão
Que o viver vai dissipando
Quando vamos encontrando
Outros tantos tentando
Fazerem parte de um bando
E serem do todo quinhão
Projete o próximo passo
Terá de um ano o espaço
Firme, sem embaraço
Se prepare para o abraço
Aquele da congratulação
Pelo sucesso alcançado
O obstáculo superado
Por ser guerreiro, não coitado
Ser vivente destinado
À total consagração
Um incêndio já foi faísca
Sábio escreve não risca
Entende que brilha a isca
Por isso não se arrisca
A andar na escuridão
Onde pode habitar o inimigo
Sua liberdade em perigo
Se não é figueira não tem figo
É o que, por hora, lhe digo
Venerável irmão!