Comemorando a vida e lembrando dos que já se foram, o mês de novembro traz à tona questões emocionais profundas, como o medo de envelhecer, a importância dos laços familiares e a busca por ressignificação na terceira idade
Novembro: mês de muitos feriados e mês de aniversário da cidade de Cosmópolis (30), e quando se trata de comemorar mais um ano de vida, para uma pessoa pode ter um significado psicológico importante.
As tradições familiares dessas comemorações de aniversário fortalecem laços, criam memórias afetivas, estabelecem e melhoram as relações sociais, marcam a passagem do tempo e relembram as experiências vividas.
Para as crianças, comemorar aniversário pode trazer a sensação de serem importantes e amadas, além de desenvolver o senso de pertencimento e o valor para a constituição da autoestima.
Essa data comemorativa pode intensificar as emoções e algumas pessoas podem ficar fragilizadas por estarem ficando mais velhas.
Existe até um medo patológico de envelhecer que é uma fobia nomeada: gerascofobia, que pode levar a pensamentos e comportamentos irracionais como uma exagerada preocupação em esconder os sinais de envelhecimento, fixação na saúde/doença/morte, e realização de procedimentos estéticos exagerados. Há também outros sintomas advindos das crises de ansiedade.
Atualmente esse medo de envelhecer é acentuado pela mídia e a sociedade que valoriza o novo, a rapidez, a beleza, a mudança e a individualidade, contrário do idoso que é visto e percebido como lento, rígido e dependente e que a idade limite deles já chegou, quando se trata de realizações pessoais.
Seguindo além, este mês lembra também os finados, que é lembrar e ser grato aos entes que se foram, que morreram. A morte é o pior dos medos humanos por ser o fim de tudo que se acredita possuir. É difícil aceitar a finitude, que tudo tem um fim nesse mundo, é um sentimento inerente/inato, ou seja, é considerado da própria genética humana, pois desde os primórdios da evolução esse medo ajudava na sobrevivência. Mas pensar em finitude também é pensar em como se deseja viver a vida, é ter a consciência de que o amanhã pode não chegar e que não se tem o controle sobre tudo. Essa reflexão pode ajudar nas escolhas, no tempo que se usa, permitindo os ajustes e mudanças na vida.
Retornando ao envelhecimento, este traz inúmeras transformações físicas e psicológicas como desinteresse pelas coisas, pelos outros e até por si mesmo. Podem se isolar e ocasionar a solidão e a depressão. O envelhecer pode trazer também a perda da identidade corporal por conta dessas mudanças na aparência, e pode passar a ser percebido apenas pelas limitações, começa realmente a acreditar que não pode “mais nada”.
O corpo envelhece, mas os sentimentos não. Os desejos de realizações e conquistas podem até serem abandonados por perda de perspectiva de vida, mas eles ficam apenas adormecidos. É observado que o idoso enquanto mantém-se ativo, trabalhando ou se dedicando a algo, sentindo-se útil, sua saúde física e psicológica consegue se manter em um nível saudável. Muitos quando se aposentam, ou por outros motivos, acabam só ficando em casa, vão tendo essa sensação de inutilidade, acabam por adoecer e até falecer precocemente.
Diante disso, o trabalho do psicólogo pode contribuir orientando familiares, acolhendo o idoso, possibilitando a ressignificação de alguns modos de enxergar essa fase da vida como: nas transformações físicas, na adesão ao tratamento médico e medicamentoso, na importância de conhecer e expressar suas emoções, no espaço para recordar lembranças passadas e no resgate da sua história de vida.