Metade dos pacientes que atendo tem medo de fazer o consumo da farinha de trigo e seus derivados ou excluíram da dieta esses alimentos
O trigo é usado desde os tempos antigos como alimento para vários povos. Segundo o Ministério da Agricultura do Brasil, o trigo é o segundo cereal mais produzido no mundo. Mas será que o trigo, esse alimento milenar, tão presente no cardápio ocidental, pode fazer mal? Há algum tempo, um autor publicou um livro que propõe uma dieta livre de trigo e demais cereais que contenham glúten, como o centeio e a cevada. Ele afirma que as mudanças genéticas sofridas pelo trigo nos últimos 50 anos para aumentar a produtividade e a resistência a pragas tornaram o grão responsável por diversos malefícios à saúde. Essa dieta se tornou muito popular nos últimos anos com importante impacto na produção, consumo e rotulagem de alimentos no Brasil e em vários países, mas teve impacto também na vida das pessoas.
Metade dos pacientes que atendo tem medo de fazer o consumo da farinha de trigo e seus derivados ou excluíram da dieta esse alimento e fazem trocas, por exemplo, do pão francês por tapioca sem nenhuma orientação.
Primeiramente, precisamos lembrar que um número muito pequeno de pessoas, cerca de 1% da população mundial, tem realmente alergia ao glúten, conhecida como doença celíaca, que afeta seus intestinos e leva à desnutrição.
Outros indivíduos podem não sofrer desse mal, mas serem “sensíveis” ao trigo: apesar de não sofrer sintomas se ingerirem o alimento em pequenas quantidades, onde podem apresentar desconforto se comerem muito pão, por exemplo.
As explicações para essa “sensibilidade não-celíaca” são controversas: em vez do glúten presente no trigo, ela pode ser provocada por uma série de açúcares e proteínas que também são encontradas em outros alimentos, como frutas e cebola. No entanto, eliminar o trigo da dieta não seria suficiente.
Há também indivíduos que decidem adotar uma alimentação livre de glúten simplesmente por enxergarem o trigo como algo tóxico. Um dos argumentos mais populares atualmente é que alimentos à base de trigo provocam uma inflamação geral no corpo, que pode contribuir para uma “névoa mental” e aumentar o risco de doenças graves, como o mal de Alzheimer.
Sim, sem colocar o terror, o trigo é um dos oito alérgeno alimentares mais comuns (os outros são amendoim, leite, ovos, crustáceos, castanhas, soja e peixe). A alergia alimentar resulta em reações exageradas do sistema imunológico contra determinado alimento considerado inofensivo para a maioria das pessoas, portanto, as alergias não acometem toda a população.
É provável que a remoção rigorosa de trigo da dieta resulte em redução de peso, pois o trigo é incorporado a muitos alimentos, e é em grande parte ingerido na forma de produtos refinados com adição de açúcar e gorduras. Consequentemente, eliminando o consumo desses alimentos, ocorre redução na ingestão calórica. No entanto, a perda de peso se dá pela redução de calorias, não pela omissão do trigo.
Dietas com maiores taxas de sucesso a longo prazo são aquelas que incluem todos os grupos alimentares, porém, apenas em quantidades menores.
A eliminação do glúten da dieta se faz necessária apenas para pessoas que apresentam intolerância a ele ou alergia ao trigo, comprovada em exames clínicos. Os demais indivíduos podem consumir o trigo como uma das opções de cereais, mas com equilíbrio (como parte de uma alimentação variada, contendo outros grupos alimentares) e moderação (porções apropriadas). Contudo, priorizando sua forma integral, que contém maior quantidade de fibras, vitaminas e minerais.
Com os avanços da tecnologia e da gastronomia, novos produtos à base de trigo foram surgindo. Hoje, encontramos diversos pães, biscoitos, massas, bolos e outras opções de alimentos que levam o cereal na receita.
Farelo de trigo: Fonte de fibras insolúveis, vitaminas do complexo B, zinco e potássio. Acelera o trânsito do intestino.
Gérmen de trigo: Fonte de vitaminas E e B1. Auxilia no combate aos radicais livres, contribui para o funcionamento do sistema circulatório e ajuda na metabolização da glicose.
Farinha de trigo integral: Fonte de triptofano, vitamina B6 e betaína. Contribui para a digestão, melhora o humor, auxilia no ganho de massa muscular e provoca sensação de bem-estar.
Trigo integral: Fonte de lignanas, cálcio, cobalamina, ferro, magnésio e vitaminas A, D, C e B. Melhora o trânsito intestinal e ajuda no fortalecimento do sistema imunológico.
Triguilho: Fonte de proteínas, ferro, fibras potássio, zinco, magnésio, selênio e vitamina E. Aumenta a sensação de saciedade e auxilia na digestão.
O ponto chave é a proporção, porque, de fato, o excesso traz problemas. De qualquer maneira, o recado é que ninguém precisa dar adeus ao pãozinho de cada manhã. Esse alimento faz parte da dieta humana há dezenas de milhares de anos e pode integrar uma rotina saudável.
Não saiam acreditando em tudo por aí, na dúvida busquem sempre orientação de um nutricionista, principalmente quando o assunto é alimentação.
Angelica Almeida
Nutricionista – CRN: 47203-
(19) 98402-4490 – (19)3812-3352
@angelicaalmeidanutri
Clínica Climetra
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