O amor cobre…

Ao me ajoelhar para abraçá-la, meu filhotinho de Dobermann pulou nos meus braços, dando-me as boas-vindas ao lar. Então, olhei, consternada, o carpete da sala. Cinco pares dos meus sapatos estavam espalhados por ali – todos mastigados. Obviamente, eu não havia trancado a porta do closet quando saí para o trabalho. Entediada, Sheba havia buscado entretenimento a manhã toda. E ela aprecia variedade – um pé de cada par – e couro de qualidade também. Juntei os sapatos e os levei ao sapateiro. Devagar, ergui meu sapato favorito, cinza acastanhado de bico fino. Sorri animada para o sapateiro atrás do balcão. Com expressão triste, ele balançou negativamente a cabeça.

– Não dá nem para tentar? – implorei. Ele balançou a cabeça de novo. Levantei o par verde-maçã, que combinava com meu vestido verde-hortelã e vermelho. Ele balançou a cabeça, com mais ênfase dessa vez. Com tristeza, saí com meus sapatos favoritos em uma sacola – para jogá-los fora. Felizmente, a loja onde comprei os calçados tinha uma liquidação anual em andamento, e pude substituir alguns dos meus sapatos.

Isso foi apenas o começo. Sheba mastigou a mangueira do jardim, partindo-a em duas. Arrancou o focinho do meu velho ursinho de estimação, que eu guardava com carinho desde os 2 anos de idade – um conserto que saiu caro. Um dia, voltei ao carro para descobrir que Sheba havia cortado pela metade os cintos de segurança dos dois bancos da frente do meu carro! E também um no banco traseiro. Somei o custo anos mais tarde, e descobri que minha amada Sheba havia mascado centenas de dólares em artigos, mas, ainda assim, eu a amo.

Ela era minha companheira de 50 quilos, gentil e amorosa. Ia comigo a compromissos de trabalho, mas sem ficar sozinha no carro, naturalmente. Ela me protegia e também se encarregava do meu exercício, enquanto eu fazia caminhadas ao seu lado. A criançada invadia a casa dos meus vizinhos, mas a minha não. Ela deitava a cabeça no meu ombro quando eu a abraçava. Colocava o focinho na minha mão e me olhava com olhos emotivos. Finalmente, ela trocou seus “brinquedos” de mastigar por ossos.

Não digo que eu tenha perdoado Sheba setenta vezes sete, como Jesus recomenda na Bíblia – mas cheguei perto. A Bíblia também diz que o amor cobre uma multidão de pecados. Realmente cobre. O amor protegeu Sheba. Aqueles, entre nós, que têm familiares, ou cônjuge, ou amigos chegados, sabem que o amor cobre uma multidão de erros, contratempos, acidentes e até pecados.