O acusado dos disparos de espingarda calibre .12, que mataram duas pessoas em um pesqueiro, foi preso na manhã de terça-feira (22).
O mandado de Prisão Preventiva, em desfavor do indiciado, pintor, 37 anos, foi expedido pela Juíza da Vara Criminal de Cosmópolis, na sexta-feira (18). Policiais tentaram cumprir o mandado, porém, o indiciado não foi localizado.
Na manhã de terça-feira, o acusado se apresentou espontaneamente, com o seu advogado, no Plantão Policial, da Delegacia local.
Algumas diligências ainda serão cumpridas pelos Investigadores do Setor de Investigações Gerais (SIG), da Delegacia local, na tentativa de esclarecer algumas divergências existentes entre os depoimentos do acusado e também do pai de uma das vítimas.
Relembre o caso
O crime aconteceu na terça-feira (8), quando o indiciado se dirigiu até um pesqueiro, no Bairro Nova Campinas, com uma das vítimas, que era seu amigo, e um outro colega de trabalho.
Segundo sua versão, apresentada em depoimento, o acusado dos disparos e os amigos se envolveram em uma confusão, com outras pessoas que estavam no local.
Durante a confusão, o indiciado pegou a arma, uma espingarda calibre .12, e realizou um disparo, que acabou atingindo duas pessoas, que estavam no local.
Uma das vítimas, João Carlos dos Santos, 37 anos, que chegou com o indiciado ao pesqueiro, tentou intervir na confusão e foi atingido por um tiro no peito. Em depoimento, o indiciado disse que a espingarda era sua e também da vítima fatal, João Carlos dos Santos.
Outro disparo atingiu Wederson Ramos de Souza, 23 anos, que estava no pesqueiro juntamente com o pai, que também foi atingido, e um irmão.
O indiciado socorreu o amigo, João Carlos dos Santos, que foi levado ao Pronto Socorro (PS) local, porém, faleceu logo após chegar ao hospital.
Wederson e o pai foram socorridos por uma testemunha do crime, que estava no pesqueiro no momento dos disparos. Wederson recebeu o atendimento de urgência no Hospital Beneficente Santa Gertrudes e foi transferido para o Hospital das Clínicas da PUC (Pontifícia Universidade Católica), de Campinas. O rapaz faleceu três dias depois, na sexta-feira (11). O pai de Wederson sofreu apenas alguns ferimentos de raspão.
Depoimento do autor
Por volta das 16h30, da quarta-feira (9), o acusado do homicídio chegou ao Plantão Policial, acompanhado de seu advogado, para prestar esclarecimentos e contar a sua versão sobre o crime.
Ao ser questionado sobre a arma do crime, ele falou onde estava. Ele acompanhou os Agentes do Setor de Investigações Gerais (SIG) até o local onde a arma estaria escondida.
A arma, uma espingarda, calibre .12, ainda estava com os dois cartuchos que, segundo o acusado, foram disparados no momento do crime.
Em depoimento, o Pintor alegou que era amigo da vítima fatal. Segundo ele, a arma utilizada no dia do crime, inclusive, pertencia aos dois. Ele disse que ele e a vítima haviam comprado a arma algum tempo atrás e que pagaram o valor de R$ 2.000,00. O pagamento foi feito parte em dinheiro e parte em outros objetos, que acabaram entrando na negociação.
O pintor informou que, apesar de terem a arma há algum tempo, eles nunca haviam realizado disparos com ela. Na noite do crime, o Pintor chamou a vítima e foram ao pesqueiro, juntamente com outro amigo.
Utilizando a Van em que trabalhavam, o Pintor, a vítima fatal e um amigo foram até o pesqueiro. O Pintor disse que passou na sua casa antes e pegou uma blusa e a arma do crime. Segundo ele, a arma foi levada para que fosse limpa e também para que servisse de proteção, já que ficariam na beira do rio até tarde.
Segundo o pintor, após uma discussão com algumas pessoas que estavam no local, precisamente um homem e os seus dois filhos, eles entraram em luta corporal e a arma acabou disparando de forma acidental.
A coronha da espingarda, que é de madeira, apresenta danos. Segundo o Pintor, os danos foram causados durante a confusão que acabou em duplo homicídio.
Ao perceber que o amigo havia sido atingido por um dos disparos, ele e o outro companheiro entraram na van e levaram a vítima para o Pronto Socorro (PS), para que fosse atendida.
O pintor disse que a vítima estava sangrando muito.
Ao chegarem ao Pronto Socorro, o pintor e o amigo pediram socorro. No momento em que a vítima foi atendida, o acusado deixou o local.
O pintor informou que, após deixar o local, ficou desesperado, sem saber que atitude tomar, ou como agir. Ele disse que deixou a Van, utilizada por eles, em frente a uma residência, no Bairro Beto Spana. Segundo ele, o veículo estava com algumas ferramentas, que eram utilizadas no trabalho.
Após abandonar o veículo, saiu sem rumo, entrando em alguns canaviais próximos ao local onde a van foi deixada. Ele permaneceu no meio do canavial até de manhã, quando saiu e procurou um irmão de igreja, para se aconselhar. Depois, com a ajuda do irmão, ele procurou um advogado e resolveu se entregar.
A espingarda foi apreendida e enviada ao Instituto de Criminalística, onde passará por exames balísticos.
Prisão Preventiva
Apesar de se apresentar logo após o crime, a prisão preventiva em seu desfavor não havia sido pedida, já que o pintor tem emprego e residência fixa.
Porém, durante a investigação, algumas divergências entre os depoimentos dos envolvidos foram apresentadas, o que levou o delegado, responsável pelo caso, pedir a Prisão Preventiva do autor do crime.
A prisão preventiva não tem prazo máximo de permanência na cadeia. Segundo o artigo 312 do Código de Processo Penal Brasileiro, a prisão preventiva deve atender aos seguintes requisitos: a) garantia da ordem pública e da ordem econômica (impedir que o réu continue praticando crimes); b) conveniência da instrução criminal (evitar que o réu atrapalhe o andamento do processo, ameaçando testemunhas ou destruindo provas); c) assegurar a aplicação da lei penal (impossibilitar a fuga do réu, garantindo que a pena imposta pela sentença seja cumprida).
Agora, após a prisão do indiciado, ele deve prestar um novo depoimento e será levado para a Cadeia Pública de Sumaré. De lá, após a liberação de uma vaga, ele deve ser levado para um Centro de Detenção Provisória (CDP), da região.