Procura por consertos de calçados dobrou com a crise

Na sapataria de Paulo Henrique de Aguiar Teixeira, mais conhecido como “Sapo”, a crise que afetou diversos comércios da cidade passa longe de seu comércio. Segundo Sapo, o conserto de calçados dobrou. “Aqui eu não tenho do que reclamar, aqui tem muito trabalho, tem vez que chego a sair daqui às 22 horas”.
Para Sapo, o aumento na procura pelo conserto de sapatos se dá devido à crise e aos altos valores dos produtos. “O pessoal começou a dar mais valor para aquilo que tem; ao invés de comprar um novo, começou a arrumar aquilo que tem”, esclarece.
Mas, nem sempre foi assim. Sapo relata que, no começo da sua nova profissão, passou por muitas dificuldades, pois, muitas vezes, muitos desistiam de seu serviço por não o conhecerem. “Eu pensei várias vezes em desistir, não tinha movimento, ninguém me conhecia como sapateiro. Só depois de um tempo, o pessoal começou a ganhar confiança e vir aqui”.

Estante da sapataria com calçados esquecidos e também para o conserto

Atualmente, o sapateiro tem diversos clientes não só em Cosmópolis, mas, também, em outras cidades da região, como Paulínia, Campinas, Holambra e Limeira.
Uma curiosidade que Sapo conta é que a maioria das reclamações dos valores para os serviços parte dos homens. “Eu já ouvi muitos homens falarem que compensa comprar um sapato novo do que pedir para arrumar, mas, depois de 15 minutos, o indivíduo volta aqui e pede para arrumar. Depois de ver o preço de um novo, compensa arrumar”.
Mas, além do crescimento no número de pedidos para conserto de sapatos, também houve o aumento do número de calçados esquecidos na loja.
O prazo de entrega/retirada dos calçados é de dois meses (60 dias), mas, muitos acabam deixando por mais de um ano no estabelecimento. “Eu costumo dizer que as pessoas não esquecem, e sim, largam, porque tem sapato aqui que eu não conserto, pois sei que as pessoas não vão vir buscar”.
Sapo conta que já tentou alguns meios para fazer com que as pessoas não se esqueçam de retirar, mas garante que todas as tentativas falharam. “Se eu ligo, eu vou gastar com telefone, sendo que as pessoas não vêm buscar; se eu for levar, eu perco tempo de horário de serviço e também corro o risco de chegar e a pessoa não poder me pegar”.
Como muitos não procuram saber de seus calçados, o sapateiro calcula que, anualmente, tem um prejuízo de R$6 mil.
Aqueles sapatos que já foram consertados e esquecidos pelo proprietário acabam sendo destinados às doações. “Eu costumo separar duas ou três vezes por ano 10 caixas grandes lotadas de sapatos e faço a doação. Nunca parei para contar, pois sei que nas caixas tenho muito prejuízo”.
Já os calçados esquecidos e não consertados são jogados fora. “É melhor eu jogar fora do que fazer e saber que as pessoas não vão vir buscar. Assim, eu gasto meu tempo arrumando aqueles que sei que vão vir buscar”.
Mesmo tendo prejuízos com os calçados esquecidos, Sapo trabalha com determinação e espera que a crise não chegue à sua sapataria.

Serviços:
‘Sapotaria’ Cosmópolis
Av. Ester, 741 – Centro – Cosmópolis
Whatsapp: (19) 99815-1091