Policiais Civis, do Setor de Investigações Gerais (SIG), da Delegacia de Cosmópolis, realizaram uma operação de combate ao desvio de combustível.
Investigadores cumpriram um Mandado de Busca e Apreensão em uma empresa, localizada no quilômetro 147, da Rodovia Professor Zeferino Vaz, SP 332.
Os Investigadores chegaram ao local após meses de investigação.
Segundo o SIG, o trabalho de campana já vinha sendo feito há algum tempo. A atividade da empresa chamava atenção, já que o funcionamento ocorria apenas no período da noite e também nos fins de semana.
Para o Delegado, responsável pelo caso, Dr. Fernando Fincatti Periolo, “pessoas já tinham entrado em contato com os investigadores e informado de que lá poderia estar ocorrendo o refino de combustível ou algo do tipo, já que do lugar exalava um cheiro característico muito forte. No local, já funcionou, em outra época, uma empresa neste sentido. Então, nós pedimos um Mandado Judicial para verificar se estava ocorrendo esse refino ou não”.
Diante dos indícios, apresentados pela Autoridade Policial, a Juíza da Comarca de Cosmópolis concedeu a expedição do mandado.
O delegado também completou que “após alguns dias de algumas investigações preliminares, percebemos que não era em todos os dias que a empresa funcionava. Funcionava de portas trancadas, mas, de vez em quando, entrava algum caminhão lá dentro”.
Na manhã de segunda-feira (8), por volta das 8h, os Policiais foram ao local para darem cumprimento ao mandado.
Ao chegarem ao local, eles encontraram duas pessoas e também um veículo, que estava carregado.
Uma das pessoas era o zelador e a outra, o motorista de uma carreta bitrem, que estava no local.
O zelador apresentou um documento, da Cetesb (Companhia Ambiental do Estado de São Paulo), informando que, no local, não poderia haver nenhum tipo de atividade. Com isso, ele tentava mostrar que o local estava fechado, sem funcionamento. Porém, uma carreta bitrem, carregada, tinha acabado de chegar ao local.
Nos tanques, estavam cerca de 46 mil litros de um óleo preto e grosso.
Sobre a carreta, o delegado explicou que “a princípio, pensou-se que fosse petróleo. Porque era semelhante apreendido em outra empresa. Preliminarmente, a Petrobras descartou que fosse petróleo e, aparentemente, é óleo marítimo, utilizado em caldeiras”.
Dentro do barracão da empresa, estavam três veículos guardados. Além disso, também havia indícios de que o local funcionava.
A empresa também contava com uma oficina de manutenção, caso os equipamentos apresentassem problemas, e um refeitório. Um laboratório de análise também estava instalado dentro do prédio.
Também no barracão, ao lado do escritório, existia até mesmo um dormitório. No quarto, três beliches estavam arrumadas, com roupas de cama e também cobertores.
Diversos tanques estavam com material para ser processado.
Petróleo
Técnicos da Replan (Refinaria Planalto), em Paulínia, foram avisados sobre a localização do óleo.
Cerca de seis funcionários da refinaria foram até o local para retirar amostras.
Amostras do óleo foram colhidas de dentro do tanque da carreta e também dos tanques do prédio.
O material colhido foi levado para o laboratório de análises da refinaria.
O armazenamento e transporte de petróleo no Brasil são atribuições da Petrobras.
Caso se confirme que o óleo seja petróleo, a Agência Nacional do Petróleo (ANP) também será informada sobre a ocorrência.
Peritos, do Instituto de Criminalística (IC), de Americana, também foram acionados e estiveram no local.
Apesar de não estar funcionando, o local foi encontrado com computadores ligados e também um forte sistema de vigilância.
Cerca de vinte câmeras de vigilância, inclusive com sistema de filmagem noturna, estavam funcionando na empresa.
Os investigadores suspeitam que o local também era monitorado à distância.
O proprietário da empresa, Adilson Vargas da Costa, esteve presente no local e acompanhou o trabalho dos Policiais.
A reportagem da Gazeta de Cosmópolis entrou em contato com ele, que respondeu algumas questões.
Gazeta de Cosmópolis Qual a atividade da empresa?
Adilson Vargas da Costa: Reciclagem de resíduo oleoso proveniente de navio.
Gazeta: A Planta em Cosmópolis estava operando?
Adilson: Estamos em fase de conclusão das instalações atendendo as normas Ambientais da CETESB.
Gazeta: Na segunda-feira (8), houve o cumprimento de um mandado de busca na planta da empresa instalada em Cosmópolis. O que a empresa tem a relatar sobre isso?
Adilson: Entendemos que a ação Policial foi consequência das ações que ocorreram em algumas empresas nas cidades vizinhas, onde houve apreensões por atividades suspeitas de ilicitude.
Pra nós, a Ação Policial transcorreu de forma profissional e respeitosa pelos agentes da SEGURANÇA PÚBLICA DO ESTADO DE SÃO PAULO (Polícia Civil de Cosmópolis).
Gazeta: Um veículo estava na empresa carregado de material suspeito. Que material era esse?
Adilson: Resíduo oleoso proveniente de navio contaminado com água, possuindo toda documentação necessária.
Gazeta: O produto seria descarregado em Cosmópolis?
Adilson: Não.
Gazeta: O veículo foi apreendido ou apenas a carga foi depositada judicialmente?
Adilson: O veículo não foi apreendido, pois, a documentação está em perfeita ordem.
A carga foi retida para colheita de amostras e para a devida análise. Posteriormente, foi liberada, pois, tem origem, nota fiscal e destino final.
O veículo estava no pátio da empresa simplesmente porque o motorista parou para dormir e seguiria viagem ao destino final.
Gazeta: Técnicos da Petrobras e também peritos do Instituto de Criminalística (IC) colheram amostras dos produtos na carreta e em outros tanques. Qual era o produto armazenado?
Adilson: Resíduo oleoso proveniente de navio contaminado com água.
Isso ficou comprovado através do laudo pericial emitido pelos peritos da Petrobras, documento que já se encontra com a autoridade Policial.