Bonita, minha filha ama dinossauros – Sarah me disse no piquenique do qual estávamos participando. – Enquanto ela estava no acampamento de verão, uma criança disse a ela que os dinossauros foram criados por Satanás. O que você acha?
Depois de discutirmos sobre arqueologia, antediluvianos e amalgamações, concordamos com uma coisa: a ideia de que Satanás havia criado os dinossauros era ridícula! É claro que isso levou a uma discussão sobre os extremos na igreja.
Minha outra amiga Mary contou como havia decidido que não enviaria seus filhos para a escola associada à igreja que ela frequentava. A amiga dela, que também estava colocando os filhos em outra escola, disse que aquela igreja era muito grande e hostil, e que nunca havia se sentido parte daquele lugar.
Mary olhou para mim e disse, referindo-se à sua amiga:
– Eu sempre a considerei um membro íntimo. Estou chocada.
Sarah e Mary faziam parte da nossa antiga “panelinha” de classe. Adjetivos para descrever “A Panelinha” poderiam incluir: espalhafatosa, impetuosa e intimidadora. Nosso grupo costumava apelidar todas as pessoas do campus (e nem sempre eram apelidos agradáveis). Embora quase 30 anos tenham se passado, a criança que ainda havia dentro de mim precisava saber o meu apelido. Então, eu perguntei a Mary. Ela olhou para mim, fez uma pausa e disse:
– Não demos apelido a você. Acho que a respeitávamos muito.
Pensei naquilo por alguns instantes e disse:
– Sabe, Mary, isso me faz lembrar da situação da igreja, a qual estávamos discutindo há pouco. Eu pensei que você era um membro íntimo. Você pensou que sua amiga era um membro íntimo. Ela, por sua vez, achava que outras pessoas o eram. Mas a verdade é que todas nós estamos apenas tentando encontrar um lugar para pertencer, não é mesmo?
Quer vejamos dinossauros, “panelinhas” ou outras peculiaridades da natureza que não compreendemos, conhecemos ou enxergamos, temos a tendência de colocar rótulos nessas coisas. No entanto, quando deixamos de lado os nossos pensamentos infantis e inseguranças e amadurecemos, podemos buscar compreender e conhecer outras pessoas assim como nós mesmas queremos ser compreendidas e conhecidas. O nosso espelho se torna menos embaçado e começamos a enxergar nós mesmas, Deus e outras pessoas, de maneira mais clara.
Bonita Joyner Shields
