A operação Carne Fraca, realizada pela Polícia Federal há pouco mais de uma semana, rendeu grande repercussão, o que também ocasionou insegurança ao consumidor da carne vermelha. Desta forma, algumas dicas foram disponibilizadas para quem não dispensa este tipo de alimento nas refeições.
Daniela Belinatti Menardo de Oliveira é nutricionista e explicou alguns detalhes sobre o assunto. “As revelações da Operação Carne Fraca, da Polícia Federal (PF), devem ser tratadas com cautela, pois, devemos observar não só o aspecto do produto, mas, o seu manuseio, evitando a compra de pré-embalados, já que é comum encontrar a venda de porções de carnes em bandejas descartáveis. Devemos observar sempre a origem do produto e a manipulação do mesmo. A cor vermelha muito viva pode apresentar aditivos como nitrito e escura demais pode caracterizar uma carne que já ultrapassou sua validade. Devemos observar sempre a higiene do açougue ou supermercado, inclusive, do manipulador e se os produtos têm uma rotatividade frequente. Prefira consumir sempre carnes que não foram manipuladas, ou seja evite as que se encontram previamente cortadas e acomodadas em bandejinhas.”
Além disso, a profissional da alimentação ainda alerta. “Evite também a compra de produtos das empresas acusadas de envolvimento no esquema revelado pela PF. A preocupação também deve ocorrer nos produtos embalados à vácuo. Se você abre e a carne já está pegajosa, com muito líquido, com um cheiro muito forte como se estivesse tendendo a putrefar, despreze, pois está estragada. Lembre-se, quanto mais próximo da validade, mais tempo ela está exposta. Temos que ser ponderados, pois, o boicote generalizado é um exagero. Há muito ainda o que esclarecer. Existe o eritorbato (antioxidante que se utiliza para acelerar a cura, atenção não é utilizado acido ascórbico (vitamina C), pois este último é muito caro, usa-se o eritorbato) e o nitrito (utilizado para dar a cor rosada) utilizado, principalmente, em bacon, linguiça, salsicha e presunto, afinal, se não o fizessem, não compraríamos, pois, os produtos seriam da cor marrom. Porém, se a matéria prima estiver deteriorada, não se mascara com esses produtos.
E quanto aos papelões, houve informações destorcidas, pois, não é permitido utilizar papelões (embalagens secundárias) onde há manipulação dessas matérias primas. Apesar de toda a repercussão negativa, este escândalo fará o governo fiscalizar mais e ser mais ágil e espera-se mais investimento nessas fiscalizações”.
Fique atento!
• A carne deve ser vermelha rosada, firme, com gordura branca, sem ser pegajosa;
• A embalagem a vácuo deve preservar ao máximo a característica da carne, sem apresentar odor forte ao abrir;
• A carne processada deve ter o mínimo de gordura possível;
• O produto deve ter inspeção federal (SIF) ou estadual (Sisp);
• Devem ser observadas a higiene do local de manipulação e de quem manipula e a periodicidade de reposição dos produtos;
• A aquisição do produto deve ser feita em data mais próxima possível da fabricação e nunca após a validade;
• A carne não deve ser lavada;
• O armazenamento em casa pode ser feito no próprio plástico em que foi embalada, porém, sem deixar muito espaço entre a carne e o plástico
•A carne deve ser colocada na parte mais fria da geladeira, que é no alto, e consumida em dois dias e mesmo no congelador deve ser consumida o mais rápido possível;
• Se for carne embalada a vácuo, pode ficar até 15 dias na parte mais fria da geladeira e até dois meses no congelador.
Agora quanto a diminuição no consumo de industrializados (salsicha, nuggets e embutidos), isto deve, com certeza, ser uma prática a ser adquirida, independente deste escândalo. Todo alimento em que é adicionado o nitrito e o eritorbato, assim como qualquer outro conservante, devem ser sempre evitado, pois, são cancerígenos quando consumidos em excesso.
Para finalizar, Daniela afirma que “não há necessidade de cortar totalmente o consumo de proteínas animais, o importante é ir em busca do equilíbrio alimentar. As proteínas animais são as mais completas em se tratando do valor biológico, e cuidado se a opção for a retirada da carne do cardápio; é necessário procurar um nutricionista para evitar possíveis carências nutricionais”.