A professora de História Marcela Cristina de Oliveira Morente, 33 anos, publicou, no dia 13 de novembro, o livro intitulado “Invadindo o Mundo Público – Movimentos de mulheres (1945- 1964)”, tese de seu mestrado, realizado entre os anos de 2012 e 2015. O tema da dissertação gira em torno de movimentos femininos e da perseguição governamental às mulheres da época.
A publicação, que foi feita pela editora Humanitas, da Universidade de São Paulo (USP), está recebendo grande atenção na região e promovendo convites para Marcela. “Fui chamada para conversar na Universidade Adventista de São Paulo (UNASP) e na CBN de Ribeirão Preto. É um tema que precisa ser colocado em pauta. Sempre acreditamos que, naquela época, as mulheres não passavam de meras mães e esposas submissas, mas, não foi bem assim. Fico feliz de estar sendo contatada para falar sobre isso”, conta a professora.
A ideia de trabalhar com a temática surgiu ainda no período de graduação. Marcela iniciou o curso de História, pela Universidade de São Paulo (USP), no ano de 2003, onde entrou em contato com a documentação de mulheres fichadas pelo Departamento de Ordem Política e Social (DOPS), entre os anos de 1930 e 1945. “Passei, então, a ter contato com a documentação dos grupos femininos fichados, no período de 1945 a 1964. Minha orientadora achou uma ótima ideia para tese de mestrado e, alguns anos após a graduação, iniciei as pesquisas”, explica Marcela.
Os movimentos estudados pela professora, por serem anteriores à chegada do feminismo no Brasil, não podem ser classificados como “feministas”. “Costumo chamá-los apenas de ‘movimentos femininos’, pois, apesar de terem como pauta a luta de mulheres, eles não visam apenas o direito delas, como igualdade de salário e no mercado de trabalho, mas, também pelo fim da inflação e contra o Exército Brasileiro que, na época, desejava mandar soldados para a guerra que estava prestes a acontecer, algo que as participantes desses grupos eram inteiramente contra”, afirma.
O livro discorre sobre grupos da época, como a Federação de Mulheres do Estado de São Paulo, que continha mais de 7500 participantes. Além disso, Marcela conta a história de ativistas que passaram a vida inteira sendo perseguidas pelo governo em decorrência da propagação de ideais de liberdade feminina e do comunismo.
“Para a polícia, a mulher era perigosa, pois, tinha o poder de seduzir e de levar, a partir da persuasão, os homens ao comunismo. Elas eram consideradas ameaças não só por serem comunistas, mas também por quebrarem padrões da época, pois, não eram donas de casas e esposas submissas. Isso, por si só, já era ruim para o governo”.
A professora tem planos de continuar suas pesquisas no campo de movimentos femininos para tese de doutorado. “Pretendo estudar um jornal da época chamado ‘Momento Feminino’, que foi de grande importância para a propagação de informações sobre as lutas que aquelas mulheres enfrentaram”, afirma.
O livro “Invadindo o Mundo Público – Movimentos de mulheres (1945 – 1964)” custa R$ 40,00. Interessados podem entrar em contato com a professora pelo e-mail marcelausp@yahoo.com.br.
Professora cosmopolense publica livro sobre movimentos femininos em tese de mestrado
28 de dezembro de 2017 Variedades
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