Com a chegada do verão, o cuidado com a exposição ao sol começa a se tornar cada vez maior pelas pessoas que cuidam da saúde. É comum ouvirmos sobre os cuidados com a pele nesta época, mas há diversos outros pontos que devem ser levados em consideração e que merecem certa atenção; um deles é o cuidado com os olhos.
“Luz é uma força que impulsiona a vida, desde a função mais básica de produzir energia celular até permitir processos altamente sofisticados em formas de vida inteligente. Esta luz é essencial ao funcionamento da visão, mas traz uma inesperada dicotomia ao olho, fornecendo, ao mesmo tempo, luz benéfica e prejudicial. Danos irreversíveis ao olho devido à exposição nociva à luz, que exacerba em nossa população atual cada vez mais idosa, se tornaram uma questão de saúde pública preocupante”, explica o oftalmologista Juarez Tavares dos Santos.
Juarez explica que a principal fonte de luz é o sol, emitindo luz ultravioleta (UV), luz azul-violeta prejudiciais e também a benéfica luz-turquesa. “A luz ultravioleta é um tipo de radiação eletromagnética com um comprimento de onda maior do que a dos raios X e menor do que o da luz visível, e tem ondas de 380-780 nm” .
“A luz do sol é composta por 5-10% de radiação UV (100-380nm). Cerca de 40% de radiação visível (380- 780nm) e 50-55% de radiação infravermelha. Elas são absorvidas ou transmitidas por sucessivas camadas do olho, modulando a luz que atinge a retina (fundo do olho).
Ondas UV são prejudiciais para a parte anterior do olho humano. No olho saudável de um adulto, nenhuma radiação UV atinge a retina de fato”, explica.
Existem 3 tipos de UV:
• UVC (100-280 nm) – são filtrados pela atmosfera;
• UVB (280-315 nm) – a maior parte é absorvida pela córnea;
• UVA (315-380 nm) – maior parte absorvida pelo cristalino.
“A luz visível atinge a retina em altas proporções. A diminuição da camada de ozônio e a entrada de raios UV na superfície da terra prejudicam a saúde. Segundo um relatório do programa das nações unidas para o meio ambiente (PNUMA), a cada 1% de perda da camada de ozônio, 100 mil novos casos de cegueira para catarata irão surgir em todo mundo”, esclarece.
A radiação UVB provoca mais danos à córnea e à conjuntiva. Já a radiação UVA, por atravessar mais facilmente a superfície da córnea, é responsável pelos danos no cristalino e na retina. “Numa criança até 10 anos, o cristalino filtra apenas 25% da radiação UV. Como o efeito é cumulativo, crianças sem proteção contra o sol aumentam em 60% suas chances de desenvolver catarata. As alterações relacionadas à absorção da radiação UV são causadas por efeitos químicos. Doses fortes de radiação única ou exposições intermitentes em pequenas doses podem produzir o mesmo efeito”, diz o especialista.
Sintomas e consequências:
Os principais sintomas são: coceira, lacrimejamento, edema palpebral e turvação visual. E as consequências são: fotoceratite, fotoconjuntivite, que provocam baixa visual intensa, aparecimento de pterígio, catarata, DMRI (Degeneração Macular Relacionada à Idade), tumores de pele e pinguécula.
“Todos, sem exceção, precisam se proteger. Principalmente, aqueles que estão mais expostos, como os que trabalham com atividades esportivas ao ar livre. Cuidados redobrados precisam os grupos considerados de risco, como pseudofácicos (operados de catarata), portadores de degeneração retiniana, pacientes com pterígio ou alterações corneanas”, alerta o médico Juarez.
Precauções:
Como meios de proteção, podem ser usados chapéus de abas largas, que podem reduzir pela metade a quantidade de radiação UV que entra nos olhos, e também o mais divulgado: o uso de óculos com filtro para UV. “Um bom filtro deve reter no mínimo 90% da radiação. O ideal é que as lentes protejam 100%” pondera.
Algumas dicas ao escolher os óculos de sol:
• Escolher bem o local onde comprar;
• Óculos bem adaptados ao rosto, não permitindo a passagem de luz pela lateral das lentes;
• Lentes melhores são de resina ou cristal;
• Observar se as lentes não distorcem as imagens;
• Importante pedir o certificado do filtro anti UV do fabricante;
• Para crianças, o ideal são lentes de policarbonato, inquebráveis, pois, evitarão acidentes;
• Evitar a compra de óculos de sol de procedência duvidosa.
“A ingestão de vegetais folhosos verdes, feijão verde, milho e gema de ovos ajuda a proteger os olhos porque estes contêm uma substância chamada luteína, que ajuda na filtragem da luz nociva ao olho”, conclui.