O cristão e a pobreza

Analise os textos bíblicos em Isaías 61 e Lucas 4.16-21.
Um dos problemas mais sérios que a humanidade enfrenta através dos tempos é a pobreza. Dos mais de 7 bilhões de habitantes do planeta, mais de 2 bilhões são vítimas da pobreza. São pessoas desamparadas, as quais não dispõem dos recursos básicos para a sobrevivência, ou seja: casa, vestuário, alimentação, cuidados médicos, instrução, etc. São os pobres. Infelizes sem vez e sem voz.
As consequências da pobreza são dramáticas: – Nascimento de crianças subnutridas; – Elevado índice de analfabetismo; – Aumento da violência; – Retardamento mental permanente por falta de proteínas.
I – A pobreza como fruto
da injustiça
Há 3 (três) tipos básicos de pobreza: (1) A pobreza voluntária; (2) A pobreza resultante da preguiça; (3) A pobreza resultante da injustiça. Porém, a última destas é a mais comum. A má distribuição das riquezas existentes é a principal causa da pobreza. Enquanto poucos têm muito, muitos têm pouco.
Desde que o pecado entrou no mundo, o homem tornou-se inclinado a levar vantagem sobre o seu semelhante, promovendo, assim, a injustiça.
O cenário apresentado pelo profeta Isaías é o de pobreza e miséria decorrente da injustiça (Is 1). O capítulo 61, apesar de descrever outra época, apresenta os mesmos sintomas da pobreza resultante da injustiça. A palavra “quebrantados” verificada no verso 1, é traduzida por “pobres”. A injustiça continua promovendo a pobreza em muitas partes do mundo, inclusive, em nosso País.
II – A pobreza deve ser
questionada
A Bíblia apresenta medidas concretas para evitar que a pobreza seja estabelecida entre o povo de Deus. Quando Jesus definiu Sua missão conforme Lucas 4.18,19, Ele estava questionando a situação social de Sua época. Não era correta a existência de pobres, cativos, cegos e oprimidos. Era necessário apregoar o “ano aceitável do Senhor” (v. 19).
O propósito de Deus ao dar as Suas leis está registrado em Dt 18.4 – “Para que entre ti não haja pobre”. Esse é o ideal de Deus. Porém, a realidade é bem diferente. O que temos visto é: camponeses sem terra e explorados, operários com frequência mal remunerados, favelados carentes de bens materiais, desempregados, jovens frustrados, crianças desnutridas, deficientes e abandonadas, velhos marginalizados.
Há necessidade de se questionar essa ordem de coisas, adotando uma postura coerente.
III – A pobreza carece da ação cristã
Será que há alguma atitude a ser tomada quanto a esta problemática?
Entendemos que a igreja não poderá resolver a todas as questões do mundo. Mas, a Igreja precisa imprimir a sua ação no meio em que vive. Há igrejas que mantêm bons programas de ação social: escolas, creches, asilos, cantinas, orfanatos, etc.
Isto sem mencionar o trabalho de assistência aos seus próprios membros carentes. Muitas vezes, a igreja se preocupa demasiadamente com o seu patrimônio, aquisição de móveis e imóveis, e esquece-se daqueles que têm necessidades dentro da Igreja (Gl 6.10).
A motivação da Igreja para cuidar da pobreza não pode ser vista como meio de salvação ou promoção. A verdadeira motivação é o amor (leia 1Co 13.3). Também não se pode negociar a fé de alguém, oferecendo atendimento material e esperando recompensas. O que equivale a dizer que muita gente distribui pão, exigindo da pessoa que faça algo por ela.
Acontece que o amor a Deus e ao próximo são mandamentos divinos para todos nós, e isto é que deve impulsionar a nossa ação social. Na linguagem de Tiago: “as obras são fruto da fé” (Tg 2.14-16).
Já dizia Santo Agostinho: “Vós ricos, o que tendes, quando não tendes a Deus, e vós pobres, o que não tendes quando tendes a DEUS?”.