Pesquisas estimam que, a cada 22 mil gestações, uma é psicológica
Gravidez psicológica ou pseudociese é uma gestação imaginária em que, inclusive, acontecem no corpo dessa mulher a maioria das transformações esperadas no corpo de uma gestante real. Os sinais e sintomas são semelhantes os da gravidez, como, a ausência da menstruação, enjoos, aumento e sensibilidade dos seios, que podem até chegar a produzir leite, crescimento da barriga, ganho de peso, dores semelhantes às contrações e existem relatos de mulheres submetidas a cesariana. Porém, o teste de gravidez, principalmente, o que detecta o hormônio beta-hCG no sangue, será negativo. O exame de ultrassom detectará um útero vazio. Importante ressaltar que não se trata de uma invenção ou uma mentira da mulher. De fato, ela acredita estar grávida, assim como o seu corpo, já que produz até os hormônios típicos desse período como a prolactina e o estrógeno.
Acredita-se que não é possível identificar uma causa exata da gravidez psicológica, e sim, que existam razões físicas e psicológicas. As físicas podem ser cistos ou tumores ovarianos. Pode-se perceber também a forte ligação entre mente e corpo, o quanto o estado emocional de uma pessoa pode sim desencadear no corpo sintomas físicos reais. Existe até uma área da Psicologia que estuda sobre o fenômeno, a Psicossomática.
Na maioria dos casos, a gravidez psicológica ocorreu em mulheres que tinham um desejo intenso de serem mães, e de alguma forma o cérebro faz o corpo acreditar na gravidez enviando sinais hormonais para tanto. Passar por esse quadro não basta apenas querer muito engravidar, é preciso ter algumas tendências a transtornos psicológicos que suporte o delírio e a negação da realidade. Há casos que nem resultados negativos de testes e ultrassons vazios abalam a convicção. Também frustrações por não conseguir engravidar e pressões externas podem criar um grande desequilíbrio emocional culminando na pseudociese. Os sintomas podem durar desde algumas semanas a 9 meses, e em alguns casos podem durar anos.
Ocorrem com mais frequência em grupo de mulheres que passaram por algumas situações especiais como as que tiveram várias perdas de gestação, nas que possuem um quadro de infertilidade, as que perderam um filho e as que apresentam algum problema psicológico como, por exemplo, a depressão.
Pesquisas estimam que, a cada 22 mil gestações, uma é gravidez psicológica. Segundo os registros históricos, esse problema era mais comum no passado, pois as mulheres de algumas décadas eram criadas para serem mães, e com a expansão dos direitos femininos, os valores mudaram e a maternidade deixou de ser o principal objetivo de uma mulher. Talvez também por não haver a tecnologia dos exames de hoje, que podem acabar com as dúvidas. Um caso muito famoso foi o da primeira rainha da Inglaterra Maria Tudor, que por duas vezes declarou-se grávida e apresentou sinais de gestação, como o crescimento da barriga e das mamas. Houve até um falso trabalho de parto.
Interessante mencionar que assim como existe a gravidez psicológica também existe a gravidez silenciosa em que a mulher não identifica os sinais e sintomas e, muitas vezes, fica sabendo quando está no fim da gestação ou até na hora do parto.
Enfim, a gravidez psicológica é uma situação muito delicada. Não se trata necessariamente de um problema médico, e sim, psicológico. Essa situação não passa sozinha, pois é muito difícil encarar e lidar com a realidade de que não existe o bebê tão idealizado. O indicado é que depois de todos os exames médicos que descartam a gravidez, deve ser realizada uma avaliação psicológica e, por conseguinte, o início do tratamento usual, que é a psicoterapia, que é fundamental para que a mulher mobilize recursos próprios para lidar com seus conflitos. O médico também irá acompanhar, pois, muitas vezes, medicamentos para regularizar a menstruação, interromper a produção de leite e até, dependendo do caso, medicamentos psiquiátricos poderão ser necessários.