Pornografia pode viciar; veja os sinais

Antigamente, sabemos que o acesso à pornografia se dava por meio de revistas e vídeo cassetes. Hoje, devido ao avanço da tecnologia, o acesso desse conteúdo está ao alcance de um clique e por qualquer um que tenha um smartphone ou um computador.

Segundo os sites de pornografia Pornhunt e Redtube, o Brasil ocupa o 9º lugar entre os países que mais acessam o conteúdo. Dos que acessam sites pornôs do país, 43% têm de 18 a 24 anos; 28% têm de 25 a 34 anos; e 33% são mulheres. Desses, 65% veem pornografia através do smartphone; 30% pelo computador; e 5% através do tablet.

A Psicóloga Patrícia Poletti afirma que precisamos entender, antes de falar no assunto, o que o termo pornografia significa. “A pornografia se caracteriza pela exploração comercial do erotismo. O erotismo está ligado ao desejo e ao amor e está ligado às manifestações culturais, e não ao comércio. Encontramos pinturas, esculturas que mostram cenas ligadas ao amor e ao erotismo, mas sem a conotação comercial da pornografia. A linha entre o erotismo e a pornografia é muito tênue e um tabu em muitas culturas, bem como em nossa sociedade. Sendo assim, encontramos registros do erotismo presente há séculos em nossas culturas através de manifestações artísticas datadas de séculos atrás. Mas, a pornografia tem sua aparição mais recente, datada do início do século XVIII, quando se começou a comercialização de romances e gravuras com esta temática”, informa.

O interesse e a curiosidade pela temática sexual é natural, e se espera que ocorra no início da puberdade, quando o adolescente passa a ter mudanças corporais e a se questionar sobre estes assuntos. “Daí de muitas crianças ou adolescentes serem pegos na escola com revistas pornográficas e atualmente pais encontrarem este conteúdo em seus celulares. Claro que esta curiosidade é normal, mas que precisa ser conversado com este adolescente sobre a importância do respeito ao outro, ao seu corpo e a privacidade”, ressalta a especialista.

De acordo com a profissional, em geral, as pessoas que assistem/veem pornografia pela curiosidade, por ser uma temática tão proibida em nossa sociedade, mas, isso não influi em sua vida pessoal. “Isso é normal, até o momento em que começar a prejudicar o relacionamento pessoal ou até a vida da pessoa. Quem vê pornografia, homens ou mulheres, está em busca de saciar uma curiosidade ou até ter um prazer, mas isso não quer dizer que ela tem um problema, ou está deixando de gostar do parceiro. Mas, a partir do momento que começar a atrapalhar ou que a pessoa precise da pornografia para ter prazer com o parceiro somente assim, aí sim precisa de ajuda”, indica ela.

Algumas pessoas que assistem pornografia, às vezes, acabam se perguntando se isso pode viciar. A Psicóloga explica que sim. “Ver pornografia ativa nosso centro de recompensa no cérebro; por isso, as pessoas sentem prazer quando assistem ou vêem algo com esta temática. Por essa razão, é preciso estar atento se você sempre precisar só da pornografia para sentir-se feliz, ou satisfeito ou para se ter prazer”, alerta.

Patrícia Poletti Psicóloga CRP: 06/85002 Medclin - 3872-1345 ou  9.9127-0383

Patrícia Poletti
Psicóloga
CRP: 06/85002
Medclin – 3872-1345 ou
9.9127-0383

Porém, Patrícia observa que não podemos especificar uma quantidade de tempo como sendo ‘normal’ assistir conteúdo pornô. “Sabemos que isto é uma atitude que tanto homens quanto mulheres têm igualmente e é normal enquanto não se tem prejuízos na vida da pessoa. A partir do momento que causa prejuízos seja no trabalho, na vida pessoal ou amorosa, já não é mais normal e a pessoa precisa de ajuda. É importante salientar que, se a pornografia é o centro de tudo que a pessoa faz, também é um problema”, esclarece ela.

“A pornografia só deve ser vista por adultos que já têm uma maturidade emocional e física para compreender esta temática e que não passa de uma fantasia. Crianças e adolescentes NUNCA devem ser expostas a este conteúdo, sendo isto crime previsto pelo Estatuto da Criança e do Adolescente, pois estes não têm maturidade psicológica para lidar com a temática e, além disso, irá influenciar negativamente na formação de suas personalidades, podendo causar depressão, baixa auto-estima e a inversão de valores”, adverte a Psicóloga.

Existem casais que fazem da pornografia um estímulo a mais na relação; em outros casos, isso pode prejudicar o relacionamento. A especialista explica: “tudo depende. Se os dois concordarem que é uma estratégia para ‘apimentar’ a relação, é permitido e saudável. Porém, para tudo no que diz respeito a vida amorosa, é preciso haver um respeito ao outro e que ambos concordem, senão, deixa de ser saudável e a relação pode se tornar cada vez mais frágil”, explica ela.

Segundo a Psicóloga, assim como qualquer dependência, o vício em pornografia precisa ser tratado para que a pessoa recupere sua vida de antigamente. “Isso é necessário para que ela recupere seu trabalho, tenha uma vida produtiva, estabeleça novos relacionamentos e tenha outros assuntos e preocupações presentes em sua vida”, finaliza ela.