Profissão x maternidade: é possível conciliar?

Existem alguns direitos preservados para elas, entre eles, os exercícios domiciliares a partir do oitavo mês e durante três meses. Devemos orientá-las a buscá-los, pois, enquanto sociedade, o nosso papel é reforçar para as adolescentes
grávidas de nosso convívio sobre a importância de continuarem seus estudos, para garantir, desta forma, melhores condições para elas e, consequentemente, para o seu filho”

Carreira e vida materna nunca andaram de mãos dadas. Quando uma criança chega à vida de uma mulher, surte efeitos e mudanças que vão além do que qualquer um possa entender. No final, apesar de amar e desejar o melhor para o filho, a mãe abandona tudo que possa afastá-la de seu bem mais precioso.
E a escolha entre apenas cuidar do filho e cuidar do mesmo junto a uma carreira profissional passa longe de ser uma decisão simples. Quando opta pela segunda opção, deve estruturar-se psicologicamente e emocionalmente para lidar com o peso que essas duas áreas exigirão. “Ser mãe ou não ser mãe? Adiar ou abrir mão da vida profissional? A maioria das mulheres experimenta sentimentos de angústia, inquietações, ambivalência e ambiguidade perante essas escolhas e essas emoções repercutem em reações diversas”, comenta a psicóloga Maristela Ramos.
Para a especialista, uma mulher que renuncia (por conta da pressão social) a vida profissional para ocupar-se dos filhos, poderá fazê-lo com amargura e descontentamento, e quem pagará o maior preço por isso são os filhos (sentimentos de rejeição, falta de cuidados, maus tratos etc.), além de que esse preço também é muito custoso psiquicamente/emocionalmente para essa mãe (culpa, arrependimento, preconceitos, julgamentos).
Para amenizar tais sentimentos, a Coach Cleide Sampaio explica que é necessário, antes de qualquer ação, tomar a DECISÃO entre querer ou não iniciar ou dar continuidade a uma carreira, podendo englobar retorno ao mercado de trabalho ou aos estudos, algo que muitas deixam para último plano depois da gravidez. “Após avaliação dos pontos positivos e negativos, é importante saber que a decisão pode ser reconsiderada a qualquer momento. Neste caso, não existe um “PARA SEMPRE”, mesmo porque, só após ter esta experiência, a mãe conseguirá avaliar com mais critério a sua escolha”, explica.

Cleide ainda afirma que “tão importante quanto decidir, será planejar a sua nova rotina, resolvendo questões práticas como: com quem deixará o seu filho(a) enquanto estiver ausente, como será alimentação dele(a) neste período, principalmente se estiver sendo amamentado, definir quais pessoas serão seu ‘apoio’ caso ocorra imprevistos. Ter estas e algumas outras respostas que considerem importantes permitirá que as dificuldades iniciais sejam superadas com mais tranquilidade”.
Para as adolescentes que tornaram-se mães precocemente é comum que haja abandono dos estudos e, consequentemente, ingresso tardio no mercado de trabalho. Por via ascendente, esta camada ocupa cargos menos valorizados na sociedade, o que pode elevar, entre outros, o sentimento de arrependimento. “Para mudar este cenário, o apoio dos familiares é fundamental, pois, infelizmente, não há vagas em creches em número suficiente para atender à demanda, principalmente, nos grandes centros. Enquanto sociedade, devemos orientá-las a buscarem os direitos preservados para elas, entre eles, os exercícios domiciliares a partir do oitavo mês e durante três meses e reforçar sobre a importância de continuarem os estudos, para garantir melhores condições para si e, consequentemente, para o seu filho”, pondera Cleide.

Maristela Lopes Ramos
Psicóloga
CRP: 06/136159
R. Santo Rizzo, 643
Cel. (19) 98171 8591

Tudo relaciona-se a questão de tempo, disposição, desejo de cada mulher. “Os dois caminhos fazem parte da ilusão de investimento e satisfação da completude de uma mulher. A (in)decisão está no íntimo de cada uma”, conclui Maristela.