Produtos orgânicos ganham espaço no mercado

Na cidade de Cosmópolis, Inês Scarpa Carneiro é produtora orgânica e seu trabalho ganhou repercussão em rede nacional recentemente, através do programa Globo Repórter, que relatou, através de uma matéria, a importância do consumo de alimentos saudáveis nos dias atuais. É no ‘Sítio da Felicidade’, da Inês Scarpa, que acontecem a produção e os cuidados necessários com os alimentos.

A rotina de Inês é árdua, mas, ela relata valer a pena. Freguesa dos produtos em busca de mais saúde e por achar os alimentos mais saborosos, começou a fazer um curso técnico de agropecuária, quando seu orientador comentou que a produção seria um sucesso no país e que teria muita procura. “Eu apostei e está dando muito certo”, ela completa.

Dona Inês tem uma pequena equipe, mas, faz grande sucesso com seus produtos na grande São Paulo, onde o consumo de alimentos naturais fica cada vez mais escasso devido aos dias corridos dos moradores que, por sua vez, acabam se alimentando de ‘fastfood’ e outras refeições nada saudáveis.
As vendas da produtora e feirante acontecem no Parque da Água Branca, na metrópole, onde famílias que vivem agitadas na cidade que não dorme, procuram na feira alimentos que possam oferecer uma alimentação mais saudável e nutritiva para a família.

O local é um dos pontos mais antigos da cidade e tem ambiente calmo e familiar. “As famílias procuram pelos alimentos cedinho; já pela manhã, os alimentos se esgotam. Alguns preferem que eu corte algumas frutas ao meio por morarem sozinhos e terem pouco consumo, e eu faço, facilito pra eles, embalo a outra metade e vendo.”

Ela conta que atende todo tipo de público e que há clientes que se tornam muito próximos. Alguns deles já visitaram o local de produção e que até piquenique com direito a ‘tour’ pelo sítio ela já organizou para os consumidores da capital.

Onde encontrar?
A feira que dona Inês trabalha acontece duas vezes por dia. A primeira logo pela manhã, às 5h30, e percorre até ao meio dia. A outra começa das 17h00 até às 21h. “Mas, é raro ter produtos para feira noturna, acaba muito rápido”, explica a produtora.

Em Cosmópolis, não existem feirantes que façam esse tipo de comércio semanalmente. O agrônomo Elano explica: “A produção de orgânicos tem um custo maior e, como consequência, o valor final acaba saindo mais caro para o consumidor. A elite acaba consumindo quando, na verdade, todos deveriam ter acesso”.

Há 30 anos, Inês e a família são proprietários do sítio e, aproximadamente, há 14 decidiram fazer do local um ambiente especializado em produtos orgânicos. A produção abrange, além de frutas, muitas verduras, hortaliças e até cereal, como o milho. Manga, maracujá, banana, acerola e até jabuticaba esbanjam vitalidade em toda extensão. As frutas, além do comércio em estado fresco, podem se tornar polpas congeladas em pequenas embalagens para suco e comercializadas, principalmente, para comércios alimentícios que revendem o suco natural, como lanchonetes e Café-bar.
Couve, milho, mandioca, gengibre, fruta-do-conde e até jambolão têm espaço no sítio. Um pequeno “berçário” das mudas e sementes dá continuidade na produção com qualidade.

Normas e certificações
Dona Inês relata que a produção orgânica obedece as normas rígidas de certificação que exigem, além da não utilização de agrotóxicos e drogas venenosas, cuidados elementares com a conservação e preservação de recursos naturais e condições adequadas de trabalho: “O controle é rígido, até cerca viva preciso manter, e se faltar em algum pedaço do sítio, preciso fazer. Também precisei construir um ambiente totalmente apto para seleção e tratamento dos ovos”.

A produtora revela que a procura por ovos orgânicos é enorme, e que seus clientes fazem questão de uma cartela bem “colorida”. Seus ovos são batizados como “ovos felizes” pelo fato de serem produzidos no sítio da felicidade e por serem coloridos. A questão da cor corresponde aos ovos que têm coloração aproximada do azul e do verde e provém das “frangas verdes” segundo dona Inês. Essas frangas, na verdade, possuem os pés esverdeados e, geralmente, produzem os ovos coloridos. “Quanto mais colorida a cartela de ovos, mais o cliente gosta, principalmente, os verdes. Se tiver só ovos alaranjados, eles reclamam”.

As galinhas, num geral, são alimentadas com produtos naturais e isso inclui até cana de açúcar em fiapos, acerola e folhas de couve ao menos duas vezes ao dia. Inês explica que o próprio ecossistema colabora, e que as gramas que cercam os campos de produção mantêm pequenos insetos predadores das pragas que podem assolar os alimentos. A produtora e feirante visita o ‘Sítio da Felicidade’ às quintas e sextas e se organiza para as feiras semanais junto aos seus colaboradores. “organização é fundamental”.