Os tempos do primário e do ginásio

Muitas coisas são inesquecíveis, como as provas impressas em mimeógrafo com letras azuis, com o forte cheiro de álcool
Juliana Schionato, Comerciante | Instagram: @Julianaschionato

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A vida escolar das crianças dos anos 60, 70 e 80 era muito diferente.
Vamos viajar no tempo e começar falando já na entrada dos alunos na escola. A obrigação do aluno era apresentar a carteirinha de presença e essa carteirinha era carimbada, provando a frequência do aluno na escola. Nessa carteirinha, também eram anotados os problemas comportamentais dos alunos para que os pais pudessem acompanhar.
O ensino fundamental, antigamente, eram o primário e ginásio. Atualmente, não existe mais essa divisão. Já o atual ensino médio era chamado de científico e, posteriormente, ficou conhecido como 2º grau.
Nos anos 60 e 70, o aluno que concluía o ensino primário tinha que ser aprovado no exame de admissão para dar continuidade aos estudos no ginásio. O aluno aprovado por meio de um exame admissional recebia uma carteirinha com seus dados, atestando que ele estava apto para o novo ciclo.
Nessa época, a desistência pelos estudos era muito grande, tanto pela necessidade de trabalhar quanto pela falta de incentivo.
Muitos desistentes da vida escolar na infância acabaram fazendo o supletivo, criado nos anos 70 (hoje o atual EJA), anos mais tarde, para concluir o ensino fundamental e médio.
Dessa época, muitas coisas são inesquecíveis, como as provas impressas em mimeógrafo com letras azuis, às vezes bem apagadas, que eram distribuídas entre os alunos com o forte cheiro de álcool. O quadro negro era negro e não verde e nem branco como a maioria dos que vemos atualmente e o professor usava giz. Nessa época, os professores eram muito respeitados.

Os materiais eram levados em bolsas ou picuás, muitas vezes, feitos em casa pelas mães.
Os cadernos eram brochuras e traziam na contracapa os hinos (Nacional, da Independência e da Bandeira) que eram sempre cantados no início das aulas. Muitos eram encapados com o tradicional plástico xadrez. O estojo para guardar o material era de madeira, e não havia muita coisa, apenas caneta esferográfica, borracha, apontador, lápis preto e de cor, régua, esquadros e compasso.
Os uniformes eram sempre de cores tradicionais. Os calçados dos meninos eram os tênis “Ki-Chute” ou “Conga”. As meninas usavam tênis ou sapato tipo boneca.
O recreio era a melhor hora. A merenda, servida em pratos e talheres plásticos e sempre muito gostosa, deixou saudade em muitos. Impossível não lembrar da merenda servida na Escola da Usina Esther. Quem estudou nessa escola lembra, com muito carinho, até hoje, da comida e das cozinheiras. Elas faziam tudo com muito amor. Impossível não recordar da Dona Cyra, Dona Margarida e a Dona Marli.
Todos os anos, apareciam na cidade uns fotógrafos de recordação escolar. Para fazer a foto, ficávamos sentados numa mesa, onde tinha uma placa com o nome, série, ano e um globo terrestre.
Esses foram verdadeiros anos dourados…