Obesidade x Cirurgia Bariátrica

Hoje, existem vários tipos de técnicas cirúrgicas, mas, no Brasil, existem apenas 4 que são aprovadas

Maristela Lopes Ramos
Psicóloga
CRP: 06/136159
R. Santo Rizzo, 643
Cel: (19) 98171-8591

Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), a obesidade é um problema de saúde pública. A obesidade Mórbida é a versão patológica, portanto, é considerada uma doença crônica, de causas multifatoriais e com consequências graves para a saúde e a qualidade de vida da pessoa.
A maioria dos obesos mórbidos tem um histórico longo de tentativas de reduzir o peso, muitas dessas são orientadas por profissionais da saúde, consistindo na maior parte de dietas e uso de medicamentos. Essas “tentativas terapêuticas” reduzem o peso na fase inicial, mas, muitos não conseguem manter o peso e, em pouco tempo, muitos obesos recuperam o peso perdido, chegando até a ultrapassar o peso anterior as tentativas.
Algumas pesquisas pontuam que o insucesso ocorre por ser privilegiado apenas o modelo biomédico com intervenções biológicas, ou seja, intervêm-se na alimentação, exercícios físicos e medicações. Acredita-se, então, que variáveis psicológicas, assim como as da personalidade, parecem ter um importante papel nessa doença. Assim, uma abordagem terapêutica que contemple as dimensões biopsicossociais do indivíduo por meio de uma equipe multidisciplinar poderá assegurar o êxito do tratamento e sua manutenção em longo prazo.
Recentemente, a cirurgia bariátrica tornou-se uma importante opção terapêutica para a doença e é considerada uma forma eficaz de controlá-la em longo prazo. Entre 2008 a 2016, o número de cirurgias cresceu 163%. Hoje, existem vários tipos de técnicas cirúrgicas, mas, no Brasil, existem apenas 4 que são aprovadas.
Alguns doentes podem pensar e encarar a cirurgia como a “salvação” ou o “milagre”, depositando no cirurgião e na cirurgia todas as esperanças e expectativas. Essa crença pode colocar em risco o êxito do tratamento, pois retira a autorresponsabilidade. Os pacientes tendem a se tornarem passivos, isto é, acreditam que não demandará nenhum esforço. A cirurgia bariátrica requer forte adesão no pós-cirurgia do paciente como modificações alimentares, comportamentais e no estilo de vida.
Um exemplo seria um obeso que emagrece significativamente após a cirurgia, mas, continua comendo compulsivamente, causando complicações médicas. Esse caso não pode ser considerado um sucesso terapêutico. Pode-se perceber então, que a cirurgia atua no peso, na consequência da obesidade e não na causa. Como já mencionado, não existe uma única causa ou causa específica, mas nesse caso são identificadas questões emocionais, como a compulsão alimentar que precisa ser identificada e trabalhada nas fases que antecedem a cirurgia e também no pós-cirurgia de acordo com o caso.
Faz-se necessária a Avaliação Psicológica que, desde 2015, foi considerada pelo Conselho de Medicina primordial no acompanhamento pré-cirúrgico. Tratam-se de algumas sessões de avaliação e atendimento que o paciente obeso terá com o profissional da psicologia, em que este construirá um laudo de aptidão ou não, levando em consideração alguns critérios, para ser submetido a cirurgia. Enfim, ideal seria, se esse acompanhamento psicológico se estendesse na internação e no pós-cirurgia, já que pesquisas revelam altas correlações no pós-operatório com casos de depressão, comportamentos antissociais e até suicídios.