Principais doenças bucais em cães e formas de prevenção

A escovação dentária diária é a melhor maneira de prevenir as doenças bucais em cães

Os problemas na cavidade oral dos cães podem afetar diretamente em sua saúde e qualidade de vida. Cerca de 80% dos cães com mais de cinco anos de idade apresentam algum tipo de afecção oral. Portanto, os tutores devem ficar atentos a sinais como: mau hálito, corrimento nasal, perda de dentes, salivação excessiva, gengiva avermelhada ou com sangramento, dificuldade em se alimentar e inchaços abaixo dos olhos ou na boca.
As bactérias já existentes normalmente na microbiota da boca dos animais se desenvolvem formando a placa bacteriana. Se não houver uma higienização em um período de 48 horas, essa placa se adere ao dente e pode evoluir para alguma afecção oral, como o tártaro (que é a calcificação da placa). Se essa infecção por bactérias não for tratada, pode se espalhar pelo corpo, chegando a órgãos como coração e rins.
Entre as principais doenças orais em cães estão as lesões endodônticas, a gengivite, a doença periodontal, os dentes de leite persistentes e tumores.
As lesões endodônticas ocorrem a partir de fraturas nos dentes dos cães, que permitem a entrada de bactérias na parte interna do dente, causando lesões no osso, que pode se espalhar para outros órgãos. As fraturas são um problema comum, podendo ocorrer devido a mordida em alimentos ou objetos muito duros, em quedas ou brigas. A falta de hábito dos tutores de verificar a boca e os dentes dos cães pode retardar o diagnóstico de uma fratura dentária, agravando o quadro.
A gengivite consiste na inflamação da gengiva, e tem como causa principal o acúmulo da placa bacteriana entre a gengiva e o dente. Seus principais sinais incluem o mau hálito, gengiva vermelha, inchada e sensível, podendo até ter sangramentos e exposição de parte da raiz dos dentes. Cães com uma dieta a base de alimentos úmidos ou com muito carboidrato são mais propensos ao desenvolvimento excessivo de bactérias, portanto, uma forma de prevenção é o não fornecimento de restos de comida caseira.
Se a gengivite não for tratada, pode evoluir para a doença periodontal ou periodontite, onde ocorre a disseminação das bactérias dos dentes também para ligamentos, que mantêm os dentes e os ossos no lugar. O tecido da boca do animal começa a ser destruído e ocorre a perda de dentes e até mesmo fraturas nos ossos da mandíbula ou maxilar, devido ao enfraquecimento dos ossos. Em casos iniciais, uma limpeza realizada pelo médico veterinário ajuda na restauração da saúde bucal.
Outro possível problema bucal em cães é a persistência de dentes de leite ou decíduos, quando estes não caem e atrapalham o crescimento dos dentes permanentes. Este não é um problema que possa ser prevenido, mas se for diagnosticado podem ser feitas as extrações para permitir que a dentição permanente do animal se desenvolva de forma correta. Ocorre mais em cães de pequeno porte como Yorkshire, Pinscher, Maltês e Spitz alemão, e com a permanência dos dentes caninos.
Em animais mais idosos, existe ainda a possibilidade de desenvolvimento de tumores na cavidade oral. Quanto antes diagnosticados, melhor a chance de tratamento e recuperação.
A escovação dentária diária é a melhor maneira de prevenir as doenças bucais em cães. Já que a escovação dos dentes promove a desestabilização da placa bacteriana, evitando o seu desenvolvimento. Existem diversos modelos de escovas de dentes e pastas próprias para cães.
Outra forma de prevenção é fornecer a alimentação correta recomendada pelo veterinário, assim como levar o cão para consultas de rotina, onde será observada a cavidade oral, podendo ser feito o diagnóstico precoce de alguma afecção, antes que progrida para um estágio avançado.

Natalia Idalgo de Queiroz
Médica Veterinária
CRMV – SP 23.967