Obesidade cresce no Brasil tal como casos de diabetes e hipertensão

A obesidade ou sobrepeso sobrecarrega as articulações, a função cardíaca, a elasticidade da pele e causa  distúrbios metabólicos, como a dislipidemia, o diabetes, a hipertensão e a depressão

O Ministério da Saúde divulgou, por meio da última Pesquisa de Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico (Vigitel), que o número de pessoas obesas sofreu um aumento de 60%, assim como os casos de diabetes e hipertensão, que aumentaram 61,8% e 14,2%, respectivamente.
Para a endocrinologista Valéria Peixoto Meira, algumas das causas para a obesidade relacionam-se a ansiedade e ao stress moderno que não demandam resposta física de luta ou fuga, deixam o indivíduo mais angustiado e excitado, buscando formas de descarga e alívio, sendo uma das mais fáceis e comuns, a compulsão alimentar.
“Quando se come por ansiedade, carboidrato é a primeira escolha, principalmente, por ser mais acessível à compra e ao preparo. Além disso, poucas pessoas ainda têm tempo, dinheiro ou a devida cultura para atividade física regular e saudável”, explica a endocrinologista.

A obesidade ou sobrepeso sobrecarrega as articulações, a função cardíaca, a elasticidade da pele e causa distúrbios metabólicos como a dislipidemia, o diabetes, a hipertensão e a depressão. “A gordura não se instala apenas sob a pele, mas nos vasos sanguíneos e nas vísceras, causando esteatose hepática e aterosclerose”, afirma.
Uma das consequências, principalmente, no que diz respeito à hipertensão ou diabetes, é a doença renal crônica, que pode ser infecciosa ou congênita. “O mais comum é que derive de uma hipertensão grave ou de um diabetes descompensado de longa duração. E, na síndrome metabólica, essas duas patologias estão associadas à obesidade”, alerta.
A alimentação é fundamental para a prevenção e para o tratamento de problemas ocasionados pelo sobrepeso. Entretanto, é importante manter a atenção sobre o nível de restrições implantadas em uma dieta, já que a preocupação excessiva com uma boa conduta alimentícia pode acarretar distúrbios nutricionais.
Os fatores genéticos também contribuem para a obesidade e costumam aparecer na idade adulta. “O que prevalece na infância são os maus hábitos da família sendo imitados pelos descendentes. Quando dieta e exercícios não resolvem o problema da obesidade, pode-se recorrer a terapias medicamentosas ou cirúrgicas. Mas essas terapias não prescindem de dieta e exercício. Mesmo quem já recorreu a uma cirurgia bariátrica necessita de dieta e atividade física regulares”, comenta.

Valéria Peixoto Meira
Endocrinologista
Clínica Previna
Fone: 3872 1107

“Controlar a ansiedade, aprender a reduzir carboidratos, comer moderadamente e devagar, usar mais fibras na dieta e alimentar-se em horários adequados, são condutas básicas para controlar o peso corpóreo. Nunca diminua a quantidade de comida ou passe fome. Além disso, substituir açúcar e massas brancas por proteínas, fibras e carboidratos mais complexos e integrais é uma excelente opção”, explica.
“Muitas vezes, algumas pessoas nutrem afetos para com seus hábitos e tradições alimentares e se sentem lesadas quando advertidas a mudar esses hábitos e tradições. O profissional que lida com tais assuntos deve ter muito tato ao sugerir variações. Mas se elas não forem implementadas, o problema da obesidade só se agravará”, conclui.