A Páscoa é uma festa universal que todos, de alguma maneira, já ouviram falar. Mas é sempre bom esclarecer que a Páscoa, antes de tudo, é uma festa judaica e cristã. Dos judeus porque os hebreus eram escravos dos egípcios e Deus Se revelou a Moisés e o chamou para libertar este povo. Moisés, com suas limitações e sem um exército, mas em nome de Deus e juntamente com seu irmão, Aarão, pediu insistentemente ao faraó a liberdade do povo de Deus.
Por meio de Moisés, Deus realizou grandes sinais na água, no céu, através de pragas como gafanhotos, rãs e moscas, no entanto, o coração do faraó permanecia endurecido e o povo oprimido sofria ainda mais com seus castigos (Ex 1-11).
Até que um dia, Deus falou a Moisés e Aarão que deveriam convocar o povo para realizar o rito da Páscoa. Cada família deveria tomar um cordeiro, imolá-lo e marcar a travessa da porta com o seu sangue. Naquela noite, deveriam comer esse cordeiro e o que sobrasse deveria virar cinza no fogo. Naquela noite, o anjo do Senhor passaria e as portas que tivessem a marca do sangue do cordeiro teriam os filhos primogênitos preservados. Era a Páscoa, a passagem do anjo do Senhor. Como o faraó e todos os seus não o tinham feito o rito, tiveram seus filhos mortos. Tal situação fez com que o faraó fosse convencido a libertar o povo de Deus. Depois, a Páscoa do Senhor se deu ainda quando o povo de Deus foi perseguido pelo faraó e suas tropas, mas conseguiram escapar porque o mar se abriu (Ex 12-14).
Em Jesus aconteceu de maneira plena a nova e definitiva Páscoa, pela Sua Paixão, Morte e Ressurreição. Ele passou por este mundo fazendo o bem. O Pai enviou o Seu Filho amado para viver uma grande Páscoa. Jesus fez Sua entrega total por amor. Toda vida de Jesus foi pascal e seu ápice aconteceu na Cruz. A cada necessitado que se encontrava com Ele, a Páscoa acontecia. Um cego que passava a enxergar, um leproso que era limpo, um paralítico que voltava a andar, uma multidão que tinha fome da Palavra e era saciada e, posteriormente, alimentada da fome do corpo (Mt 14,13-21).
Jesus quis libertar o homem do pecado e ao libertar do mal do pecado, daquilo que está no interior de cada homem, consequentemente o império do mal cai, o desamor cai, a esperança renasce e a partilha acontece e um pouco do Reino já se é possível ver e viver aqui na terra tendo em vista a vida eterna.
Hoje, sem dúvida, o homem precisa viver a Páscoa, a Páscoa plena. Num mundo tão violento, tão impaciente, tão egoísta, é preciso acolher Jesus e Seu amor extremo de Cruz. Acolher a Páscoa é morrer com Jesus e ressuscitar, é voltar à vida. Aqueles que se encontravam com Jesus nunca mais foram os mesmos; lançavam-se corajosamente numa vida de anúncio do Reino, de partilha de bens; viveram uma vida de amor ao próximo.
Por fim: Moisés foi insistente com o faraó para que libertasse o povo de Deus e precisou ser persistente com este povo devido às suas inconstâncias. No Novo Testamento, Jesus foi insistente e acreditou até o fim em cada discípulo e o resultado foi um apostolado fecundo. Acreditar em Deus e no outro: isso é fé, é esperança, é Páscoa! Assim, diante de um Deus tão insistente, que nos ama, vivamos nossa Páscoa, vamos acolher Jesus e doar insistentemente a vida aos outros. Páscoa é Ressurreição de Jesus, é vida que recebo, é vida que ofereço. Feliz Páscoa!
Padre Marcio do Prado é sacerdote, natural de São José dos Campos (SP), membro da Comunidade Canção Nova e Vice-reitor do Santuário do Pai das Misericórdias