*Ângela Abdo
Imagine as crianças crescerem ouvindo os pais dizerem que elas são burras, desastradas, medrosas, relaxadas. O capítulo 1 do livro de São João nos diz que, no princípio, era a Palavra, e a Palavra era Deus, a qual se fez carne e habitou entre nós. Isso nos mostra que as palavras são poderosas para invocar o processo de criação ontem, hoje e sempre.
Há vários exemplos na Bíblia que confirmam isso, como quando Deus ordenou que a luz, a terra, a água e todas as outras coisas fossem criadas. Presenciamos o cumprimento do propósito da Palavra, pois ela cria, liberta, faz o mar se abrir, a montanha mudar de lugar e convence pessoas a mudarem de hábitos.
Estamos expostos tanto às palavras boas como às más. O mundo está cheio de crianças e adultos com traumas provocados por ameaças, descontroles e situações de medo, que provocam inseguranças nas pessoas. Precisamos ter cuidado com as palavras que saem da nossa boca, pois podem ser bênçãos ou maldições lançadas sobre a vida de nossos filhos. Existem pessoas que abençoam qualquer que seja a situação; outras reclamam de tudo o que lhes acontece.
Os pais influenciam na construção da identidade de seus filhos e, dependendo das palavras, podem ajudá-los a ter uma visão positiva ou negativa de si mesmos. Se elas ouvem eles dizerem que são burras, desastradas, medrosas, vão crescer se vendo nesse espelho e, provavelmente, vão se transformar em adultos com conhecimento pessoal inadequado e baixa autoestima. Se elas têm algum problema, ajude-as! Falar a verdade reduz associações emocionais erradas.
Por outro lado, crianças que escutam os pais falarem bem de suas habilidades em cantar, conversar, organizar e aprender, quando eles (os pais) citarem os pontos em que elas precisam melhorar, já terão criado uma base positiva para que se sintam capazes de acertar aquilo que não está adequado.
Qual seu objetivo com os seus filhos? Desencorajá-los, ou fortalecê-los e criar comportamentos positivos neles? Palavras negativas são desencorajadoras e destrutivas. Procure observar quais são as habilidades naturais de seus filhos e encorajá-los a tentar desenvolver aquelas que não possuem naturalmente.
Na correção, lembre-se de usar palavras que demonstrem que o problema é o comportamento do filho e não o filho em si, pois ele precisa se sentir amado e querido, e saber que existem limites a serem respeitados.
No seu processo educacional, você quer fortalecer ou abalar o estado emocional do seu filho? Cuidado para não descontar a pressão do seu dia a dia nele, usando de palavras grosseiras ou que o faça ficar para baixo. É preciso estimular o relacionamento com outras pessoas em vez de sempre criticar os outros. Também evite comparações entre irmãos, plantando semente de rivalidades entre eles e sentimento de superioridade ou inferioridade. Não reforce comportamentos negativos herdados ou construídos a partir da imagem de parentes ou amigos, com comparações destrutivas.
Seja elogiando seja criticando, mostre que eles podem contar com você tanto para os aplaudir como para os redirecionar nos diferentes momentos da vida. Evite frases que possam fazê-los lembrar do quanto você os fez se sentirem mal. Lembre-se de que: sua palavra tem poder espiritual e emocional, por isso, seja um profeta de coisas boas na vida dos seus filhos, parentes e amigos. Sempre que possível, aproveite para os abençoar e, assim, você também será abençoado, pois a palavra não volta para terra sem ter cumprido sua missão.
* Ângela Abdo é coordenadora do grupo de mães que oram pelos filhos da Paróquia São Camilo de Léllis (ES) e assessora no Estudo das Diretrizes para a RCC Nacional. É articulista do canal “Formação” do Portal Canção Nova (formacao.cancaonova.com) e autora do livro “Mães que oram pelos filhos” pela Editora Canção Nova.