Relação de madrastas e enteados

Alguns tentam até evitar o termo madrasta e incluem tia, mãe postiça, mãe do coração, boadrasta...

“E para as madrastas que não ganharem presente no dia das mães não devem ficar tristes. Pois a madrasta também tem o seu dia”

Uma família “tradicional” é instituída por mãe, pai e filhos. Um dos papéis mais delicados nas famílias provavelmente é o da madrasta, pois esse papel ficou muito estigmatizado e sem definições claras. “Madrasta”, a própria palavra vem carregada de preconceito. Logo vêm as perguntas aos enteados: “vocês se dão bem?, ela gosta de você?, você gosta dela?”. Alguns tentam até evitar o termo madrasta e incluem tia, mãe postiça, mãe do coração, boadrasta.
Desde crianças, se aprende que madrastas são pessoas ruins, más, incapazes de sentimentos, de afeto e muito cruéis com os filhos de relacionamentos anteriores do companheiro. Isso acontece, principalmente, por conta da literatura (Branca de Neve, Cinderela, Vasilisa) que abordam de forma gritante a madrasta má, nunca uma madrasta boa. Nessas versões clássicas, o pai confia cegamente na madrasta, e as filhas heroínas só conseguem se libertar quando buscam forças ou poderes e as derrotam.
Algumas definições sobre a função ou papel de uma madrasta o diferenciam de mãe. Ser madrasta não é, portanto, ser mãe, nem tampouco competir com a mãe ou tentar tomar o seu lugar. Ser madrasta é ter amor e cuidado por um filho de um companheiro que se está vivendo junto. O filho/enteado(a) é do companheiro/marido e a maioria dos filhos está ressentida pela separação dos pais. Existem também os filhos de maridos viúvos, em que os filhos estão lidando com a perda da mãe. Às vezes, a madrasta vai ser chata como os pais, mas, medindo as palavras para dar uma bronca que os pais poderiam dar sem pensar duas vezes. Muitas vezes, vem a frase: “você não é minha mãe!”.
Ser madrasta acontece quando uma mulher decide assumir compromisso com um homem que tem filhos de outro relacionamento entrando em um núcleo que já existia anteriormente a sua presença, portanto ela não faz parte dessa história (ainda). Se os enteados forem ainda crianças, talvez tenha que desempenhar funções maternas. Enteados adultos a relação deve ser de adulto para adulto, sem esquecer que, para um pai, filhos serão sempre “crianças”. O pai pode auxiliar com atitudes para que entre eles haja uma relação amistosa. É importante incentivar o vínculo, pois ela, a madrasta, faz parte da nova realidade da vida da criança. Deve deixar claro aos filhos que essa mulher é o seu amor, e que não necessariamente tenha que ser o amor deles. O respeito entre eles é o mais importante. A aproximação necessita acontecer aos poucos, dando tempo a cada um conhecer o outro e descobrirem o seu espaço. Com disposição, sempre é possível construir relações harmônicas, de amorosidade, respeito, aconchego e limites.
(Não há um manual de como agir nesses papéis, essas são apenas pontuações ou sugestões visando uma boa convivência quando se fala de relacionamentos.)

 Maristela T. Lopes Ramos CRP 06/136159 Rua Santo Rizzo, n°643 (19) 98171-8591

Não dá para exigir ser amada ou até ser chamada de mãe. Deixar acontecer naturalmente, se o filho(a) sentir o coração tocado dessa forma. E se não, isso não significa necessariamente que o(a) enteado(a) não a ame ou não lhe retribua alguma forma de afeto.
Ser madrasta é então contestar o estereótipo de mulher má, os modelos apresentados pela Disney, pois existem pessoas más sim, mas existem também as boas, essas têm amor e são capazes de amar independente dos laços e vínculos familiares. Generalizar nesse caso é um erro. Não há porque se admirar quando se depara com madrastas e enteados que se respeitam e gostam um da companhia do outro. Há de se quebrar esse estereótipo, esse paradigma.
E para as madrastas que não ganharem presente no dia das mães não devem ficar tristes. Pois a madrasta também tem o seu dia. A Associação das Madrastas e Enteados escolheu o primeiro domingo de setembro para comemorar e honrar essas mulheres que ajudam a criar e educar as crianças sem terem laços biológicos. A data ainda não é oficial, mas há um projeto de lei. Há sim de haver uma data para comemorar o papel importante das madrastas nas famílias atuais.
Feliz Dia das Mães! Feliz Dia das Madrastas!