Redes Sociais na preparação para o ENEM: Aliado ou inimigo dos estudantes?

Especialistas explicam o cenário e dão dicas para uma boa assertividade

Com as provas do ENEM se aproximando, muitos estudantes enfrentam um dilema que vai além das questões do exame: como equilibrar o uso das redes sociais com a preparação para um dos vestibulares mais importantes do país? Enquanto o uso das redes pode ser uma ferramenta poderosa para facilitar o aprendizado e o acesso a informações, ele também pode se tornar uma grande distração.

As plataformas digitais podem ser fontes valiosas de conteúdo educativo, mas também são ambientes onde a procrastinação encontra um terreno fértil. A pergunta que surge é: como os estudantes podem transformar as redes sociais em aliadas, sem que se tornem um obstáculo para o sucesso no ENEM?

Nos últimos anos, a presença de conteúdos educativos nas redes sociais cresceu exponencialmente. Professores e influenciadores digitais têm utilizado essas plataformas para compartilhar dicas de estudo, resumos de matérias e até simulados para o ENEM.

“O TikTok, por exemplo, não é mais apenas uma plataforma de entretenimento. Muitos criadores de conteúdo estão aproveitando a brevidade dos vídeos para ensinar técnicas de memorização, resolver questões de matemática e até revisar temas de redação de maneira rápida e eficiente”, afirma Eduardo Furlan Miranda, professor do curso de Análise e Desenvolvimento de Sistemas da Faculdade Anhanguera, professor do curso de Análise e Desenvolvimento de Sistemas da Faculdade Anhanguera.

No Instagram, páginas focadas em vestibulares compartilham cronogramas de estudos, frases motivacionais e histórias de estudantes que obtiveram sucesso no exame, ajudando a manter o foco e a disciplina. No YouTube, canais educativos oferecem videoaulas completas, resoluções detalhadas de exercícios e estratégias para lidar com o nervosismo no dia da prova.

Embora as redes sociais ofereçam diversas vantagens, o uso excessivo e descontrolado pode se transformar em um grande obstáculo na preparação para o ENEM. Pesquisas recentes mostram que passar muito tempo nas plataformas digitais afeta diretamente a capacidade de concentração, além de aumentar os níveis de ansiedade e a procrastinação.

De acordo com o centro de pesquisa Pew, 63% dos adolescentes não impõem limites para o uso de smartphones, e 60% fazem o mesmo com as redes sociais. Entre os jovens, 38% afirmam que passam tempo demais no celular, enquanto 25% reconhecem passar longas horas nas redes. Além disso, 39% acreditam que deveriam reduzir o uso dessas plataformas.

Thiago Hoffmann, coordenador do curso de Psicologia da Faculdade Anhanguera, destaca que a natureza viciante das redes sociais pode prejudicar a rotina de estudos. “por meio de reforços positivos, as redes sociais são projetadas para capturar nossa atenção constantemente, o que pode reduzir drasticamente o tempo de estudo produtivo. Quando o estudante se vê imerso em um ciclo de rolar o feed, acaba perdendo a noção do tempo e da importância de manter uma rotina organizada”, explica.

O psicólogo ressalta que a dopamina, também conhecida como hormônio da felicidade, é liberado durante o uso das redes sociais, provoca uma sensação de prazer que muitas vezes substitui a gratificação a longo prazo, como o sucesso no ENEM. “A sensação de prazer momentâneo se sobrepõe às atividades mais complexas e de longo prazo, que nem sempre estão relacionadas ao prazer, como os estudos.”

O equilíbrio é a chave para transformar as redes sociais em aliadas na preparação para o ENEM. Confira algumas dicas para evitar a distração e maximizar o potencial das plataformas digitais:

Defina objetivos: Tenha em mente seu objetivo de vida, seja a instituição ou curso que deseja fazer. Procure saber previamente quais são os conteúdos mais importantes para a realização das provas.

Estabeleça limites de tempo: Utilize ferramentas que bloqueiam o acesso às redes sociais durante o tempo de estudo, como aplicativos de foco. Defina horários específicos para verificar suas redes, evitando que elas interfiram na concentração.

Siga páginas educativas: Direcione seu uso para conteúdos relevantes ao ENEM. Siga perfis que ofereçam dicas, videoaulas, revisões e resoluções de questões. Isso garante que o tempo gasto online esteja sempre ligado ao seu objetivo.

Participe de grupos de estudos virtuais: Muitas redes possuem grupos focados na troca de materiais e resolução de dúvidas. Participe de comunidades que estejam voltadas para o estudo em grupo, onde você pode compartilhar conhecimento e tirar dúvidas.

Crie conteúdo: Uma das melhores formas de consolidar o que você aprendeu é ensinar. Use suas próprias redes sociais para compartilhar resumos, dicas e até resolver questões. Isso não só ajuda a fixar o conteúdo, como também motiva outros estudantes.

Desligue as notificações: Durante o período de estudo, desligue as notificações do celular para evitar distrações desnecessárias. Um simples alerta de mensagem pode tirar o foco e fazer com que o tempo de estudo perca qualidade.

Além de afetar o desempenho acadêmico, o uso excessivo das redes sociais pode impactar negativamente a saúde mental dos estudantes. Comparações constantes com outros colegas, ansiedade por resultados e a pressão para ter sucesso podem intensificar o estresse.

Vale a pena ressaltar como alguns canais de comunicação direta como “WhatsApp e Telegram” atuam na mesma forma, podendo ter maiores impactos que as redes sociais, visto que nestes app´s temos a interferência direta do “outro”. “As constantemente comparações de rotinas e resultados nas redes sociais pode aumentar a ansiedade do aluno, gerando uma pressão desnecessária que afeta a autoconfiança e pode prejudicar o desempenho nas provas,” finaliza Thiago.