Raiva em animais tem alta taxa de mortalidade

Vírus acomete os mamíferos e atinge o sistema nervoso central

Natalia Idalgo de Queiroz
Médica Veterinária
CRMV – SP 23.967

O mês de agosto é conhecido por alguns como o “mês do cachorro louco” e esta expressão tem origem devido ao aumento dos casos de raiva canina neste mês. Já que supostamente há um aumento de cadelas no cio durante esta passagem do inverno para a primavera, o que faz com que os cães machos briguem mais entre si para acasalar e, caso estejam contaminados com o vírus da raiva, há a proliferação do vírus. Os cães contaminados ficam espumando pela boca devido a dificuldade de engolir a saliva e isso contribui para que eles ganhem a fama de loucos.

A raiva é uma zoonose com alta taxa de mortalidade tanto para os animais quanto para os humanos. No caso dos humanos, apenas cerca de cinco pessoas sobreviveram a esta doença no mundo, sendo duas delas aqui no Brasil, mas ficaram com graves sequelas.

O vírus acomete os mamíferos e atinge o sistema nervoso central.
A transmissão do vírus ocorre pela saliva de animais infectados, principalmente por mordidas, arranhaduras e lambeduras desses animais na pele ou mucosas. Esse vírus entra em contato com o sistema nervoso periférico, no local da mordida, e começa a se espalhar até chegar ao cérebro. Depois, ele vai para as glândulas salivares e pela saliva pode ser transmitido a outros animais. Nos cães e gatos, a eliminação do vírus pela saliva ocorre de 2 a 5 dias antes do aparecimento dos sintomas e persiste durante toda a evolução da doença. A morte do animal geralmente ocorre entre 5 a 7 dias após a apresentação dos sintomas.

É importante saber que a raiva apresenta três ciclos de transmissão. O ciclo urbano é representado principalmente por cães e gatos. O ciclo rural é representado por animais de produção, como bovinos, equinos, suínos e caprinos. E o ciclo silvestre que é representado por raposas, guaxinins, primatas e principalmente morcegos.

Vacinar os animais é a melhor forma de prevenção

Os principais sintomas nos animais são: dificuldade para engolir, salivação abundante, mudança de comportamento, aversão à água, alteração do latido, convulsões, incoordenação motora e paralisia de membros traseiros. No caso dos morcegos devido a mudança de hábitos, estes podem ser encontrados durante o dia e em locais não habituais.

Portanto, caso apareça algum morcego em sua casa ou trabalho, não coloque a mão nele, ligue para o serviço de zoonoses da cidade.

As principais formas de prevenção da raiva nos cães e gatos consistem em levá-los para serem vacinados anualmente com a vacina antirrábica, a partir dos quatro meses de idade, e não deixar animais soltos na rua, usando sempre coleira e guia no cão ao sair. Não há tratamento para a raiva em animais, portanto, devemos prevenir.

Caso você seja agredido por um animal e mesmo que este esteja vacinado contra a raiva, lave imediatamente o local com água e sabão, isso muitas vezes já impede a entrada do vírus no organismo. Depois, procure o serviço de saúde mais próximo. Caso o animal seja observável, deve ficar 10 dias em observação, e caso fique doente ou morra neste período, deve-se procurar imediatamente o serviço de saúde novamente. Existem vacinas e soros próprios que devem ser utilizados em alguns casos e no período certo, portanto, não deixe de procurar o serviço de saúde.