“Um só Deus e Pai de todos, que é sobre todos, por meio de todos e em todos”. Efésios4:6 NVI
A maioria de nós encara a vida como uma laranja e pensa que a divindade é um dos gomos. Funciona mais ou menos assim: interagimos com o trabalho, com o lazer, com dinheiro, com as pessoas, com o corpo, com uma comunidade de fé, e por aí vai, também interagimos com o Eterno – Deus é uma das nossas interações. Mas essa é uma concepção errada da realidade.
O correto é compreender que Deus está presente em cada uma das realidades com as quais convivemos, e, inclusive em nós mesmos.
A única relação imediata que temos é com Deus (imediato, do lat. immediatu, que não tem nada de permeio), todas as outras são mediatas (mediato, do lat. mediatu, que está em relação com uma coisa por intermédio de uma terceira; indireto). Isso significa que um sabiá somente fará sentido quando entre nós e ele Deus estiver presente; a sequência de dias e noites fará sentido apenas quando Deus tomar parte no dia e na noite. O mundo somente faz sentido quando mediado por Deus, quando entre nós e o mundo, Deus estiver no permeio.
O encontro com Deus deve ocorrer “não ao lado, dentro ou acima do mundo, mas justamente com o mundo, no mundo e através do mundo. Deus somente é real e significativo para o ser humano se emergir das profundezas de sua própria experiência no mundo com os outros”.
O grande problema da maioria dos religiosos é que desejam o relacionamento direto com Deus, sem incluir as realidades criadas como ambiente da experiência. Querem se aproximar de Deus sem os sabiás, os filhos, o trabalho, o dinheiro e tudo o mais, como se pudessem abrir uma gaveta, colocar Deus lá dentro e deixar toda a realidade do lado de fora. Estão no avesso dos materialistas: querem se relacionar com os sabiás, os filhos, o trabalho, o dinheiro, e tudo o mais, deixando Deus de lado. Ambos estão em situação difícil. Para os primeiros, Deus não faz sentido. Para os outros, o mundo é que não faz.
Essa é a grande descoberta e o grande susto do patriarca, Jacó, após sua experiência espiritual: “O SENHOR está neste lugar, e eu não o sabia”. A partir disso, deveríamos necessariamente perguntar: onde mais Deus esteve sem que eu o soubesse?, e, principalmente, por que não fui capaz de perceber Deus estando Ele aqui?
As respostas seriam simples: Deus esteve e está em todo lugar, e eu não fui capaz de percebê–Lo simplesmente porque não estava a procurá–Lo aqui, mas acolá, ou simplesmente porque jamais imaginei que ele pudesse estar aqui.
Aquele que deseja experimentar Deus deve se aproximar Dele levando consigo os sabiás, as palmeiras e a terra. E quem deseja experimentar a plenitude dos sabiás, das palmeiras e da terra deve se aproximar deles a partir de sua experiência real com Deus. Assim, reconciliamos Deus com sua criação, e a criação com seu Deus que não cabe numa gaveta.
Pr. Adriano Vargas
Igreja Adventista Cosmópolis Central