“Em verdade vos digo, quem tiver deixado casa, irmãos, irmãs, mãe, pai, filhos, campos, por causa de Mim e do Evangelho, receberá cem vezes mais agora, durante esta vida; casa, irmãos, irmãs, mães, filhos e campos, com perseguições, e, no mundo futuro, a vida eterna”. Marcos 10, 29-30
“Queridos amigos e leitores, com esse trecho bíblico do evangelista São Marcos quero falar hoje um pouquinho sobre a minha vocação, ou melhor, das consequências da minha vocação, pois a equipe do jornal me pediu, neste mês de agosto, mês em que comemoramos o dia dos pais, o que significa para mim abrir mão da paternidade por causa do celibato.
Pois bem, creio que a Palavra de Deus me ajuda muito nessa explicação, porque eu dou testemunho vivo de que as promessas nela contidas aconteceram na minha vida.
Com 18 anos, eu deixei meus pais, irmãos, amigos e demais familiares na Argentina para começar minha caminhada formativa no seminário aqui no Brasil. Claro que não foi fácil; a saudade tem dia que pesa demais, além de tantos desafios que a vida adulta traz, mais ainda numa realidade na qual fui chamado à renúncia, à austeridade, à vida comunitária entre outras coisas.
Mas eu posso afirmar que nunca, absolutamente nunca, me senti sozinho. Realmente, Deus me concedeu pais, irmãos, irmãs, amigos e também filhos e filhas nessa minha vida sacerdotal, tudo isso, fruto da missão. Afinal de contas, a palavra padre significa pai, pai de um rebanho, pai de uma multidão de fiéis.
O saudoso Papa e hoje São João Paulo II, numa carta endereçada aos padres, dizia que o sacerdócio não pode ser estéril, mas rico em frutos. Ele pedia para cada sacerdote amar com verdadeiro amor paterno o rebanho que lhe era confiado, sobretudo aqueles que mais precisam de amor, os feridos, os desviados, os afastados. Eu carrego esse pedido comigo, com todas as minhas debilidades e fraquezas, procuro sempre que o amor seja o carro chefe do meu ministério, do meu serviço, da minha vida como padre.
Como todo ser humano, eu, como qualquer outro padre, falho, tenho fragilidades, mas mesmo e apesar delas, eu sei que fui escolhido, por isso, dia a dia, tento dar o meu melhor, e quando as minhas forças acabam, me abandono em Deus, é Ele quem cuida de tudo.
Caríssimos, com essa breve partilha, quero apenas dizer que esse ‘abrir mão’ da paternidade biológica, me permitiu ser pai espiritual de muita gente. Nos meus quase 13 anos de sacerdócio, passei por vários lugares, e em todos, fiz da missão, minha casa, minha família, amei e fui muito amado, como amo e sou muito amado aqui. Isso só pode ser graça de Deus. Minha ‘renúncia’ a ser pai, livremente oferecida a Deus, realmente me redeu 100 vezes mais, pois Deus é fiel e Ele ama meu sacerdócio.
Deus te abençoe!
Deus abençoe especialmente todos os pais nessa preciosa vocação à família.
Aquele meu abraço, do meu jeito e do meu tamanho”.
Pe. Diego Fabian Humeniuk
Paróquias Sagrado Coração & Santa Gertrudes