A pista de “Dirt Jump”, modalidade BMX FREESTYLE “estilo livre”, onde o piloto realiza saltos com manobras em rampas de terra, e Cosmópolis com a pista já com nome conhecido “COSMOTRAILS” comemora oito anos neste ano.
Todo ano, a pista, construída pelos próprios atletas, conta com um evento. Em 2017, o evento será neste sábado, 22, onde os pilotos locais e convidados participarão de uma “Jam Session”, nome dado para eventos de participação livre, não competitivos e de incentivo a novos participantes.
Considerada referência na modalidade por pilotos de São Paulo e Região Metropolitana de Campinas (RMC), a pista, construída pelos próprios praticantes do esporte, receberá diversos atletas de todo o Brasil, se tornando plataforma de manobras de alto nível de complexidade dentro da modalidade.
É o quinto ano de eventos no local, iniciados em 2012 após a reforma. No primeiro ano, 2012, foi realizada uma “Jam Session”, concentrando 80 atletas e 70 espectadores. Já nos anos seguintes, os números foram subindo, chegando a alcançar em torno de 120 atletas, profissionais e amadores, disputando um campeonato (2015).
O atleta Rodrigo Gustavo Bueno, que foi um dos idealizadores, conta que o sucesso da pista se deu por conta da qualidade e das amizades. “Quando fizemos a reforma em 2012, em Valinhos, ainda não estava consolidada; em Santa Bárbara d’Oeste, também não; eram poucas na região. Então, quando o pessoal que veio no evento, em 2012, saiu falando para todos que a pista era boa, isso movimentou ainda mais nossas atividades”.
Além de manobras, os eventos contam com praça de alimentação, caixa de som, sorteio de peças doadas por lojas especializadas e tatuagens de um estúdio de Piedade de São Paulo.
Mas, para realizar o evento, não bastam atletas e uma equipe de apoiadores, existe também uma dedicação de diversos fins de semana e muito suor, como conta Rodrigo.
O planejamento começa seis meses antes, juntamente com a manutenção das rampas, feita à mão após os meses de dezembro, janeiro e fevereiro, período de chuvas intensas.
Uma das dificuldades, como conta o atleta, está no corte do mato que cresce na região. “Temos que pedir para a Prefeitura realizar o corte toda vez que o mato está alto”.
O início
Com alturas de até três metros e distância de vão que chegam a 4 metros, as rampas, localizadas atrás da pista de bicicross, chamam a atenção de quem passa pelo retorno da guarita do Ginásio de Esportes, principalmente, se tiver um ciclista nela. Isso porque o atleta pode chegar a seis metros de altura do chão.
Entretanto, nem sempre aquela região foi usada para a prática esportiva. Até 2009, ano que começaram a construção das rampas, o terreno era usado com outra finalidade. O atleta conta que, na época, o espaço era usado como depósito de lixo irregular.
Vendo essa situação, os atletas da modalidade decidiram construir, com as próprias mãos, uma pista. “Estávamos sem lugar de terra para andar e como morávamos próximo do local e o lugar por ser depósito de lixo irregular pensamos em dar vida ao lugar e porque não sonhar em ter uma pista descente para a prática do esporte”.
Tudo começou com algumas pás e carriolas, que retiravam terra do barranco, concentravam e compactavam a terra formando as rampas. Com o tempo, as rampas começaram a crescer e foi aí que os atletas viram o potencial de criar algo grande.
Por meio de uma negociação com a Prefeitura Municipal de Cosmópolis, os atletas do Dirt Jump conseguiram a doação de 60 caminhões de terra e três dias de retroescavadeira.
Com essas ferramentas e a ajuda voluntária de diversos atletas de São Paulo, Limeira, Valinhos, Americana, Santa Bárbara do Oeste, Paulínia, Campinas, Amparo e outros os cosmopolenses conseguiram construir a pista da forma que sempre sonharam e passaram a ser referência em território nacional no esporte.
Reconhecimento
Desde a primeira Jam Session, 2012, Cosmópolis se tornou rota essencial para os praticantes da modalidade Dirt Jump, com reconhecimento de diversas mídias especializadas na modalidade, desde revistas, canais do youtube e até sites. Em seu primeiro ano, o evento contou com a cobertura do canal de esportes ESPN.
Os atletas locais Rodrigo Bueno, Thiago Belintani, Junior JP, Neander “TE”, Bruno Spagnol e o paulistano Blue Herbert, proprietário do site especializado “BMX20” são os responsáveis pelos eventos e idealização da pista.
A modalidade
A modalidade “dirt jump” é uma das mais bonitas de assistir e uma das mais difíceis de praticar. Numa tradução livre, o “salto na terra” é possível executar com bikes no estilo BMX (aro 20) e MTB (aro 26), com geometrias de quadros e componentes apropriados para a disciplina, ou seja, forte o suficiente para aguentar muito impacto e sobreviver as quedas.
As rampas podem variar de acordo com a competição ou a pista, assim como a distância entre elas. O maior desafio para os atletas é realizar as manobras perfeitas.
O Dirt Jump evoluiu ao lado das corridas de BMX e é semelhante ao Bicicross em que o piloto salta em rampas de terra. Isso difere em que os saltos são geralmente muito maiores e projetados para levantar o piloto mais alto no ar. Além disso, o objetivo não é completar o curso com o tempo mais rápido, mas sim realizar os melhores manobras e com o melhor estilo.
A modalidade surgiu nos Estados Unidos, em meados de 1970, quando pilotos do bicicross começaram a realizar manobras para atrapalhar os adversários nas corridas. Com a proibição de manobras durante as corridas, esses atletas passaram a construir suas próprias pistas, realizando, assim, as alterações nas rampas para realizar manobras.