Por que açúcar não deve ser oferecido à criança menor de 2 anos?

Estratégia é o primeiro passo para a boa relação da criança com os doces

Muito se ouve falar sobre o consumo de açúcar na infância e sabe-se que ele não é recomendado para crianças menores de 2 anos e deve ser evitado o consumo em excesso por crianças maiores e também pelos adultos. Mas por que dessa restrição? Você já se perguntou ou perguntou a um profissional da saúde?
Vamos lá, a gente te explica: até 2 anos de idade, as crianças estão construindo seu organismo, inclusive a parte cerebral. Com 2 anos, a criança está com 80% dessa capacidade cerebral formada. A orientação de não oferecer o açúcar até 2 anos é para deixarmos esse desenvolvimento acontecer sem estímulos externos e com uma alimentação mais nutritiva possível. Desta maneira, teremos um organismo ainda mais forte, com menor suscetibilidade para doenças crônicas não transmissíveis na vida adulta, como diabetes mellitus, obesidade e doenças cardiovasculares e também para que as crianças gastem sua energia comendo alimentos que realmente farão diferença em seu desenvolvimento.
O sabor doce é inato ao paladar do ser humano e isso significa que essa preferência é natural, faz parte do ser humano e não necessita de aprendizagem como os demais sabores. Então, sempre caberá aos responsáveis pela criança orientar o consumo e a quantidade.
Não comer doce até os dois anos não vai garantir que essa criança não consuma doces em excesso a partir dos dois anos, porém, vai contribuir na condução de um bom paladar e vai, principalmente, ajudar no desenvolvimento da criança no momento presente de sua vida.
Não consumir doce até os 2 anos é o primeiro passo para sua boa relação com os doces, porém, não é o único e temos que pensar nos próximos passos: comer devagar, comer com atenção.
Da mesma maneira que ensinamos as crianças a comerem vegetais, precisamos ensinar nossas crianças a comerem doces, a comer de uma forma mais prazerosa, mais presente, desempenhando a melhor maneira para a satisfação e para o organismo.

A orientação é não consumir até os 2 anos de idade, certo nutri? Mas e depois?
A partir de 2 anos quando geralmente inicia-se essa experimentação do açúcar é quando efetivamente temos que ensinar as crianças a comerem devagar e a expandir o repertório delas de descobrimento de prazer, que não precisa ser necessariamente e exclusivamente por doces. Podemos ensinar nossas crianças a listar as coisas que elas gostam de fazer: brincar de bola, ver um filme, brincar com brinquedos de montar, tomar banho de bacia, e aí oferecer essa lista de novas possibilidades sempre que ela pedir um doce. Ela perceberá que existem outras formas de prazer.

O açúcar faz parte de uma infância normal e a criança pode se sentir inadequada dentro da possibilidade de não ser atendida por sua vontade de comer. Essa possibilidade pode gerar uma compulsão na infância e na vida adulta. Deste modo, o ideal é sempre buscarmos o equilíbrio.

Aline Lück
CRN3 67351/P
Amanda Castilho
CRN3 67067/P
Nutrição Infantil
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