Nunca é tarde para se conhecer de verdade e passar a se valorizar
8 de março é conhecido como o Dia Internacional da Mulher. É reconhecido pela Organização das Nações Unidas (ONU) desde 1975 e é uma data que destaca a importância da figura feminina na sociedade e também suas conquistas e direitos.
De início, cerca de 60 anos antes da sua oficialização, esta data esteve ligada à luta das mulheres operárias por seus direitos trabalhistas. Cerca de 15 mil mulheres americanas se reuniram para uma greve. Houve também na Rússia (1917) em que cerca de 90 mil mulheres trabalhadoras do setor de tecelagem se reuniram para protestar nas ruas.
Embora tenha se tornado uma data com forte apelo comercial, é um dia de luta pelo empoderamento feminino, equidade e respeito. Em muitos países, principalmente Brasil e EUA, é marcado por protestos organizados por mulheres em que as bandeiras mais levantadas são a igualdade salarial, a descriminalização do aborto, a política de combate à cobrança do feminicídio, entre outras questões urgentes de serem resolvidas. Não se trata de Feminismo.
É um dia que pode proporcionar a reflexão sobre a luta feminina dos seus direitos e também admirar a força das mulheres atuais diante dos desafios. As conquistas femininas acontecem de forma gradual e progressiva. É como se a mulher tivesse que ficar provando o tempo todo as suas capacidades e habilidades. Está mais que provado que em condições de igualdade e oportunidades que as mulheres tendem a se sobressair. (assim ocorreu quando começaram a prestar vestibulares e entraram em massa nas universidades, concursos públicos e até atualmente no ENEM).
O que é então o empoderamento feminino? De acordo com os dicionários, é definido como ato ou efeito de promover a conscientização e a tomada de poder de influência de uma pessoa ou grupo, a fim de impulsionar mudanças sociais, culturais, políticas e econômicas. É um termo que vem sendo utilizado há poucos anos nos debates sobre igualdade de gênero.
A cultura brasileira contribuiu com que a educação ocorresse dessa forma desigual, e as mulheres foram crescendo e aceitando isso como verdade, até quando começaram a questionar o que é do gênero e o que é da cultura. Quando pais conseguem ensinar o respeito em casa, é possível proteger gerações futuras.
O dia das mulheres, na verdade, é todo dia. E, sendo alguém de qualquer gênero, é possível colaborar com essa mudança por meio de algumas atitudes que podem promover esse empoderamento no dia a dia.
Partindo de mulher para mulher, ter mais empatia é um exercício que combate a rivalidade feminina, e ajuda a não expressar um olhar negativo às mulheres como um todo, evitando julgamentos injustos. Buscar conhecer outras perspectivas, outros vieses. E a história singular de cada uma, onde fica? Chega da ideia de inimigas.
Existe outro conceito talvez não tão conhecido, “sororidade” que é a união entre mulheres.
Apesar de o empoderamento feminino ser um movimento social ele também é um movimento interno. E, para que seja efetivo e cause uma mudança começando de dentro, a mulher tem que saber que o seu lugar é onde ela queira estar, ou seja, se é uma escolha ser dona de casa, médica, engenheira, caminhoneira, eletricista, psicóloga, isso a torna essa mulher empoderada, pois suas decisões foram baseadas em suas escolhas e no que considera ser melhor para sua realização pessoal.
Quando a sua autonomia, autoconhecimento e amor próprio encontram-se debilitados, as pessoas não conseguem cuidar de si mesmas. Como, então, se tornar alguém empoderada quando não se sente bem na própria pele, e desconhece suas qualidades, forças e talentos?
Ser empoderada é tomar as rédeas da vida, ser capaz de tomar decisões visando seu bem-estar e crescimento pessoal. Ser empoderada faz com que a mulher se afaste então dos que lhe causam mal, pois conseguirá identificar quem não lhe dá o valor. Ser empoderada significa recusar propostas de trabalhos abusivos, terminar relacionamentos tóxicos e doentios e manter distância de amizades e familiares aproveitadores sem que a culpa tome conta do seu ser.
Enfim, em consultório psicológico têm sido numerosos os casos de mulheres que chegam com o nível de empoderamento zero, destruídas emocionalmente por experiências de relações abusivas, ou mesmo mulheres que nunca nem ouviram falar nesse termo por conta de uma educação que sempre a diminuiu e a fez pensar que as suas escolhas teriam que ficar em último lugar. Mas, é possível se construir e se reconstruir, nunca é tarde! Mulheres, busquem seu empoderamento!
Ainda neste mesmo contexto, entrevistamos a atleta e futura educadora física, Carolina Valejo Luiz Pereira, para dar um depoimento sobre a autoestima das mulheres vivendo num meio em que muitas expectativas e padrões são, na verdade, falsos.
“Hoje em dia, com a expansão da rede social, as mulheres têm uma autocobrança delas, para se padronizar ao “corpo perfeito, unha perfeita, rosto perfeito, vida perfeita, etc.”, onde que, por detrás de tudo que a mídia passa, tem, na maioria das vezes, produções e preparações só para aquele momento.
As mulheres estão se baseando em coisas que, na verdade, não existem. Às vezes, a modelo escolhida tem até que se adaptar para ser modelo do produto, vou dar um exemplo bem básico, eu mesma…
Nós, como atletas, temos momentos (onde estamos mais gordinhas, onde estamos mais secas e fibradas, que seria bem perto de campeonatos). As famosas das redes sociais não expõem esse momento delas, só mostram a parte bonita. Aí que entra a falsa realidade, que para ela está lá. Ela usou de vários recursos, porém, mostra só a parte bonita.
Por que eu falei sobre isso?
Por que eu vivo nesse mundo e sei como é uma mulher se sentir inferior porque acha que não consegue.
Todo processo tem seu tempo, e as famosas das redes sociais passaram por esse tempo.
As mulheres são cobradas a terem um corpo, cabelo, vida, etc., baseado no que a rede social impõe, e isso realmente não é uma realidade, a realidade é que cada mulher tem sua beleza, cada mulher sua magia, cada mulher tem seu poder.
A mulher tem o poder de mudar o mundo porque somos luz, somos as verdadeiras mulheres maravilha”.
Maristela T. Lopes Ramos
Psicóloga -CRP: 06/136159
Tel. 19 98171-8591
R. Santa Gertrudes, 2063 – fundos
Atleta e futura educadora física
@carolvalejo