Relacionamento abusivo: o que é agressão psicológica?

Comportamento, muitas vezes, é sútil, colocando até a própria vítima nessa dúvida sobre estar ou não em uma relação abusiva

Ao tocar nesse tema de relacionamentos abusivos é necessário, em primeiro lugar, deixar claro que podem ocorrer

Maristela T. Lopes Ramos
Psicóloga
CRP: 06/136159
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Rua Santa Gertrudes, 2063 – fundos

com homens e mulheres, em relações homossexuais ou heterossexuais e em todos os tipos de relações, como de amizades, amorosas, sociais, familiares e de trabalho.
Relação abusiva é o mesmo que relação tóxica e é toda relação em que ocorre algum tipo de agressão. Fica claro para as pessoas que uma relação onde haja agressão física ou sexual é abusiva. Resta, então, a maioria dos relacionamentos abusivos, aqueles que envolvem o tipo do abuso ou agressão que quase ninguém vê: o psicológico. Ele é a grande razão das pessoas viverem uma relação abusiva sem ao menos saber disso. As pessoas têm dificuldade em diferenciar essas atitudes abusivas das que são consideradas “normais”.
A agressão psicológica, que também pode ser nomeada por abuso emocional, é, muitas vezes, sútil, colocando até a própria vítima nessa dúvida sobre estar ou não em uma relação abusiva. Essa relação não começa já de cara com abusos.
O início é um grande teatro, a pessoa mostra-se muito boa, gentil, atenciosa, prestativa, enfim, muitas qualidades. E, em se tratando de relações amorosas, que é o foco maior nessa matéria, esse parceiro(a) será a alma gêmea, o príncipe ou princesa encantada. A atenção e o sexo são fantásticos. É quase impossível não se apaixonar, ou pensar, “não posso perder essa pessoa”. A pessoa fica o tempo todo marcando presença na sua rotina, é a fase chamada de “bombardeio de amor”. Mas essa fase não dura para sempre, porque essa pessoa é um personagem que espelha os seus gostos e expectativas, ela aprendeu a ler o que as pessoas buscam nas outras, seus pontos fracos, suas carências, e vai se utilizar disso para a conquista. Assim que a pessoa tiver a segurança que te conquistou, o personagem irá sair de cena.
Vai entrar em cena uma pessoa que irá criticar em você tudo aquilo que elogiava no início. Vai te destratar, mentir, trair, te deixar no “vácuo” ou silêncio quando você questionar os seus comportamentos, vai negar descaradamente, vai te culpar por tudo, nunca vai se responsabilizar por nada, nunca vai estar satisfeito com mais nada que você faça. Essa pessoa muda assustadoramente, na verdade ela não muda, sua máscara vai caindo deixando ver quem é na realidade.
O abusador vai, aos poucos, fazendo com que o outro se sinta um nada. Essa agressão, em muitos casos, nunca ocorre em público, apenas quem convive intimamente é que conhece essas agressões. E se contar para as pessoas de fora, muitos nem irão acreditar, porque, para a sociedade, a imagem que as pessoas conhecem é aquela por trás da máscara.
Quem são, então, esses abusadores? Por que agem assim? Muitas vezes, podem haver abusadores que não possuem a dimensão da maldade que estão causando na vítima. Nesse caso, estão reproduzindo um padrão de comportamento aprendido na educação que tiveram, na convivência que tiveram com os seus cuidadores na infância. Mas, em outros casos, sabem muito bem o que estão fazendo e sentem prazer em abusar, prazer em subjulgar, de ter o poder sobre o outro. Pode ser que, no primeiro caso, possa até haver um tratamento, que a pessoa reconheça ser abusivo e queira mudar seu jeito de agir, mas quando o caso se trata de um transtorno de personalidade, o caso é muito mais complicado.
Se envolver com um(a) abusador(ora), a princípio, é, na maioria das vezes, inevitável, por conta de toda aquela fase de bombardeamento como mencionado, e até por conta de uma carência, até momentânea, que faz a pessoa se envolver sem muito perceber o que está “levando para casa”.
Mas, para manter essa relação, vai além dessa carência; muitas vezes, é uma pessoa que, por conta de suas experiências em relações, desde sua infância, não tem muito a noção do que é ser cuidado ou amado. Chega, então, alguém dizendo que está fazendo isso (cuidando e amando), e a pessoa acredita. Se ela não tiver um parâmetro, uma referência do que é um amor saudável, ela pode achar que isso é amor.
A pessoa que, de certa forma, se mantém em uma relação abusiva, tem uma autoestima muito baixa. Então, ela depende desse outro para saber se ela está bem ou não, ou seja, ela depende do outro para validar suas decisões, ações. No início da relação, é justamente essa validação ou valorização que o abusador proporciona à vítima; logo mais, a situação inverte.