Pacientes com sequelas da Covid-19 começam a chegar na rede básica de saúde

Passados mais de cinco meses desde o primeiro caso de Covid-19 diagnosticado no Brasil, médicos do Programa de Residência em Medicina de Família e Comunidade (PRMFC) da Faculdade de Ciências Médicas (FCM) da Unicamp começam a observar o surgimento de uma nova demanda de atendimento nos serviços de Atenção Primária em Saúde (APS) de Campinas: a chegada de pacientes com sequelas pulmonares, cardíacas ou renais decorrentes da Covid-19.

“São pessoas que necessitam de atendimento contínuo na rede pública de saúde, e que dão entrada no Sistema Único de Saúde (SUS) pelas Unidades de Pronto Atendimento (UPAs) ou Unidades Básicas de Saúdes (UBSs). Neste cenário, as equipes que atuam nesses locais, especialmente os profissionais da área de Medicina de Família e Comunidade, desempenham papel relevante no acompanhamento longitudinal desses indivíduos”, explicou o docente do Departamento de Saúde Coeltiva da FCM, Rubens Bedrikow.

Dentre os problemas apresentados, os pacientes com sequelas pulmonares, cardíacas ou renais da Covid-19 apresentam sintomas como cansaço intenso, diminuição da função respiratória e dificuldade para realizar as atividades da vida cotidiana. “Nesses casos, é crucial o acompanhamento e controle rigoroso de doenças crônicas como hipertensão arterial, diabetes, insuficiência cardíaca, asma, bronquite, enfisema, entre outras”, comentou o especialista.

Em Campinas, a FCM conta com 17 residentes dessa área distribuídos em seis UBSs do município, nas regiões Leste e Norte da cidade. Eles atuam no atendimento dos pacientes com o apoio dos médicos locais e tutoria dos docentes da faculdade. De acordo com Bedrikow, apesar dos muitos desafios que surgiram no contexto do atedimento da população durante a pandemia – como o cancelamento de consultas e cirurgias e o aumento do número de profissionais de saúde afastados por pertencerem aos grupos de risco para a Covid-19 – os residentes da FCM desenvolveram diversas atividades visando à melhoria das condições de saúde dos campineiros.

“Além de assumirem a responsabilidade sanitária de acompanhar os pacientes em domicílio, nas regiões em que atuam, nossos residentes participaram ativamente da reorganização do processo de trabalho nas UBSs, tendo em vista o contexto da pandemia. Eles contribuíram, por exemplo, na formulação de propostas para o acompanhamento à distância dos pacientes portadores de doenças crônicas, fundamental nesse período de isolamento social e que deve permanecer após a pandemia”, explicou o docente.

Por Unicamp