Pe Edson viraliza após chamar Bolsonaro de ‘bandido’ e pedir que seus eleitores se confessem

Trecho da homilia foi filmado e disponibilizado na rede

Na noite de quinta-feira, 2, o padre Edson Adélio Tagliaferro, pároco da Igreja Matriz Nossa Senhora das Dores de Artur Nogueira, criticou duramente o presidente da República Jair Bolsonaro durante uma homilia na referida cidade. O trecho do vídeo onde ele diz que “Quem votou nele (Jair Bolsonaro) deveria se confessar, pedir perdão a Deus pelo pecado que cometeu, porque elegeu um bandido para presidente” repercutiu no país e o assunto polêmico foi pauta nacional.
Em outros pontos do discurso, cuja gravação vem sendo compartilhada no Facebook, o padre disse também: “Vocês querem que eu fale aquilo que todo mundo fala, que não deixam ele trabalhar? Não! Bolsonaro não presta. Bolsonaro não vale nada. E quem votou nele devia se confessar, pedir perdão a Deus pelo pecado que cometeu, porque elegeu um bandido para presidente.
Muitas pessoas dizem: padre, cuidado com o que você fala na homilia porque tem gente que não gosta. Ué, o que a gente tem que falar na homilia, senão aquilo que Deus nos pede para falar. Se a gente tá vendo que o governo não presta, o padre não pode falar que o governo não presta porque o povo não quer ouvir isso?”, indagou.
Procuramos pela assessoria de imprensa da Paróquia N. S. das Dores, que se desculpou e afirmou não poder comentar nada sobre o assunto.

Nota da Diocése
Uma nota oficial foi emitida pela Diocese de Limeira, onde um trecho diz que o padre se excedeu. “Uma parte da homilia ganhou repercussão midiática pelo uso de palavras inadequadas em sua referência ao Exmo. Sr. Presidente da República. Pe. Edson Adélio Tagliaferro reconhece que se excedeu em suas palavras e pede desculpas ao Exmo. Sr. Presidente da República e a todos que se sentiram de algum modo atingidos”.
O texto ainda diz que a opinião pessoal do padre não representa a Diocese. “Cabe esclarecer ainda que qualquer opinião pessoal e isolada oriunda de um membro do presbitério diocesano, com relação a fatos e personagens da política nacional, não representa a posição da Diocese de Limeira, que só se manifesta oficialmente na pessoa do seu Bispo Diocesano”. A nota finaliza reiterando o posicionamento da Igreja perante a política. “A Igreja não se identifica com nenhuma ideologia ou partido político”.

Nota do Pe Edson
Já uma nota divulgada pelo próprio padre Edson Tagliaferro diz que o vídeo foi retirado de um contexto. Veja, na íntegra, pontos específicos do posicionamento:
“No dia dois de julho, durante a missa, fiz a homilia de costume. Havia cerca de cento e dez locais conectados conosco para a celebração da missa. A homilia foi cortada em um trecho específico e o vídeo viralizou. Quero comentar sobre isso. Primeiro, vendo apenas a parte selecionada, fica descontextualizada a fala. Por isso, a necessidade de esclarecimentos. Na missa do dia, tínhamos a leitura do profeta Amós (Am 7, 10-17), que como todo bom profeta, foi incisivo em sua fala contra o rei Joroboão II, rei de Israel. Também no Evangelho (Mt 9,1-8), Jesus tem um embate com os fariseus por perdoar os pecados de um paralítico. Antes de tudo, é bom que saibam reconhecer no padre um ser humano que também sofre as incoerências da vida, tem suas lutas interiores e desafios exteriores a enfrentar. Naquele dia específico, eu tive uma conversa acalorada com uma apoiadora do presidente da República. Isso talvez tenha sido decisivo para o ocorrido.
Eu sabia das consequências embora não imaginasse que pudesse sair dos limites da cidade onde vivo.
O pano de fundo da referida homilia não foi pregar o ódio e divisões. Não tinha a intenção de fazer críticas vazias e apenas provocativas. Mas meu objetivo claro foi dizer que, como cristãos que somos, não podemos ser dúbios quanto a prática da fé. Mais que uma crítica política, foi uma provocação teológica. Não foi a defesa de outro partido político como alguns disseram”.
O padre Edson finalizou com a seguinte frase: “Rezem por mim!”.