Atualmente, existem milhões de pessoas obesas em todo mundo. No Brasil, segundo dados de 2013 divulgados pelo Ministério da Saúde, mais da metade da população está acima do peso. Ainda, de acordo com esses dados, entre os homens, o excesso de peso atinge 54% e, entre as mulheres, 48%.
Com as crianças, isso não tem sido muito diferente, e o número vem crescendo cada dia mais. A obesidade é uma questão de saúde pública e, em decorrência dela, surgem diversas outras doenças e problemas de saúde que podem até levar à morte.
O pediatra Dr. Leandro Pedrassa explica que a obesidade é uma doença crônica, complexa, de etiologia multifatorial e resulta de balanço energético positivo. “O desenvolvimento da obesidade ocorre, na grande maioria dos casos, pela associação de fatores genéticos, ambientais e comportamentais. A herança genética na determinação da obesidade parece ser de natureza poligênica, ou seja, as características fenotípicas do indivíduo obeso são resultantes da interação de vários genes.”
A principal causa da obesidade é o estilo de vida atual que engloba uma alimentação excessiva, principalmente, de alimentos industrializados ricos em gorduras e açúcar e também o sedentarismo, que é a falta de atividade física. Além disso, pode estar associada a doenças hormonais ou genéticas, o que é mais raro.
Segundo o pediatra, a amamentação tem fator importante na vida da criança para prevenir a obesidade infantil. “A introdução precoce de alimentos na dieta da criança também é um fator que pode levar à obesidade futura. Orientar sobre a alimentação complementar de acordo com as necessidades nutricionais e o desenvolvimento da criança. Também é importante ressaltar a importância da qualidade da alimentação (por exemplo, estimular o consumo regular de frutas, verduras e legumes e estar atento ao tipo de gordura consumida)”, orienta o Dr. Leandro.
Uma criança pode ser considerada com sobrepeso quando estiver acima da curva de peso para sua idade, segundo o Dr. Leandro. Essas curvas são padronizadas e devem ser avaliadas pelo pediatra nas consultas, levando em consideração o peso e a estatura da criança. “As crianças de 0 a 5 anos são consideradas em risco de sobrepeso quando estão entre os percentis 85 e 97; com sobrepeso quando estão entre os percentis 97 e 99,9; e com obesidade quando estão em percentil maior que 99,9. Para as maiores de 5 anos, o peso excessivo se relaciona a valores entre os percentis 85 e 97; a obesidade, a valores entre os percentis 97 e 99,9; e a obesidade grave a valores acima do percentil 99,9”, explica o pediatra.
A obesidade pode antecipar a puberdade, principalmente, nas meninas. “Não se sabe ainda exatamente o mecanismo dessa relação entre obesidade e a puberdade precoce”, diz o pediatra.
Além disso, as crianças, tanto as meninas, quanto os meninos, podem desenvolver problemas de saúde que podem acompanhá-los por toda a vida. “Há alguns problemas de saúde mais comuns que se dão por conta da obesidade, como problemas ortopédicos, por causa da modificação do eixo de equilíbrio habitual; doenças respiratórias, como asma e apnéia obstrutiva do sono; há, nesses casos, a hipótese de que o excesso de peso leva ao estreitamento da faringe; doenças cardiovasculares, como hipertensão arterial, AVC e infarto do miocárdio; dislipidemias, como aumento de colesterol e triglicérides; riscos de desenvolver diabetes tipo II; cálculos na vesícula biliar e alguns tipos de câncer; problemas dermatológicos, como o escurecimento da pele, por exemplo; e problemas psicológicos, principalmente, relacionados a bullying e a auto-estima”, alerta o pediatra.
O ideal, portanto, é fazer o acompanhamento pediátrico regular da criança, para detectar possíveis problemas de saúde ou sobrepeso, mantendo, assim, uma infância e, conseqüentemente, uma vida adulta saudável.