A Páscoa será comemorada no próximo domingo (1º de abril), trazendo como verdadeiro significado a Ressurreição de Jesus Cristo. Entretanto, com o tempo, a data tornou-se motivo de comemoração econômica, já que nos remete, principalmente, aos desejados ovos de chocolate.
Para a pedagoga Maria Gorete Pereira Patekoski, datas comemorativas reconhecem a importância de um fato histórico, homenageiam uma profissão, registram uma conquista social ou política e buscam mobilizar a sociedade em torno de uma causa e conquista.
“Atualmente, a sociedade não vive somente as influências da família ou da escola, mas, também, influências da mídia digital que disputam a atenção e os valores em nossos dias. Com tantas mudanças acontecendo na sociedade, na religião, na família e na economia, vemos a dispersão dos valores que valem a pena serem preservados”, comenta.
Para a especialista, existem alguns motivos que influenciam tal dispersão, como, por exemplo, a evolução e o desenvolvimento da sociedade, que acontecem de forma volátil, deixando a todos com uma grande diversidade de informações para assimilar e acomodar. E, principalmente, pela individualidade de comemoração, já que muitas famílias optam por outros formatos de pensamento e de visão com relação à data comemorativa. “O fator religioso está se perdendo justamente pela autonomia de
avaliação de famílias e escolas”, afirma Gorete.
Com a Páscoa, não é diferente. A pedagoga explica que existem dois modos de comemorá-la: o religioso e o econômico. “O econômico acaba confundindo e perdendo o verdadeiro sentido da Páscoa. Precisamos criar maneiras de manter o verdadeiro sentido, principalmente, para exercitar em nossas crianças a solidariedade, o afeto e a reciprocidade”.
Mas, apesar da grande importância dada ao lado econômico, o mercado comercial não comemora grandes evoluções neste período. O economista José Adilson da Silva afirma que isto se dá, principalmente, pela crise pelo qual o país passa. “O Brasil viveu, nestes últimos anos, uma das piores crises de desemprego da história, com quase 14 milhões de pessoas fora do mercado de trabalho. Com isso, o consumidor está mais contido para gastar”, afirma.
O comerciante Ciro Ballioni, proprietário do Mercado Compre Mais, pode confirmar tal
situação.“Acredito que o clima de Páscoa diminuiu devido ao momento político que o Brasil está passando, que acaba interferindo no bolso do brasileiro e na estabilidade financeira”, comenta Ciro. “Os clientes estão optando por outras variedades, como barras e caixas de chocolate. Além disso, eles estão buscando fazer seus próprios ovos”, continua.
Apesar da procura ainda existir, a parte econômica da data mostra-se preocupada com a área, provando que a desvalorização de datas comemorativas vem sendo um problema para todas as vertentes.
“Ainda não temos uma resposta pronta e nem onde isso vai acabar. Vemos vantagens e desvantagens nestas mudanças de valores que ainda não controlamos e nem temos plena consciência deles”, alerta a pedagoga Gorete.
Para ela, é importante que preservemos os valores que nos remetem à data, adaptando e respeitando a diversidade religiosa e amenizando o valor econômico que incita o consumo em grande escala pelos ovos de chocolate, estes que podem ser substituídos por brincadeiras, experiências, símbolos e comes e bebes em encontros afetivos e festivos comemorativos. “As datas e as comemorações poderão ser oportunidades de lançamentos do sujeito no exercício motivado pelo tema”, finaliza.