Presidente do Hospital reúne Conselho de Saúde em busca de ajuda

Na manhã de quarta-feira, 18, o Presidente do Hospital Beneficente Santa Gertrudes (HBSG), Luiz César Pacheco, reuniu, no auditório das dependências da instituição, parte da Comissão do Conselho Municipal de Saúde. O intuito do representante do HBSG foi de explanar a situação financeira da entidade, que continua com sérias dificuldades, e estreitar laços para tentar sanar parte dos problemas que a direção vem enfrentando desde que assumiu a cadeira, há quase um ano.
Na ocasião, houve uma reunião que teve duração de aproximadamente duas horas, onde foram discutidos vários detalhes, números e possíveis alternativas.
Já no início, Pacheco começou a conversa através das seguintes palavras: “Reuni todos vocês hoje porque preciso de ideias de como salvar o nosso Hospital”.
O presidente ainda explicou onde foram aplicados os repasses que entraram no caixa, ainda esta semana, através da Prefeitura Municipal de Cosmópolis (R$ 344 mil referentes ao MAC e R$ 250 mil referentes à subvenção). “Quando nós pagamos os médicos e funcionários, se não estiver enganado, sobraram apenas R$ 600 para o restante das despesas. Temos uma lista do que pagar e comprar para poder manter o nosso hospital de portas abertas e que realmente é muito maior. Posso dizer que, aproximadamente, R$ 9 mil correspondem ao nosso gasto diário no HBSG. Nós, realmente, recebemos a parte da Prefeitura para cumprirmos com os salários dos médicos e funcionários, mas, hoje, estamos sem dinheiro para comprar uma folha de papel, material de limpeza, remédios e outras necessidades, como gaze e outros. Estamos aqui em busca de ideias”, explicou Pacheco em tom de desabafo.
César ainda comentou que assinou, na tarde de terça-feira, 17, o contrato votado em sessão extraordinária para dar continuidade ao repasse, mesmo após o vencimento do antigo, no dia 31 de dezembro. “O que eu estou dizendo para vocês é que R$ 250 mil da Prefeitura mais os R$ 344 mil do MAC, para o nosso Hospital, não são suficientes. Hoje, nosso Hospital está precisando de cerca de R$ 1,2 milhão para trabalhar com folga, com manutenção, energia e tudo que é necessário”.

Outros Convênios
“O repasse da UNIMED é atrelado a um empréstimo no Banco Santander e termina em Novembro deste ano. A Caixa Econômica Federal também desconta mais de R$ 22 mil dentro do repasse de R$ 344 mil do MAC, onde ele mesmo é o avalista. Outros convênios, como Bradesco e Petrobras, que são poucos, geram em torno de R$ 6 mil e são direcionados à manutenção, principalmente, do CEDIM, que necessita de material, filme, e outras necessidades, como lavanderia e cozinha”, explanou Pacheco.

A perda de credibilidade
“Infelizmente, toda essa situação difícil que o Hospital vem passando acarretou na perda de credibilidade com os próprios pacientes. Quem, por exemplo, possui convênio, prefere ir em outra instituição do que procurar o HBSG”, lamentou um dos sócios do Hospital, que esteve presente na reunião.
Faz falta
O Conselho Municipal reivindicou o Convênio Pró Santa Casa, que foi perdido nos últimos meses. “Esse dinheiro, por falta de apresentar um projeto, não veio mais, perdeu-se. Quando recebemos uma subvenção, todas as vezes, precisamos prestar contas de como estamos trabalhando. Sabemos que é muito difícil, mas não é hora de tentar reaver?”

CND
A Certidão Negativa de Débito é necessária para que mais repasses possam voltar ao Hospital, porém, esta também foi perdida.

Risco Eminente
“Nós temos estoques que não duram até domingo, dia 22 de janeiro, este fim de semana. Vamos ter a procura da população precisando ser medicada, não tem soro, não tem seringa, não tem material para oferecermos um atendimento digno para todos. Digo isso até para mim, como presidente – se eu precisar, vou passar dificuldade”, relatou o presidente.

O Conselho de Saúde
Uma das representantes do Conselho de Saúde voltou a reivindicar gestão por parte do Hospital. “Vejo que precisa ser revista a questão de gestão. As pessoas, para conseguirem achar um caminho, precisam de várias cabeças pensando, trazer os caminhos, ver onde dá para enxugar, onde não dá para errar mais, delegar quem vai fazer isso e aquilo. Gerenciar, ver, sabemos que é muito difícil, mas precisamos aprender a administrar o pouco que temos, além de delegar trabalho!”. A representante ainda conclui “Nós podemos ajudar você a fiscalizar os repasses públicos, principalmente, a verba que vem do SUS e da Prefeitura, são nossa fiscalização, mas, as outras não. As outras não podemos fiscalizar por serem particulares”.

Possíveis Erros
Conselho: “A atual direção realizou alguma denúncia?”
Presidente: “Para fazer uma denúncia, não sei se faço, os próprios sócios, ou a população, mas é o que queremos!”
Conselho: “Uma denúncia no próprio Ministério Público iria acarretar uma auditoria. O último balanço deve ser levado no Ministério Público e eles tomarão as medidas necessárias.”
Conselho: “É preciso formalizar algumas denúncias, já foi anunciado que desapareceu o livro de patrimônio e outros equívocos que aconteceram aqui dentro! Houve problemas, e alguém precisa pagar pelo que fez e não a população!”

Sugestãode um gestor
Pacheco solicitou um administrador da Prefeitura para fiscalizar o dinheiro que entra e sai da instituição. “Há alguns anos, uma Santa Casa devia R$ 6 milhões. Entrou lá um gestor que assumiu e conseguiu reerguer a Santa Casa. A Prefeitura dessa determinada cidade assumiu o PA (Pronto Atendimento) e colocou um gestor da própria prefeitura para acompanhar todo o trabalho. Até peço, por favor, venha um gestor da Prefeitura, eu arrumo uma sala para ele, que pode ficar aqui e administrar todo o dinheiro do hospital e as verbas para que possa caminhar melhor. A prefeitura paga o salário dessa pessoa aqui dentro do Hospital e ela fiscaliza, nos ajuda a resolver. Desta forma, poderão ver como estamos atendendo a popoulaçã dele [José Pivatto, prefeito], como, quando e onde está sendo usado o dinheiro”.
Preocupação e risco
O presidente ainda prevê o risco eminente da possibilidade de precisar fechar as portas novamente. “Na semana que vem, eu estou sendo sincero com vocês, eu não sei o que vou fazer! Sem medicamentos, tenho médicos e funcionários pagos, mas, não temos condições de atender a população, ou seja, temos o combustível do carro, mas nos faltam as rodas. Nosso advogado está trabalhando para o Hospital com o dinheiro do bolso e já me comunicou que não aguenta mais”, finalizou.