Perda auditiva infantil: como saber se seu filho tem esse problema

A audição é um dos sentidos mais importantes para o ser humano. Desde a infância, ela desempenha um papel fundamental na vida das pessoas. Por isso, enquanto criança, a audição precisa ser exercitada e testada desde muito cedo.

Segundo a otorrinolaringologista Dra. Inayá Porfirio Camponez do Brasil, atualmente, é feita a triagem auditiva neonatal, que é realizada em recém-nascidos de dois a três dias, com uma aparelhagem simples, totalmente indolor para a criança e de duração rápida. “Trata-se de um fone de ouvido acoplado a um computador que emite sons e capta respostas do ouvido interno do bebê, que se encontra dormindo, sem ser necessário incomodá-lo. Chamado de teste da orelhinha, ou otoemissões acústicas, é importante para o diagnóstico precoce da surdez. Além das otoemissões acústicas, temos também os potenciais evocados que podem ser realizados em recém-nascidos.”

A perda auditiva infantil gera diversos problemas, além da surdez em si. Isso porque compromete o desenvolvimento da criança. “A criança com perda auditiva apresenta atraso no desenvolvimento da fala, distúrbios comportamentais, como agressividade ou isolamento, e falta de concentração. Os pais devem prestar atenção em algumas atitudes da criança, como aumentar o volume da TV, não atender ou responder de imediato, falar muito alto, aproximar o ouvido da pessoa que está falando com ela e dificuldade no aprendizado escolar”, alerta a especialista.
Além disso, a Dra. Inayá explica que a perda auditiva pode ser congênita, que acontece antes do nascimento da criança e, muitas vezes, tem como causa a predisposição genética e adquirida, ou seja, a criança pode perder audição devido a outros fatores, como doenças graves ou infecções de ouvido.

“No caso da surdez congênita, o uso de medicamentos ototóxicos na gravidez, prematuridade, anomalias congênitas e também a transmissão de doenças, como a sífilis, citomegalovirus, rubéola e toxoplasmose podem contribuir para a perda de audição da criança. A surdez adquirida pode acontecer por hipóxia durante o parto, como, por exemplo, quando o bebê nasce com o cordão umbilical enrolado em seu pescoço. Outros problemas no parto, como doenças virais, meningite, sarampo, rubéola, parotidite epidêmica (caxumba) e também por uso de medicamentos ototóxicos. Uma das causas mais frequentes de perda auditiva infantil é a inflamação de ouvido ou otite, que acarreta perda auditiva reversível dependendo do caso.”

Dra. Inayá Porfirio  Camponez do Brasil Otorrinolaringologista CRM 55595

Dra. Inayá Porfirio
Camponez do Brasil
Otorrinolaringologista
CRM 55595

Os sintomas da perda auditiva são, basicamente, alterações no comportamento, como falar alto demais, dificuldade em repetir ou imitar sons, ouvir TV com volume alto, secreções presentes nos ouvidos de origem infecciosa e atraso no desenvolvimento de forma geral. As conseqüências são, principalmente, problemas de aspecto social e psicológico.

A especialista explica que, em relação ao tratamento, vai haver variação de acordo com o do tipo de perda auditiva. A perda condutiva pode ser tratada clinicamente com medicamentos ou por meio de cirurgia, com melhora total da audição. A perda neurossensorial, de caráter irreversível, pode ser melhorada por uso de próteses auditivas e até mesmo por cirurgia de implante coclear, porém, os casos devem ser submetidos à avaliação específica.

Os pais podem testar a audição de seus filhos através da observação do comportamento que varia conforme a idade. “No primeiro mês, a criança reage ao barulho com sobressaltos ou até mesmo vira a cabeça na direção da fonte sonora. No segundo mês, passa a diferenciar sons; com 3 meses ou 4 meses já reconhecem a voz dos pais; com 5 e 6 meses já balbuciam e dão gargalhadas; com 7 e 8 meses já associam gestos com sons; com 11 meses a 12 meses já entendem algumas palavras”, explica a Dra. Inayá.

Para melhorar a capacidade auditiva de seus filhos, os pais devem observá-los em suas reações. “Conversar, cantar, brincar com eles, dar-lhes instruções, mostrar figuras e interagir com eles o máximo de tempo possível é benéfico para a saúde da audição. Ao suspeitar de deficiência auditiva, o ideal é procurar um especialista para que seja detectado mais brevemente possível o problema, para que a criança tenha uma vida saudável e normal. As crianças devem ser levadas para o pediatra para avaliação geral e vacinação, o qual também pode perceber a perda auditiva de forma precoce e já encaminhar ao otorrinolaringologista”, orienta a especialista.