Cuidadores devem dialogar com os professores para melhor proveito da criança no ensino
As férias escolares estão acabando, para uns o período se chama “volta às aulas” e para outros é “o primeiro dia”. Nessa experiência acadêmica da criança, é importante que a família tenha participação e boa parceria com a instituição de ensino.
Segundo a psicóloga Renata Pinheiro, a família é um grupo de suma importância para o desenvolvimento do sujeito. Na sua ausência, a criança ou o adolescente é encaminhado a uma família substituta ou uma instituição para seus cuidados.
E essa desempenha um papel importante no desenvolvimento físico, emocional, na educação formal e informal, oferecendo laços afetivos e promovendo valores éticos, solidários, humanitários e culturais.
Renata explica que “os filhos idealizam os cuidadores, criam expectativas, acreditam que são seres onipotentes e mágicos. Com o tempo, essa desconstrução de papeis idealizados deve ser promovida para contribuir na formação da identidade da criança”.
Nesse período de acesso à convivência fora do ambiente familiar, Renata diz que os professores acabam se configurando como modelos substitutos de autoridade. Sendo assim, a criança acaba depositando suas angústias, frustrações, raivas e amor. A psicóloga explica que “isso acontece, pois, a criança ou adolescente estão em contínua formação psíquica, não possuindo todos os recursos internos para lidar com situações e emoções que surgem no processo próprio do crescimento”.
A modernidade trouxe mudança na constituição das famílias. Com isso, os costumes, antes conservadores, foram alterados pela evolução tecnológica, pelas mudanças nos paradigmas e agora cada família estabelece uma dinâmica singular.
Renata salienta que, com essa alteração, muitos “cuidadores colocam os filhos em creches e escolas desde muito cedo. Mas, cabe ressaltar que esse movimento não se prediz como errado ou certo, e sim, uma realidade que vivemos em nossa cultura”.
Além de colocar os filhos na escola, é necessário que a família o acompanhe frequentemente e ajude-o, dando o suporte necessário. Renata lembra que “o filho precisa sentir-se acolhido, amparado, que os cuidadores estejam presentes. Isso não somente nos primeiros anos da vida escolar, mas sim, durante todo o processo, que faz parte significativa da vida, independente da sua idade”.
Ela alerta que se isso não for possível, pode favorecer um sentimento de negligência e abandono por parte da criança. A carência de afetividade, acolhimento, podem, inclusive, contribuir para uma falta em seu desenvolvimento, desinteresse, resultando em uma possível indisciplina e o baixo rendimento escolar.
É valido investir na construção de boas relações entre a família e a escola. O diálogo, a compreensão, o compromisso são elementos indispensáveis para que se consiga terra fértil. Ambas têm um papel importante e significativo na condução de crianças e jovens a um futuro melhor. Contudo, percebeu-se que a escola precisa da família, tanto quanto a família precisa da escola.
Apesar da maioria das famílias buscarem matricular seus filhos nas melhores escolas, a psicóloga diz que a escola por si só não consegue substituir o papel da família. Como também, o contrário também não ocorre.
A escola, professores, instituição e a família, cuidadores, podem caminhar de forma simultânea a fim de facilitar esse processo. Uma ligação estreita e continuada entre ambos leva, pois, à informação mútua, resultando em ajuda recíproca, essencial para a formação do indivíduo.
Os cuidadores e professores devem dialogar de forma aberta, com acolhimento de opiniões e ideias, sem que os mesmos se sintam criticados, julgados ou avaliados. Deve-se estabelecer uma relação de confiança. Renata lembra que “é importante pontuar que, para se obter mudanças significativas, devemos buscar soluções para tais situações, ao invés de somente procurar culpados”.
Algumas reflexões e atitudes que facilitam esse trabalho
A psicóloga Renata Pinheiro dá algumas dicas de como se pode estabelecer melhores relações entre a instituição e os cuidadores.
A escola, na preocupação com a relação com o aluno, interagindo, compreendendo sua dinâmica familiar, o que está acontecendo com o mesmo em sua vida, com seus familiares, acolhendo suas angústias, sonhos e expectativas. Convidando os pais a participarem e acolhê-los. Visando que a escola é sua segunda casa, colaborando para que se sinta à vontade, não sendo castradas sua criatividade e emoções. Inclusive, fazendo os devidos encaminhamentos, quando necessário.
Os cuidadores, na participação ativa da vida dos filhos, colaborando para um melhor desempenho dos mesmos. Ajudando o filho no que for preciso em relação a conteúdos e provas. Mais que isso, o apoio é essencial. Compreendendo o que é transmitido pela escola, suas necessidades. Não depositando a responsabilidade total para a mesma. Visitando a escola, conhecendo sua dinâmica, os professores, frequentando as reuniões, as comemorações, não estando apenas para apagar incêndios (acidentes, brigas ou adoecimento).