Rafaela Almeida

Nesta semana a GAZETA de COSMÓPOLIS entrevistou a administradora, empreendedora e realizadora de sonhos infantis Rafaela Almeida, que é dona de uma empresa familiar de decoração para festas infantis. Na entrevista, ela contou sobre o início da empresa e como ter uma filha mudou sua vida.

GAZETA de COSMÓPOLIS: Você é de Cosmópolis?
Rafaela Almeida: Tenho 35 anos e sou natural de Cosmópolis.

GAZETA: Qual a sua formação?
Rafaela: Eu tenho graduação em administração e fiz um pouco de direito, até o quarto ano, mas, precisei trancar a faculdade. Sempre trabalhei na área corporativa, fiscal e tributária. Depois que eu virei mãe, me vi na necessidade de dedicar 100% do meu tempo à minha filha.
Isso foi em 2013, tinha 31 anos, quando eu trabalhava na Votorantim. Me vi naquela necessidade de trabalhar fora, deixar a criança o dia inteiro, chegar em casa à noite e apenas dar boa noite para minha filha antes de dormir – era mais ou menos essa minha rotina.
Então, eu pesei um pouco isso e, em contrapartida, tive um acordo com a empresa, que estava passando por mudanças; possivelmente, teria que mudar para São Paulo, achei que isso não daria muito certo e resolvi sair.
A parte de festas é algo que já tínhamos há muito tempo. Minha família tem o costume de fazer muitas festas e comemorar todas as datas, dia dos pais, dia das mães, natal, aniversários e etc. Já era algo de família…
Com o passar do tempo, pelo fato de gostar de decoração, tanto de casa quanto de festa, foi o que me incentivou a procurar trabalhar com algo que eu gostasse e tivesse liberdade de agenda, que não tivesse que sair da cidade e tivesse tempo para cuidar da minha filha.
Quando ela completou um ano, decidimos abrir a empresa e, aos pouquinhos, fomos fazendo as festas dos parentes, amigos, amigos dos amigos e por aí vai até conseguirmos abrir um leque de mais de 200 clientes que atendemos.

GAZETA: Como funciona o negócio e de onde você busca essa inspiração?
Rafaela: Na verdade, começamos justamente na fase que o ramo de festa estava no processo de mudança, já não existia mais somente aquela mesa colocada com balõezinhos no fundo. Começou a tornar um negócio grandioso e muitas pessoas começaram a se interessar por isso. Usamos todas as ferramentas e mídias sociais para buscar inspirações, como, por exemplo, o Facebook, Instagram, que veio muito forte, Pinterest e afins. Então, começamos a buscar fornecedores. A localização ajudou, principalmente, porque estamos próximos a cidades muito grandes e importantes para o ramo.
Fomos acompanhando a tendência do mercado, já entramos com uma proposta diferente. Prezamos nos detalhes, como, por exemplo, fazer uma mesa com louças, não mais com bandejas de madeira, com painéis de tecido, não mais com lona, arcos trabalhados de balão, doces decorados e por aí vai. Então, começamos a buscar parceiros nessa área.
Participando de feiras, amostras e encontros de expositores, nós buscamos todo tipo de informação para fazer o negócio crescer.

GAZETA: Por que você acredita que o público infantil é maioria?
Rafaela: Nosso foco mesmo é a festa infantil. Depois que você vira mãe, acaba entendendo mais desse universo. Então, tem os amigos dos filhos, os amigos que tiveram filhos e acaba mergulhando nesse universo. E a festa infantil proporciona uma série de temas e abre um leque muito maior que o clássico. Já fizemos outros tipos de festas, mas, o foco maior é em temas, decorações e doces infantis. Fico feliz de nossos parceiros serem de Cosmópolis.
O infantil enche nossos olhos, onde podemos demonstrar nossa criatividade. Hoje, conseguimos criar temas através de artesanatos, doces e lembrancinhas. Isso é o que nos estimula a continuar buscando as diferenças. Mesmo em festas do mesmo tema, buscamos sempre criar novas coisas. Sempre digo que cada festa é única e especial, sempre conseguimos dar um toque diferente.

GAZETA: Até quantos anos você acha que a mãe deve fazer festa para um(a) filho(a)?
Rafaela: Eu sou suspeita para falar, porque, para a minha, eu pretendo fazer até os 15 anos. Mas, a festa com maior idade que fizemos foi 12 anos. Acredito que até essa idade as crianças fazem festa, mas os temas começam a mudar. Por exemplo, esses dias, fizemos uma festa na piscina e foi uma festa temática nesse sentido.

GAZETA: Em quantos vocês são?
Rafaela: Nossa equipe fixa é de cinco pessoas. Trabalhamos em família: eu, meu esposo, minha irmã e dois primos que ajudam na parte de criação e montagem.

GAZETA: E vocês tiveram um sucesso rápido, a que você atribui isso?
Rafaela: Eu acredito que foi justamente o fato de buscarmos a inovação. Se olhar a festa quando começamos e hoje, dá para notar que são festas totalmente diferentes.
Eu procuro estar no meio de pessoas que seguem as tendências. Estou sempre em contato com decoradores das cidades da região e isso me proporciona uma abertura de temas. Além disso, participamos de exposições e encontros de fornecedores da área, isso também é importante.
Estar no meio de floristas importantes, por exemplo, é uma forma de envolver seu nome em trabalhos conhecidos. Quando você referencia esses profissionais na sua festa, isso também dá um leque de conhecimento na região.
Frequentemente, recebemos pedidos de pessoas que nos buscam através de nossos parceiros.
Acredito que dar créditos aos parceiros, investir em divulgação e garantir um bom trabalho e novidades são o que tem nos feito ficar conhecidos na região. Se precisar ir para Campinas buscar uma peça que irá fazer toda a diferença na minha decoração, com certeza, irei.
Eu busco peças diferentes, inspirações diferentes e formas de me reinventar para não cair na monotonia.

GAZETA: O que estar em meio de crianças influencia em você?
Rafaela: Acho que a forma lúdica de ver as coisas. Eu tenho uma criança em casa que me surpreende a cada dia. Ela vive no universo de festas, não tem como fugir disso; então, ela começa a fazer o cronograma das próprias festas.
A forma que as crianças têm olhado as festas de aniversário hoje é o que nos motiva. Não é mais uma festa para o adulto ver, como muitas pessoas acreditam, mas sim, do próprio gosto da criança. Inclusive, têm muitas crianças que até ajudam a compor a decoração.
Acredito que a criatividade floresce quando vejo a capacidade das crianças de transformação a cada dia. Isso me faz seguir essa tendência. Se a criança se renova e transforma a cada dia, não posso ser diferente.

GAZETA: No meio de tanta festa e responsabilidade, como você faz para administrar a educação da sua filha com as festanças por aí?
Rafaela: Na verdade, eu me dedico 100% do período da manhã para ela, pois, à tarde, ela está na escola. Então, procuro marcar tudo que preciso no período que ela não está comigo, porque tudo isso é cansativo. Para não expor ao mesmo desgaste, procuro fazer isso no período que ela está na escola. Já no fim de semana, eu conto com a ajuda dos avós.
Mas, mesmo assim, busco não deixá-la muito sozinha. Engraçado que ela até entende quando eu estarei em casa ou não.
É incrível porque ela também participa bastante das ideias, até me dá alguns feedbacks quando eu mostro as fotos das festas que realizei, ela gosta disso. Acredito que, possivelmente, no futuro, ela será minha sucessora ou parceira.

GAZETA: Gostaria que você nos contasse um sonho de criança e um sonho que tem hoje.
Rafaela: Não tenho nenhum sonho de criança material. Mas, algo que sempre quis é isso, trabalhar com aquilo que me dá prazer, ter uma família formada, me dedicar a ela, ter união e apoio dentro de casa e de toda a família.
Ver outras pessoas se influenciando por um sonho que era só meu. Quando sinto que posso ensinar algo para alguém, acredito que isso é especial. O maior sonho é ver minha família estruturada e apoiando meu sonho.
Acredito que ainda tenho o sonho de ver o crescimento da empresa, ainda somos uma formiga no ramo; continuar buscando novidades e ver isso se concretizando.