Produtores de Orgânicos de Cosmópolis fazem sucesso de vendas em feira na Capital

É em um lugar chamado Sítio da Felicidade, no bairro Uirapuru, que os produtores de alimentos orgânicos, Inês Scarpa e Felipe Scarpa, levam mais saúde para as pessoas

Em um lugar chamado “Sítio da Felicidade”, dona Inês Scarpa decidiu realizar um sonho. Produzir alimentos livres de produtos químicos. E é desta forma que um local, a pouco mais de 10 km do perímetro urbano de Cosmópolis, no bairro rural conhecido como Uirapuru, se tornou referência de produção de produtos orgânicos até mesmo na Capital.  
O sítio tem maracujá, caqui e mangas Palmer e Haden, além de muitas outras frutas, hortaliças e vegetais. Nos primeiros dois anos, dona Inês deixou a terra descansar. Depois, começou a plantar mandioca. Foi, pouco a pouco, diversificando a produção e hoje trabalha com uma produção de maior escala.

Negócios
Felipe Scarpa é herdeiro de dona Inês e, apesar da formação em engenharia, não resistiu aos encantos e a qualidade de vida do campo, e migrou para os negócios da família. Felipe relembra a trajetória e o início da produção. “Com fregueses dos produtos em busca de mais saúde e por achar os alimentos mais saborosos, minha mãe começou a fazer um curso técnico de agropecuária, quando seu orientador comentou que a produção seria um sucesso no país e que teria muita procura. Ela apostou e está dando muito certo”, relembrou.

O Sítio da Felicidade
Há 30 anos, Inês e a família são proprietários do sítio e, aproximadamente, há 14, decidiram fazer do local um ambiente especializado em produtos orgânicos. A produção abrange, além de frutas, muitas verduras, hortaliças e até cereal, como o milho. Manga, maracujá, banana, acerola e até jabuticaba esbanjam vitalidade em toda extensão. As frutas, além do comércio em estado fresco, podem se tornar polpas congeladas em pequenas embalagens para suco e comercializadas, principalmente, para comércios alimentícios que revendem o suco natural, como lanchonetes e Café-bar.
Couve, milho, mandioca, gengibre, fruta-do-conde e até jambolão têm espaço no sítio. Um pequeno “berçário” das mudas e sementes dá continuidade na produção com qualidade.
Dona Inês e Felipe têm uma pequena equipe, mas, fazem grande sucesso com seus produtos na grande São Paulo, onde o consumo de alimentos naturais fica cada vez mais escasso devido aos dias corridos dos moradores que, por sua vez, acabam se alimentando de ‘fast food’ e outras refeições nada saudáveis. A rotina é árdua, mas, eles garantem valer a pena.

Onde encontrar?
As vendas dos produtores e feirantes acontecem no Parque da Água Branca, na metrópole, onde famílias que vivem agitadas na cidade ‘que não dorme’, procuram na feira alimentos que possam oferecer uma alimentação mais saudável e nutritiva para a família.
A feira acontece duas vezes por dia. A primeira logo pela manhã, às 5h30, e percorre até ao meio dia. A outra começa das 17h00 até às 21h. “Mas, é raro ter produtos para feira noturna, acaba muito rápido”, explica a produtora.
O local é um dos pontos mais antigos da cidade e tem ambiente calmo e familiar. “As famílias procuram pelos alimentos cedinho; já pela manhã, os produtos se esgotam. Alguns preferem que eu corte algumas frutas ao meio por morarem sozinhos e terem pouco consumo, e eu faço, facilito pra eles, embalo a outra metade e vendo também”.
Ela conta que atende todo tipo de público e que há clientes que se tornam muito próximos. Alguns deles já visitaram o local de produção e até piquenique com direito a ‘tour’ pelo sítio ela já organizou para os consumidores da capital.

Normas e certificações
Felipe explica que a produção orgânica obedece as normas rígidas de certificação que exigem, além da não utilização de agrotóxicos e drogas venenosas, cuidados elementares com a conservação e preservação de recursos naturais e condições adequadas de trabalho. “O controle é rígido, até cerca viva preciso manter, e se faltar em algum pedaço do sítio, preciso fazer. Também precisei construir um ambiente totalmente apto para seleção e tratamento dos ovos”.
O produtor revela que a procura por ovos orgânicos é enorme, e que seus clientes fazem questão de uma cartela bem ‘colorida’. Seus ovos são batizados como ‘ovos felizes’ pelo fato de serem produzidos no Sítio da Felicidade e por serem coloridos. A questão da cor corresponde aos ovos que têm coloração aproximada do azul e do verde e provém das ‘frangas verdes’, segundo dona Inês. Essas frangas, na verdade, possuem os pés esverdeados e, geralmente, produzem os ovos coloridos. “Quanto mais colorida a cartela de ovos, mais o cliente gosta, principalmente, os verdes. Se tiver só ovos alaranjados, eles reclamam”. 
As galinhas, no geral, são alimentadas com produtos naturais e isso inclui até cana-de-açúcar em fiapos, acerola e folhas de couve ao menos duas vezes ao dia. Inês explica que o próprio ecossistema colabora, e que as gramas que cercam os campos de produção mantêm pequenos insetos predadores das pragas que podem assolar os alimentos. A produtora e feirante visita o ‘Sítio da Felicidade’ às quintas e sextas e se organiza para as feiras semanais junto aos seus colaboradores. “Organização é fundamental”, afirma.

Aspecto
Felipe garante que, apesar de o aspecto dos produtos orgânicos não possuírem características tão grandes e viçosas como as trabalhadas com agrotóxicos e fertilizantes, é possível chegar muito próximo. “No início, quando começamos a preparar o solo da forma correta para orgânicos, pensamos que não ia dar certo. Não vingava. Mas, com o tempo, vimos que começou algo diferente acontecer, então, a vida surgiu. Costumo dizer que há algum milagre na terra que laboratório nenhum alcança! Atualmente, apesar de um pouco menores, os produtos orgânicos são assim por não possuírem nenhuma mutação tóxica. Contudo, com o solo cada vez melhor, mais preparado e cuidado, em breve, os produtos orgânicos competirão, além de um sabor muito melhor, com os produzidos com química”.

Trabalho reconhecido
Na cidade de Cosmópolis, Inês e Felipe Scarpa, produtores orgânicos, tiveram seu trabalho reconhecido e ganharam repercussão em rede nacional através do programa Globo Repórter, que relatou, através de uma matéria, a importância do consumo de alimentos saudáveis nos dias atuais.
Para Felipe, além de saúde, o trabalho com orgânicos se trata de qualidade de vida. “É viver bem, é poder ter contato direto com a natureza, é surreal!”.
Apesar de um comércio focado nas feiras da grande São Paulo neste momento, a família visa estreitar laços com comércio ao redor. “Pensamos no mercado próximo e em toda a região. Está nos nossos planos, em breve, inclusive, abrir o sítio para compra direto da terra. Uma experiência muito boa aos clientes, do contato e da certeza da procedência, além, é claro, visando sempre produtos de qualidade para a saúde!”, finaliza ele, que pontua: “É só uma questão de nós nos organizarmos. Quem sabe, em breve!”.

Repelente natural e os Feijões verdes

Felipe Scarpa conta que, no Sítio da Felicidade, até o repelente é natural. “Penduramos algumas garrafinhas plásticas com um pouco de suco natural de maracujá. Algumas moscas entram e acabam não sobrevivendo. A ideia não é exterminar, mas, controlar, de forma natural, para não se tornar uma praga contra os produtos orgânicos.
Felipe ainda brinca: “Nós sempre queremos viver em paz com elas, mas, para isso, precisamos atrair e matar algumas, só para mostrar de quem é o território (risos)”.

Ricos em nutrientes saudáveis. Os modestos feijões verdes têm muitas propriedades saudáveis. Têm poucos hidratos de carbono, fibras, minerais como potássio, fósforo, ferro, magnésio, cromo.
No Sítio da Felicidade, também existe o ‘queridinho’, contudo, a produção ainda não é em larga escala. “Temos os queridos feijõezinhos verdes por aqui, contudo, a produção ainda não alcança algo maior, o suficiente para vender em grandes quantidades. Logo, isso será possível!”