O espetáculo da cruz

Vivemos na era do espetáculo, ou dos pseudoespetáculos. Mesmo as pequenas coisas, que, no máximo, mereceriam ser comentadas na cozinha ou na sala, vão parar na internet para todo o mundo ver e admirar. Sem medo do ridículo, as pessoas querem dar seu showzinho diário.
Entretanto, existem espetáculos de verdade. A cruz é um espetáculo cósmico, revelando ao universo quem é Deus e o que Ele está disposto a fazer por amor. Ao mesmo tempo, mostra quem é o diabo e o que ele fez em busca de poder. Como método Divino para eliminar o mal, a cruz expõe aos olhos de todos o caráter amorável de Deus. Foi para isso também (ou sobretudo) que Cristo veio.
A ideia de espetáculo, no sentido de atrair os olhares para uma situação crítica, vem desde o Antigo Testamento. Se o povo de Israel fosse obediente ao concerto, atrairia a atenção do mundo para Deus; se fosse infiel, Deus o colocaria como espetáculo negativo. Entregues ao castigo, os próprios rebeldes veriam seu triste espetáculo (Dt 28:67; Jr 15:4; 29:18; 34:17; Na 3:6, ARA).
No Novo Testamento, a cruz de Cristo é apresentada como espetáculo. Essa ideia aparece em João 12:32: “Mas eu, quando for levantado da terra, atrairei todos a mim.” Jesus é “levantado” na cruz e depois é “levantado” (exaltado, glorificado) aos olhos do universo. Ele Se tornaria um espetáculo público tanto para revelar a Deus quanto para desmascarar Satanás. Se a Terra se torna um palco cósmico, a cruz é o drama central. Porém, João não é o único a sugerir essa ideia. No verso de hoje, ao descrever a morte de Jesus, Lucas explicitamente menciona a crucifixão como espetáculo. De fato, quem não se comove com tal espetáculo de amor Divino, crueldade diabólica e incredulidade humana?
Na cruz, Deus assume o lugar do Seu povo e, numa incompreensível atitude de humildade e humilhação, torna-Se um espetáculo vergonhoso para o mundo. Porém, o significado do espetáculo é invertido. O símbolo de vergonha vira motivo de glória. O instrumento de tortura transforma-se em meio de libertação. Da maior derrota (voluntária) surge a maior vitória. Deus dá a vida para conquistar a morte. “Perde” para ganhar. Ama até a morte na Terra para continuar, livremente, a ser amado por todo o universo. Sua ação no tempo tem ressonância na eternidade.
O espetáculo da cruz continua com os seguidores de Jesus. Segundo Paulo, os demais apóstolos foram grandes atores nesse espetáculo (1Co 4:9, ARA). Contudo, há muitos outros ainda hoje. O espetáculo inclui o sofrimento dos cristãos por amor a Cristo (Hb 10:32, 33, ARA). Por isso, dê um espetáculo, mas o espetáculo da cruz.

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